Chama-se “querida” e nenhum apelido lhe podia assentar melhor. Esta inglesa, que começou a leccionar em 1997 depois de ter estudado francês na universidade e de ter trabalhado na Polónia, China, Sri Lanka e Reino Unido, é de uma simpatia contagiante e de uma doçura rara. Fala da sua escola de Cascais com enorme entusiasmo e gosta tanto de Portugal que não pensa deixar o país. Prova disso é ter o único filho, de seis anos, a estudar numa escola portuguesa.

Chegou a Portugal há oito anos com o objetivo de ter a sua própria escola de inglês?

Realmente não. Cheguei a Portugal com o meu marido para trabalhar no British Council em Cascais, mas de facto, em 2006, o instituto britânico de Cascais fechou e o meu contrato terminou. Só depois é que decidi abrir a minha escola.

Abriu logo aqui nestas instalações no Centro de Cascais?

Sim. É uma localização privilegiada, fica próximo da estação dos comboios, mesmo ao lado da Loja das Meias. Em 2006 começámos por ocupar o primeiro piso e neste momento já temos três andares. Este ano ficámos também com o terceiro andar que tem uma vista fantástica para o Jardim Visconde da Luz.

Todos os anos aumenta o número de alunos?

Exatamente. Tem sido fantástico.

Quais são as idades dos seus alunos?

Temos três tipos de cursos: o das crianças, entre os 5 anos até ao quarto ano da escolaridade; o dos jovens, entre os 11 e os 16 anos, e os que têm 17 e 18 anos já integram as turmas de adultos. As aulas para os mais crescidos são de manhã e ao fim da tarde, em horário pós-laboral. E também temos professores nas empresas para os alunos não terem de se deslocar.

Quantos alunos tem neste momento na escola?

Cerca de 200 alunos e 10 professores de língua materna inglesa. E temos um professor português que ensina português aos estrangeiros. Os pais preferem que os filhos aprendam com professores ingleses. Os alunos têm duas aulas por semana de uma hora e meia cada e são totalmente dadas em inglês.

O próximo objetivo é ocupar o prédio todo?

Está quase. Já ocupamos praticamente o prédio todo. Gostamos que os nossos alunos tenham espaço e se sintam confortáveis na escola. E os professores também, claro. As nossas turmas em média não ultrapassam a meia dúzia de alunos o que permite aos alunos falarem muito mais com os professores.

Numa altura em que toda a gente se queixa, ver uma empresa a crescer é muito bom sinal.

Sem dúvida. Estamos muito satisfeitos com os resultados.

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Tem filhos?

Tenho um filho com seis anos com quem falamos inglês em casa mas frequenta uma escola portuguesa aqui em Cascais e fala corretamente português. O mais curioso é que os amigos do meu filho são quase todos portugueses.

Já não tenciona sair de Portugal?

Não. O nosso projeto de vida é ficar aqui até porque a escola não podia estar a correr melhor. Temos o melhor feed back das pessoas e dos pais o que me deixa muito feliz.

Os vossos alunos também melhoram o desempenho a inglês nos colégios que frequentam?

De uma maneira geral são bons alunos a inglês, o que nos deixa a todos muito orgulhosos do nosso trabalho.

Passa muito tempo na escola?

O dia todo. Estamos abertos das nove às 21 e 30 horas.

Tem algum hobby?

Adoro praia e vou não só às praias de Cascais e Guincho, mas também à Praia Grande e a Sesimbra. E não resisto aos restaurantes.

Já se habituou à comida portuguesa?

Completamente. Não resisto ao peixe. E até a minha família que mora em Inglaterra e vem a Cascais três ou quatro vezes por ano, já se rendeu à comida portuguesa.

A maior prova da sua adaptação a Portugal é ter o filho numa escola portuguesa.

O que proporciona também muita qualidade de vida porque a escola fica mesmo ao lado da nossa casa e podemos ir a pé. Por outro lado, já tem muitos amigos em Cascais e isso é muito importante para a integração dele.

O que gosta mais nos portugueses?

Conheço muitas pessoas de Cascais ou porque têm os filhos na escola ou porque estudam aqui e tenho muito boa relação com toda a gente. Acho os portugueses muito simpáticos e interessantes.

E em Portugal?

A comida e o tempo, mas as praias e o sol também são magníficos. Gosto de ir à praia até no inverno, quando não há muitas pessoas. Adoro passear, jogar à bola com o meu filho, e correr na areia. Também conheço bem o Norte de Portugal e as pessoas lá são encantadoras.

Como imagina que vai ser o seu futuro em Portugal?

É difícil dizer, mas, a avaliar pela forma como as coisas têm corrido, acho que a escola, que ainda é uma criança, vai crescer mais e isso é muito motivador. Também gosto muito de trabalhar com os professores, a parte pedagógica é muito enriquecedora.

O seu marido também dá aulas na escola?

Não. Ele trabalha em Lisboa. A escola é só minha.

Os estrangeiros que vêm aqui aprender português acabam de chegar a Portugal?

Normalmente sim. São pessoas que vêm trabalhar para Portugal a convite das empresas um ou dois anos, e não sabem uma palavra de português. Alguns têm aulas aqui mas a maioria prefere ter aulas em casa, e também podemos dar aulas individuais na escola com um horário bastante flexível. Podemos começar às oito da manhã e terminar às 10 da noite.

A escola ainda consegue adaptar-se às necessidades dos alunos.

Por enquanto ainda é possível.

Texto: Palmira Correia