A vida pode ser uma caixinha de surpresas. Se algumas são boas, muitas são também as más e quando o assunto são as suas finanças pessoais o melhor é estar preparado para enfrentar a situação. Uma doença, por exemplo, pode não só mexer com a sua saúde como significar gastos acrescidos com médicos e tratamentos, assim como um acidente com o seu automóvel pode traduzir-se numa subida do prémio do seguro e numa despesa em oficinas que não tinha planeado.

Outra situação que pode reduzir também o seu rendimento mensal é o desemprego. Mesmo que continue a receber uma prestação social de subsídio essa será sempre menor do que o seu salário antes de desempregado. Por isso, se quer manter as suas finanças à prova de surpresas desagradáveis o melhor é constituir um fundo de emergência. Saiba como pode fazê-lo.

1. Definir bem as suas despesas

Antes de constituir um fundo de emergência é essencial que conheça como gasta o dinheiro do seu salário. Junte as suas faturas de despesa, anote todos os pequenos gastos e identifique o que é essencial na sua vida e o que é supérfluo. Saber como gasta o seu dinheiro é fundamental para saber não só onde pode ajustar o seu orçamento futuro como fazer a relação entre o que ganha e o que despende. Ganhar 2000 euros não é melhor do que ganhar 1000 euros se, por exemplo, depois das despesas apuradas, o nível de poupança for igual.

2. Identificar o montante necessário para viver sem trabalhar


Apontadas todas as despesas é tempo de fazer uma estimativa de quanto dinheiro precisa para viver sem trabalhar por mês, isto é, somando as suas despesas essenciais como as realizadas com créditos, rendas de casa, contas de serviços básicos, educação ou alimentação. É importante que tenha presente que poderá viver sem algumas das despesas que normalmente faz no dia-a-dia, mesmo que lhe pareça difícil. Mais canais de televisão, contas excessivas de telecomunicações, jantares frequentes em restaurantes podem não ser compatíveis com situações de emergência.

3. Fazer as contas


Depois de apuradas as despesas e o montante que o mantém sem trabalhar se tiver algum infortúnio, é tempo de usar a calculadora para fazer contas. O que a maioria dos especialistas de finanças pessoais diz é que o valor do fundo de emergência, essa quantia de poupanças necessária a urgências na sua vida, deverá andar entre os três e os seis meses desse montante que permite viver sem trabalhar mensalmente. A Deco – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor defende que este fundo deverá ter «um montante equivalente a cinco ou seis salários».

4. Encontrar os produtos financeiros


Se já sabe quanto terá de ter no seu fundo de emergência para estar preparado para as incertezas, o próximo caminho é perceber quais os produtos certos para o seu dinheiro. Mantê-lo em casa não é boa opção porque ficará exposto à subida dos preços que diminui o seu poder de compra (inflação) e a potenciais assaltos.

Como este fundo deverá estar sempre pronto a salvá-lo em momentos de crise o melhor será estar guardado sob a forma de um produto financeiro que seja facilmente resgatável e que vá vencendo juros periodicamente para que sempre que seja necessário mexer nestas poupanças ganhe pelo menos os juros dos períodos anteriores. Traduzindo em economês, o que precisa é de constituir um depósito a prazo ou uma conta poupança.

Procure produtos que paguem juros que pelo menos compensem a inflação para não perder poder de compra no seu fundo de emergência. Lembre-se que os juros dos depósitos a prazo são taxados na fonte em sede de IRS em 25%, por isso conte com isto na hora de fazer contas ao seu depósito.

5. Reforçar em tempos de crise


Se vai começar agora o seu fundo de emergência, comece por tentar poupar pelo menos 10% do seu vencimento mensal e vá acrescentando a este bolo até alcançar o tal patamar equivalente a um montante entre três e seis meses de despesas essenciais sem trabalhar. Num período de crise poderá ser mais ambicioso e impor metas para o seu fundo de emergência mais elevadas. Por exemplo, no caso de um casal, se as perspetivas de trabalho forem ameaçadoras para ambos poderão apontar para o limite superior (seis meses) ou ultrapassar para ficar mais preparado para enfrentar uma situação de desemprego, por exemplo. O importante é não deixar as suas finanças e a sua vida expostas, protegendo-as.


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