É advogada quase há duas décadas, uma carreira que abraçou com vocação e paixão. Acaba de abrir um luxuoso escritório de advogados no centro de Lisboa com o objetivo da internacionalização, sem esquecer o seu papel de mãe de duas filhas de 9 e 15 anos, o mais importante da sua vida.

Licenciou-se em Direito na Universidade Católica, em Lisboa, em 1994. Como tem sido o seu percurso profissional?

Depois de ter terminado o curso trabalhei numa empresa como jurista, tendo, depois, feito o estágio, e, três anos depois, inscrevi-me na Ordem dos Advogados. Comecei logo a advogar na zona centro, onde abri o meu primeiro escritório, em Pombal.

Nos últimos anos tem trabalhado em Leiria?

Abri um escritório em Leiria há três anos, já com uma estrutura maior, e ultimamente sentimos necessidade de abrir um escritório em Lisboa, projeto que se foi consolidando e avançamos agora com o objetivo da internacionalização do escritório RBA, Redinha, Barata &Associados, Sociedade de Advogados RL.

Está vocacionada para que mercados?

Temos tido contactos com Moçambique e Angola, sobretudo porque um dos nossos associados, advogado de origem angolana, como tem dupla nacionalidade, está inscrito na Ordem dos Advogados em Portugal, tem feito a ponte entre Portugal e os países africanos.

E onde mora?

Moro em Leiria mas também tenho casa em Lisboa. Como tenho duas filhas, uma com 15 anos e outra com nove, que estão a estudar em Leiria, não posso deixar de as amparar nesta altura. A mais velha, hoje, não está na festa de inauguração do escritório, porque está na Golegã num concurso de equitação. Ela é uma apaixonada pelos saltos de cavalos, atividade que concilia muito bem com as aulas do 11º ano.

Quantos advogados tem o seu escritório?

Somos seis advogados, para além do pessoal administrativo. A ideia é crescer e, por isso, estamos a pensar contratar até final do ano mais duas ou três pessoas.

Ouvir alguém dizer que vai crescer e admitir pessoas é uma raridade... Parabéns pela coragem!

Vamos fazer um crescimento cauteloso e sustentado porque os tempos a isso aconselham. No entanto, a minha experiência profissional, faz para o ano 20 anos que acabei o curso, é o meu espaldar de apoio...

Gosta do que faz?

Adoro o que faço, e, quando nós gostamos do que fazemos, normalmente fazemos melhor! O meu pai é juiz e desde pequena que eu dizia que não queira ser juiz, mas sim advogada. Nunca quis ser outra coisa!

Consegue conciliar um trabalho em Lisboa com outro em Leiria e duas filhas?

É difícil. Com a agravante de o pai das minha filhas ter morrido já há uns anos... Claro que tenho um bom apoio em casa de uma pessoa que está comigo há 16 anos, e que fica com as crianças sempre que eu preciso, e ainda conto com o apoio do meu pai e de uma tia aposentada que é muito disponível para nos ajudar.

Gostava de se mudar para Lisboa?

Não tenho esse objetivo. Posso estar em Lisboa o tempo que for necessário, mas não gostaria de me mudar para cá. Obviamente se, com o tempo, isso for absolutamente indispensável, poderei pensar nessa hipótese. Se bem que hoje não há distâncias!

O que a distrai e entretém?

Adoro ler e viajar. São os meus dois grandes prazeres. E levo sempre as minhas filhas comigo para o estrangeiro, sou incapaz de viajar sem elas. Aprendem imenso, divertem-se, é muito bom para elas. Se eu não as levar, não me divirto nada...

Divertem-se a viajar o que é muito bom.

Uma vez levei-as para a República Dominicana e reparamos que entre os mais de 200 portugueses dessa viagem, ninguém levava os filhos. A minha filha mais velha quando constatou isso disse-me uma frase que eu nunca mais esqueci: “Aqui é que se vê quem gosta dos filhos!” E aquilo marcou-me.

Onde gostaria de chegar?

Não aspiro muito mais do que aquilo que tenho. Em termos profissionais, sinto-me realizada. Gostava de continuar a fazer o que tenho feito até agora e de fazer sempre bem e de poder continuar a viver da advocacia com a mesma dignidade para poder dar uma boa educação às minhas filhas.

E em temos pessoais, qual é o seu maior sonho?

Que as minhas filhas sejam boas pessoas e, mais tarde, boas profissionais. O meu objetivo é dar-lhes uma ferramenta de trabalho, porque isso ninguém lhes tira!

Está preocupada com o futuro do país?

Muito. Estou preocupada com o futuro do país e com o futuro das minhas filhas. Mas estou sobretudo preocupada com a falta de esperança. Se eu visse que esta crise era momentânea, não estava tão preocupada, mas como a crise não tem fim à vista, estou apreensiva. É como dizia o imperador romano: “Aquele povo ao fundo da Ibéria que não se governa nem se deixa governar.”

Assusta não haver solução?

Esse é que é o problema. Como costumo dizer aos meus clientes: “Não se preocupem demasiado com os vossos problemas”, e aconselho-os a entregarem-se nas mãos de quem os possa ajudar a revolver os problemas. Porque, quando se resolve um problema, logo a seguir vem outro. E a seguir outro... A vida é mesmo assim!

É uma boa estratégia...

O segredo da minha vida é esse: nunca me preocupar demasiado com os problemas, porque quando resolvo um, vem logo outro, e, por isso, estou sempre tranquila. 

Com o país é igual?

A crise é geral: É económica, social e financeira mas é acima de tudo uma crise de valores. E até ideológica. Se reparar, não há ideias: tudo o que os partidos dizem é igual... E isto é muito preocupante!

Os políticos perderam a credibilidade...

É verdade e é um pouco como os advogados que reivindicam para a classe um prestígio que deixaram perder e com os políticos é a mesma coisa.

É bem disposta?

Sempre. E acredite que já me aconteceram coisas na vida que faria outra pessoa andar sempre a chorar e a lamentar-se, mas eu não tenho essa perspetiva. Estou sempre bem disposta e bem com a vida.

Qual é o seu lema na vida?

Fraco não é o que cai é o que não sabe levantar-se porque a vida é saber começar de novo: parte um pé, tem de fazer fisioterapia e começar a andar; divorcia-se, tem de aprender a viver sozinha; começa um relacionamento, tem de começar tudo de novo. A vida é isso. Por isso tenho sempre uma visão otimista da vida!