O egocentrismo limita-nos a percepção da realidade; dependendo do estado de humor, a visão amplifica, se estamos alegres ou restringe, se estamos com pena de nós mesmo.

Por exemplo, quando estamos com problemas, magoados e tristes, consideramo-nos uns “azarados” e/ou umas “vítimas”. Bradamos irados, “Porque eu? Porque agora? Só a mim é que me acontecem estas coisas…sou mesmo um azarado”. A nossa percepção fica tolhida pelos sentimentos dolorosos e expectativas elevadas de que os problemas só acontecem aos outros.

A dica de hoje visa revolucionar a percepção da realidade que nos construímos. Isto é, propõe-se a desafiar as crenças, vulgo erros cognitivos (pensamentos automáticos negativos), que restringem as competências na gestão dos sentimentos dolorosos, na gestão dos conflitos e pretende expandir o auto conhecimento.
Quando estamos com um problema, seja ele qual for, não somos os únicos. A crença de que o “universo conspira contra nós” deve-se a ficarmos aflorados pela auto vitimização e limitados à percepção ao nosso umbigo. Na realidade, não somos os únicos a ter problemas.

Você está a atravessar uma fase difícil na vida? Experimente perguntar a um amigo/a se já passou por um problema idêntico ao seu. Caso a resposta, seja negativa? Não desista e experimente perguntar a outro amigo. Quando encontrar alguém pergunte a essa pessoa como foi a experiência. De que forma o problema contribuiu para o auto conhecimento. Como é que conseguiu ultrapassar o problema. A questão prende-se com a importância de falarmos com o outro. Dialogar e escutar aquilo que o outro tem a dizer sobre a sua experiência e conhecimento, falar sobre os problemas e sentimentos a fim de aceitarmos a nossa vulnerabilidade.

Devido às nossas idiossincrasias facilmente podemos ser o nosso próprio inimigo. Isso acontece quando começamos a acreditar que para sermos gostados e reconhecidos precisamos de ser perfeitos. Quando negamos os sentimentos, as imperfeições e optamos pela resistência à mudança. Quando começamos a acreditar que algo não está bem connosco próprios e a comparamos as nossas fragilidades e vulnerabilidades com as aparências e expectativas dos outros. Desta forma estaremos a restringir a nossa percepção.

Explorar a vulnerabilidade com honestidade
• Apesar de fugirmos da dor e da adversidade, somos muito mais talentosos do que acreditamos ser.

• A vida e a natureza humana oferecem-nos oportunidades ilimitadas de desenvolvimento; estamos num processo de evolução da nossa consciência desde o nível mais básico ao nível mais complexo. Seja a lavar pratos ou a exercer medicina.

• A resiliência é perfeitamente compatível com a vulnerabilidade; adaptamo-nos à adversidade, em vez de ser a adversidade a moldar o nosso caracter.

• Os problemas não acontecem só aos outros. Quando assumimos riscos contemplamos os factores de risco e os factores de protecção.

• Quando progredimos no desenvolvimento pessoal, sabendo dos riscos que vamos encontrar, focamo-nos nas prioridades (propósito).

• Todo nós temos problemas. Todos nós temos uma história para contar e a dada altura do devir, todos nós precisamos de ajuda.

«A característica principal do homem que nasceu para mandar é que sabe mandar em si mesmo.» Fernando Pessoa

Por João Alexandre Rodrigues

Addiction Counselor

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