Durante este mês de julho foram conhecidos os dados do INE referentes à composição do Orçamento das famílias portuguesas. Algumas das conclusões seriam de esperar, mas outras devem levar-nos a refletir sobre a composição das nossas despesas. Uma das principais conclusões é que os gastos essenciais representam 60% do total das despesas.

E no seu caso? Quanto são as despesas essenciais? E quais são essas despesas?

Distribuição das despesas

O Orçamento Familiar tem de ser uma ferramenta que nos ajuda a saber onde pára o dinheiro e cada qual deverá adaptar o orçamento à sua realidade. No entanto, parece-nos importante que tenha em atenção que distinguir despesas como “fixas” e “variáveis” pode não ser o mais indicado para tirar conclusões do nosso orçamento. Repare que pode ter despesas que se repetem todos os meses e que não têm a importância do pagamento da renda, por exemplo. O que nos parece importante é que saiba quanto representam as suas despesas essências. Isto é, aquelas despesas sem as quais não poderia viver.

Conforme demonstram os estudos do INE, as despesas essenciais são a grande fatia do orçamento (superior a 60%) e, inclusivamente, foram também estas as despesas que aumentaram mais nos últimos anos. Em média, os portugueses gastam pouco mais de 1.000€ nas despesas essenciais (casa, água, luz, gás, alimentação, transportes).

Conhecer as despesas para conseguir poupar

O primeiro passo para conseguir reduzir as despesas é, evidentemente, conhecer todas as despesas em detalhe. Se não se faz um Orçamento não se tem ideia exata das despesas. E se assim é, quando percebemos que temos de reduzir de alguma forma os nossos gastos, começamos a cortar sem critério, podendo mesmo vir a sofrer com esse processo. Infelizmente, assistimos a casos de portugueses que sentiam que tinham de cortar em algum tipo de alimentação porque não podiam falhar com os compromissos assumidos com os credores.

Ao conhecer as nossas contas, ficamos com uma noção da distribuição do nosso dinheiro. Desta forma podemos definir prioridades para reduzir encargos sem ter de ser um processo de “cortar tudo a direito”. Com planeamento, e talvez com a ajuda de algum especialista, vamos cumprindo com os objetivos a que nos propomos.

É possível poupar com os créditos

Os contratos de crédito forma estabelecidos com determinadas condições e, regra geral, serão essas as condições que se mantém até ao término do mesmo. Mas o que muitos portugueses ainda não sabem é que é possível negociar esses contratos. Não só é possível, como em muitos casos é o mais desejável.

Quando inicia um processo de negociação de créditos deve ter em vista a poupança. Não faz sentido estar a alterar condições de crédito e aumentar o endividamento. Por exemplo, quando faz um crédito consolidado deverá fazer pelo montante exatamente igual ao que está a consolidar. Isto é, não faz sentido nestas circunstâncias estar a contratar um crédito consolidado e ainda uma liquidez adicional. Da mesma forma que não faz sentido estar a negociar uma carência de capital no seu contrato de crédito habitação e aproveitar essa redução de prestação para ter melhores que condições que lhe permitam endividar-se com outro credor.

É possível poupar nos seguros

Sim, também é possível poupar nos seguros. A concorrência está maior do que nunca. As companhias de seguros estão a procurar quota de mercado, especialmente depois de algumas terem sido compradas por entidades estrangeiras. Onde vemos que existe mais espaço (a par de muito desconhecimento) é com o seguro de vida do crédito habitação. Sim, é possível mudar e sim pode não existir agravamento do spread. E mesmo que aconteça, a poupança irá justificar o agravamento. Pode assim poupar muito dinheiro e sem grande esforço.

Ao longo dos anos que a Reorganiza tem atuado já vimos de tudo e é verdade que há pessoas que estão sempre a procurar mais crédito, mas isso é a exceção. Na esmagadora maioria dos casos, quem nos procura é porque quer ser responsável pela reorganização da sai vida financeira e perceber que precisa de ajuda para negociar com os credores e para encontrar no mercado as melhores condições. O que temos percebido é que além da importância de ter um Orçamento, é essencial manter o foco na redução das despesas e que isso não tem de ser um processo difícil. Com tempo e um bom acompanhamento é possível reduzir os gastos sem qualquer sofrimento!