Para os bancos calcularem a taxa de juro de um empréstimo têm de ter em consideração duas componentes:

  • EURIBOR –  O valor da taxa de juro de referência à qual os Bancos e Instituições Financeiras se financiam é conhecido.
  • SPREAD – E a margem que o credor avalia como necessária para suportar o risco de emprestar dinheiro.

Ao longo dos últimos anos temos assistido a notícias que deixam muito animados os portugueses com crédito habitação. O valor de referência da EURIBOR nunca esteve tão baixo. Se a taxa de referência para os Bancos está em valores mínimos é normal que venha a refletir no consumidor final, ou seja, nos particulares com créditos habitação. O que é especialmente relevante, pois a prestação do crédito habitação está, geralmente, indexada à Euribor a 3, 6 ou 12 meses. Desta forma, uma vez que o Spread é algo que normalmente está acordado até ao final da vida do contrato, o que faz alterar a prestação do crédito habitação é a variação da Euribor.

Não é positivo a taxa de juro estar tão baixa?

Pensando no curto prazo ficamos contentes com estas notícias pois o facto de ver a prestação do crédito habitação baixar é algo importante para todos. Mas o problema vai ser quando a Euribor voltar a subir. Será que estamos preparados para tal? O aumento da EURIBOR vai refletir-se na prestação do crédito habitação e para isso temos de estar preparados.

Estamos numa época em que começa a estar de volta novos contratos de crédito habitação. Durante os últimos anos os Bancos pareciam estar mais “tímidos” na concessão de crédito, mas agora essa tendência parece estar a terminar.

Os SPREADS estão muito elevados

Quem está a contratar novos créditos habitação está a fixar spreads na ordem dos 4%, 5%, 6%, quando antigamente falávamos de spreads próximos do valor zero (algo que nunca mais vai acontecer). Quem assume hoje um crédito habitação faz as contas à prestação acordada e ajusta a sua vida a essa nova prestação no seu orçamento familiar. Pensam que conseguem pagar aquele valor face ao que ganham hoje e ficam descansadas. Mas será que estamos preparados para quando a prestação for quase o dobro devido ao aumento da EURIBOR?

O importante, mais uma vez, é o sentido de responsabilidade do crédito. Devemos analisar uma série de fatores antes de nos decidirmos pela compra de uma casa. Em última análise, perceber se a nova prestação é comportada no nosso orçamento familiar. É importante atuar com cautela e pensar a longo prazo. O facto de hoje ser possível pagar aquela prestação não nos deve descansar, pois se ela está indexada à EURIBOR pode vir a subir a qualquer momento.

Comprar ou arrendar casa?

Estando indeciso quanto à compra ou quanto ao arrendamento, sugerimos que leia com atenção o artigo “comprar ou arrendar casa” onde poderá ver os argumentos contra e os argumentos a favor de cada opção. De notar, ainda, que para analisar as diferentes alternativas temos de ter em atenção uma série de custos, entre as quais as comissões bancárias que importa reduzir ao máximo.

João Raposo