Independentemente do estatuto social, idade, grau académico, cultura, todos querem ser felizes. Este é o objectivo primordial da vida.

Contudo nesta busca incessante o ser humano aliena-se de si mesmo e procura esta felicidade fora de si caindo em ciclos viciosos infindáveis até ao momento em que a dor é tão forte que o obriga a parar e reflectir.

Existem vários tipos de alienação:

1 – Física: a mais comum e sob muitos aspetos aceite socialmente. A comida é o fator alienante primordial, através dela escondemos as nossas emoções ou procuramos sufoca-las.

A tristeza que encontra conforto no chocolate, a solidão que se refugia no pão, nas massas, nas bolachas. A dor que é esquecida no álcool, a ansiedade adormecida no tabaco e a vida destruída na droga. As compras desnecessárias que tanto seduzem as mulheres nas suas fases mais sensíveis, e que depois trazem arrependimento pelos gastos excessivos! A busca de prazer no sexo, num orgasmo que deixou um vazio ainda mais profundo apesar da aparente satisfação! Nestas fugas vamos destruindo a saúde do corpo, a beleza e a inocência do coração.

2 – Mental: a alienação pela televisão, jogos de computador ou reais, entorpecendo a mente para não pensar nos problemas reais do interior de cada ser (não aqueles que as noticias nos querem levar a acreditar).

3 – Emocional: assim que temos um problema corremos para a amiga a desabafar sem sequer pensar um pouco sobre o assunto; procura de relacionamentos amorosos que nos preencham e à primeira dificuldade se desiste porque não se é amado ou compreendido.

4 – Espiritual: a procura de ajuda nas várias formas de adivinhação ansiando a previsão de um futuro que venha de encontro às ilusões; a procura na religião, tentando apaziguar a mente sofredora devido ao “peso dos erros”, receando o castigo de um Deus implacável e procurando assim conquistar a sua misericórdia ou então conseguir a realização de alguns pedidos importantes; a procura de ajuda em vários tipos de terapias ou práticas espirituais mas sem as integrar profundamente na vida e continuar a saltitar entre tudo o que é novo ou moda.

Desta forma distanciámo-nos do nosso verdadeiro eu e das causas dos problemas e ainda arranjámos mais problemas em todas estas áreas.

Vivemos numa era em que tudo é muito rápido, a informação é avassaladora, os títulos dos jornais diários e dos noticiários são bombásticos e deprimentes fomentando cada vez mais medo e insegurança. O ser humano perde-se nestes abismos informativos e atira-se na busca da segurança e felicidade nas várias formas de alienação.

E assim damos o nosso poder interior á comida, à televisão, ao amigo, ao guru, ao adivinho, etc. BASTA! É tempo de olhar para dentro e para o nosso verdadeiro poder, o início e o fim está em nós mesmos. A causa e a solução estão em nós. Se eu estou triste e me encho com comida não resolvo a causa e arranjo mais problemas a nível da saúde e gastos financeiros. E a tristeza? Continua lá, escondida, tomando cada vez proporções maiores porque continuo a alimentá-la com comida. Este exemplo da comida é mais fácil para compreender estes processos em que damos o nosso poder a tudo o que é exterior e continuámos por resolver a causa e continuámos infelizes.

É preciso serenar e ouvir o nosso coração, criar um diálogo connosco, assumir responsabilidade pela nossa vida deixando de ser a vítima de tudo o que nos rodeia.

Nós somos capazes de pensar por nós mesmos e não sermos influenciados pelo pensamento dos outros. Nós pertencemos a nós mesmos e às nossas escolhas.

Há um ditado budista que diz: “A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”. Aprender a desligarmo-nos da ilusão é um processo demorado, em geral ao longo de toda a vida, mas quanto mais conscientes estivermos do nosso poder interior, mais conquistamos a felicidade.

A felicidade não é um objectivo, é o caminho da vida. É aprender a sorrir com a beleza simples da vida, a ser grato e aceitar tudo o que a vida nos dá com a confiança plena de que recebo sempre o que é bom para mim. Nesta simplicidade SOU FELIZ!

O Presente, o Agora, este instante que me escapa entre os dedos com cada respiração, este instante em que escrevo este artigo e o instante em que o leitor o lê, neste instante sou feliz pois estou consciente do meu ser. Este instante é tudo o que temos, é muito simples e passa tão rapidamente, por isso precisámos de estar cada vez mais consciente dele. É Aqui e Agora que EU SOU FELIZ comigo mesma. Nada nem ninguém me pode fazer feliz a não ser eu mesma com os meus pensamentos e as minhas escolhas.

Desejo-vos serenidade e aceitação e o encontro com o vosso verdadeiro EU.

Namaste