É engenheira do ambiente, tem 34 anos, e dois bebés, de três e um ano. Profissionalmente, divide-se pela empresa de engenharia do ambiente que criou sozinha há seis anos e pelas fotografias a bebés cujos cenários começou a desenhar e que fazem tanto sucesso que já consegue viver da máquina fotográfica. Fomos conhecer Margarida Fernandes, uma mulher de sorriso doce e muito apaixonada pelo que faz. Os bebés são o seu mundo!

A sua empresa de engenharia do ambiente emprega quantas pessoas?

Neste momento sou só eu. A conjuntura obrigou-me a reduzir a equipa ao máximo, e, curiosamente, na mesma altura surgiu o Art.Your.Baby, o projeto das fotografias. Agora consigo conciliar as duas actividades. Infelizmente, a empresa ficou muito pequenina, mas recuso-me a fechá-la porque acredito que vamos conseguir dar a volta à situação.

Quando acabou a sua licenciatura foi logo trabalhar para a sua empresa?

Não. Ainda antes de terminar o curso fui para a Holanda fazer um estágio, regressei a Portugal para terminar a licenciatura e depois voltei para trabalhar na área do tratamento de águas, e fiquei lá dois anos. Acabei por trabalhar nas duas estações de tratamento de água que abastecem a cidade de Amesterdão.

E voltou para montar a sua empresa?

Ainda trabalhei numa empresa de tratamento de águas mas não consegui adaptar-me ao modo de trabalhar dos portugueses, uma vez que só tinha experimentado o método holandês, que é muito mais sistemático e eficiente. Ao fim de um ano saí e, talvez influenciada pelo meu pai que também é empresário, decidi criar a EcoMania.

Trabalhava especificamente em que ramo?

Fiz um estudo de mercado e vi que não havia oferta de educação ambiental a nível nacional, e, como sempre gostei muito de crianças, abri uma empresa que foi pioneira nesta área.

Só trabalhava para crianças?

Inicialmente sim, depois adaptámos a empresa ao mercado e agora trabalhamos com todas as faixas etárias, incluindo empresas. Apesar da crise, ainda sou contratada pelas câmaras e pelas escolas para fazer atividades de educação ambiental sobre todos os temas, embora atualmente os pedidos sejam cada vez mais escassos...

Entretanto casou-se...

Casei-me e tenho dois filhos, o Diogo, com quase 4 anos, e a Matilde acaba de fazer um ano.

O gosto pela fotografia começa com a sua filha?

Sempre tive a paixão pela fotografia, mas como hobby, embora tenha lido e estudado bastante. No entanto, só depois do nascimento da Matilde é que as coisas mudaram, embora após o nascimento do Diogo tenha comprado uma máquina melhor que me ajudou a evoluir bastante.

Mas acaba por criar o primeiro cenário com a Matilde?

É verdade. Improvisei uma borboleta no dia em que ela fez um mês, e resolvi partilhar essa foto no Facebook. E fez logo um enorme sucesso, comecei a idealizar cenários quase diariamente e os elogios eram cada vez mais. Foi então que comecei a ouvir toda a gente à minha volta a dizer que eu não podia fazer isto só com a minha filha, e decidi tornar este projeto profissional. Neste momento tenho mais de 70 cenários criados.

Começou a fotografar os filhos dos amigos?

A ideia era começar a fazer Art.Your.Baby com os filhos dos amigos, mas curiosamente esses quase não fotografei. A maioria das pessoas que me procura é desconhecida e são essas que me recomendam aos familiares e amigos.

Fotografa os bebés na sua casa?

Não. Vou sempre a casa dos bebés e tem corrido muito bem. Acho melhor assim porque os bebés são muito pequeninos e é muito melhor estarem no ambiente deles. Os pais escolhem os cenários no Facebook e eu levo o material de casa. Às vezes também me desafiam a fazer coisas novas e eu gosto...

Os bebés não começam a chorar no meio da sessão fotográfica?

De vez em quando choramingam, mas é muito raro! Eu acho que eles gostam de mim, porque os pais dizem-me que os bebés se portam especialmente bem comigo o que facilita muito o trabalho.

Nasceu para ser mãe?

Completamente. A vida para mim não faria sentido sem filhos! E ainda gostaria de ter mais um filho mas, infelizmente, por questões de saúde, não posso ter mais crianças!

Esta atividade já é muito mais do que um hobi?

Sim, já tenho, em média, três a quatro sessões por semana, e começa a ser uma atividade muito interessante que ajuda significativamente o orçamento familiar. Veio equilibrar a falha da outra empresa.

A bebé está consigo em casa?

Vai ficando em minha casa e em casa da minha mãe. No início, levava-a comigo para as sessões, porque ela ainda mamava. 

Já lhe aconteceu uma história engraçada?

Cada sessão tem o seu momento especial, mas tenho um bebé que fotografo de 15 em 15 dias e que comecei a fotografar com um mês, e ele já tem quase sete. Como o vejo de 15 em 15 dias, estou a adorar vê-lo crescer e acho que ele até já me conhece, e já estou com pena do dia em que vai acabar.

Fotografa os bebés até que idade?

Desde um mês até aos seis meses, embora eu continue a fotografar a minha filha nestes cenários e ela já tem um ano. O problema é que eles depois dos seis meses já se viram e, como alguns já gatinham, fogem do cenário...

Não dá para fotografar o bebé sentado?

Não. O bebé tem de estar deitado no cenário para dar a perspetiva que está em pé! Mas tenho tido imensos pedidos para fazer com crianças maiores e até fotografar famílias inteiras. Nesta altura estou a estudar o projeto de forma a alargar este conceito até aos adultos.

Estas fotografias são muito caras?

Como disse, desloco-me a casa dos bebés e levo os cenários. Em Lisboa e Torres Vedras, onde moro, uma sessão com um cenário custa 45€, com três cenários custa 70€, e quatro, 90€. Posteriormente, as fotografias são trabalhadas em casa, e só depois de duas horas de edição, quando tudo estiver perfeito, é que  envio o trabalho aos pais.

Percebe-se que gosta muito do que faz!

É tão bom acordar de manhã e estar contente com o que se vai fazer. Mesmo a dormir pouquíssimo, não me sinto cansada, tal o prazer que o trabalho me dá. E todas as sessões são divertidas, trabalhar com bebés é um encanto!