Apesar da representatividade das mulheres nos cargos de direção continuar a aumentar a nível mundial, o número de mulheres que presidem os conselhos de administração permanece baixo. Em Portugal, apenas 13% dos cargos de direção das empresas são ocupados por mulheres e apenas 2% dos conselhos de administração são presididos por profissionais do género feminino, de acordo com a 5ª edição do estudo “Women in the Boardroom: A Global Perspective” da Deloitte. A nível global, as mulheres ocupam 15% dos cargos de administração e apenas 4% presidem o conselho de administração.

O estudo, que analisa os esforços realizados em mais de 60 países para promover a diversidade de género nos conselhos de administração, identifica uma correlação direta entre a liderança feminina, que inclui as funções de CEO (Chief Executive Officer) e de presidente do conselho de administração, e o número de mulheres com cargos de administração.
“Este estudo revela uma importante tendência: um maior número de mulheres a liderar o conselho de administração traduz-se numa maior diversidade de género. Nas organizações lideradas por mulheres, o número de cargos de direção ocupados pelo género feminino quase duplica”, afirma Dan Konigsburg, Managing Director do Center for Corporate Governance da Deloitte. “Ainda assim, a percentagem de mulheres a assumir cargos de liderança de topo continua a ser muito reduzida, com apenas 4% das posições de CEO e de presidente do conselho de administração a serem ocupadas por mulheres, a nível global.”

Relativamente a Portugal, João Costa da Silva, Center for Corporate Governance Lead Partner da Deloitte Portugal, explica que “apesar de as mulheres representarem mais de metade do total da população e de se graduarem em maior número do que os homens, ainda são poucas as que ocupam cargos de alta direção nas empresas nacionais. No entanto, é importante realçar que Portugal está a progredir na promoção da igualdade de género nos quadros de direção das empresas. No mês passado foi promulgada a lei que estabelece a criação de quotas de género nas administrações de empresas do setor empresarial do Estado e nas empresas cotadas em Bolsa, a partir do próximo ano.”

Principais conclusões do estudo “Women in the Boardroom”:

Progresso desigual nos países da região da EMEA
- A Noruega, o primeiro país da Europa a introduzir quotas de género, regista a percentagem mais elevada de mulheres em cargos de direção (42%). Neste país, 7% dos conselhos de administração são liderados por mulheres.
- No Reino Unido, apesar de não existirem quotas mínimas de género, 20% dos cargos de direção e 3% dos cargos de presidência são ocupados por mulheres.
- Em Itália, a percentagem de cargos de direção ocupados por mulheres aumentou para 28%. No entanto, o número de mulheres na liderança do conselho de administração caiu 14 pontos percentuais desde 2015, fixando-se agora nos 9%.

Falta de diversidade de género na região das Américas
- Nos Estado Unidos da América, 14% dos cargos de direção são ocupados por mulheres, o que representa um aumento de dois pontos percentuais face aos valores registados em 2015. No entanto, a percentagem de conselhos de administração liderados por mulheres não progrediu, permanecendo abaixo dos 4%.
- No Canadá, as mulheres estão representadas em 18% dos cargos de direção, um aumento de 5% face a 2015. Contudo, a percentagem de conselhos de administração presididos por mulheres caiu dos 6% para os 5%.
- Na América Latina e do Sul, apenas 7% dos cargos de direção são ocupados por mulheres e apenas 2% dos conselhos de administração são liderados por profissionais do género feminino.

Diversidade em ascensão na Australásia
- Apesar de não existirem quotas de género relativamente ao número de mulheres em cargos de direção na Austrália, os números continuam a melhorar. A percentagem de cargos ocupados por mulheres na direção é atualmente de 20% e a percentagem de conselhos liderados pelo género feminino é de 5%.
- A Nova Zelândia registou o crescimento mais forte desde 2015. O número de mulheres em cargos de direção aumentou para os 28%, um crescimento de 10 pontos percentuais. O número de mulheres na liderança dos conselhos de administração aumentou para os 11%, um crescimento de 6 pontos percentuais. Ásia Pacífico mais distante face a outras regiões
- Com apenas 8%, a diversidade em algumas das principais economias da Ásia é a mais baixa quando comparada com outras regiões do mundo. Apenas um pequeno grupo de países da região possui quotas ou outras abordagens para endereçar esta questão.