Durante o fim-de-semana, estive presente numa cerimónia com um forte cariz cultural repleto de tradições que visam dignificar e legitimar o indivíduo, como ser social, perante a sociedade e a união entre seres humanos a que a nossa sociedade designa de casamento.

Foi uma cerimónia de emoções fortes e antagónicas (choros e risos), de reflexão, memórias e de alegria; umas partilhadas em uníssono, outras sentidas em silêncio, por todos os presentes.

A cerimónia do casamento assinala o fim, e ao mesmo tempo o princípio de algo simbólico com um profundo significado – mudança e o início da transformação; dependemos uns dos outros a fim de satisfazer as necessidades emocionais. Algumas necessidades emocionais mais comuns: segurança, pertença, reconhecimento, conforto, estima, afectividade. 

No império romano, a seguir à condenação à morte, a punição mais severa consistia no exílio da cidade. Quando o cidadão romano era banido da companhia dos seus pares tornava-se insignificante. Atualmente, nas grandes metrópoles mundiais, um número considerável de cidadãos, apesar de estarem rodeados de pessoas, vivem angustiados, por não possuírem vínculos de intimidade que os protejam da solidão.

A qualidade da relação que desenvolvemos com as outras pessoas é indissociável à satisfação das necessidades individuais emocionais de cada um de nós. Por outras palavras, se estamos rodeados de pessoas de confiança somos felizes e sentimos segurança, se estamos isolados, sofremos da rejeição, da solidão e do caos.

Do ponto de vista biológico, estamos programados para considerar os outros seres humanos os objetos mais importantes, na medida em que podemos tornar a vida o mais aliciante e plena possível, ou pelo contrário, consideravelmente desgraçada e miserável.  

Quando conseguimos comunicar, gerar sintonia, com outra pessoa, esse feito pode ser considerado uma verdadeira vitória. Reforça a necessidade de pertencer versus a rejeição (quando não conseguimos comunicar). Revela-se um fenómeno raro, na comunicação, conseguirmos estar sintonizados nos pensamentos e sentimentos com o outro. Quando conseguimos estar sintonizados com o outro, durante estes raros momentos intensos de intimidade e cumplicidade, quase que conseguimos tocar no seu âmago e observar a sua essência; os outros são um espelho do nosso mundo interior quando conseguimos colocar-nos no seu lugar.

A dor e a perda podem causar trauma, mas paradoxalmente, também podem despertar um impulso resiliente intenso, independente da reflexão, tornando-nos mais conscientes da nossa existência, mais aptos perante a adversidade e da importância da conexão com as outras pessoas. Quando estamos rodeados de pessoas sentimo-nos mais expeditos e resilientes na gestão da adversidade, efeito idêntico a um bálsamo.

Celebre a sua existência, o propósito e o sentido com as pessoas pela quais você se sente grato/a. Pessoas que o/a valorizam pela honestidade, pessoas que o/a apoiam quando está triste e deprimido/a, que o/a respeitem quando está vulnerável. Pessoas que celebrem o sucesso, a felicidade e que estejam em sintonia com os seus princípios, convicções e sonhos.

Apesar de estarmos em pleno século XXI ainda não exploramos, na totalidade os afetos e os vínculos (conexões) que nos mantêm juntos e coesos. As pessoas mais felizes gostam de pessoas.