Muitas vezes, sabotamos o nosso próprio valor ao deixarmos que os outros nos avaliem, como faziam os nossos pais e professores. Deixamos que os outros achem que não somos suficientemente bons e assumimos como verdadeira essa avaliação. Também sucede consigo. Veja o que deve fazer quando a avaliação que os outros fazem de nós nos condiciona.

Liberte-se da ideia do tudo ou nada

Ponha em prática este passo a passo, em duas fases, para aceitar a imperfeição e sentir-se livre:

- A fase do diagnóstico

Avalie a situação. Identifique os aspetos da sua vida (pessoal, profissional, material, espiritual e por aí fora…) que considera imperfeitos ou, pelo menos, em que tem pensamentos do tipo «Ah, se ao menos isto pudesse ser diferente! Seria perfeito!». Dos aspetos identificados, assinale todos aqueles que lhe estão a provocar maior ansiedade e pensamentos derrotistas.

Identifique, de seguida, pensamentos do tipo «Se não conseguir alcançar isto, não vou ter aquilo ou vão dizer que não tive sucesso, ou que não sou suficientemente bom». Para cada aspeto assinalado que lhe causa maior ansiedade e medo de não conseguir, identifique que esforço está a fazer para o alcançar e, se por acaso, esses esforços podem ser substituídos por ações mais simples.

Para cada ação perfecionista, identifique também os resultados que está a obter. Onde é que o seu perfecionismo está a levá-lo? Identifique as pessoas que, na sua infância/adolescência, lhe exigiam perfeição e perceba que resultados obtiveram nas suas vidas. Não se esqueça de assinalar se, à luz da sua análise, foram e/ou são felizes.

Perceba se a raiz do seu perfecionismo está na sua necessidade de ser aceite, incluído, respeitado, valorizado e amado. Identifique as áreas da sua vida em que sente carência e verifique se essa carência é real ou resultado das suas inseguranças. Identifique ainda que áreas da sua vida tem necessidade de controlar (ser perfecionista) para se sentir seguro.

- A fase de passar à ação

Identifique, numa primeira abordagem, quem pode ajudá-lo a diminuir a sua tendência perfecionista e peça-lhe que o alerte sempre que verifica que tal acontece. Se sentir que a ansiedade pela perfeição aumenta ao ponto de ficar doente, irritado, tente perceber que esforços e lutas de tipo «Eu aguento» pode deixar para trás. Deixe ainda de valorizar tanto aquilo que pensa que ainda não tem.

Abandone também a tendência para controlar tudo, incluindo os seus sentimentos e os seus desejos. Respeite os ritmos naturais da vida. Confie no sábio processo do tempo. Cuide de si, ao longo de todas as fases do plano, aceitando o seu processo de crescimento. Encontre, pelo menos, uma solução para resolver cada aspeto que identificou como estando a causar-lhe muita ansiedade.

Permita-se admitir e sentir a imperfeição nalguns aspetos da sua vida. Sinta orgulho por quem é. O que é hoje é o melhor que conseguiu fazer com as ferramentas que possui agora. Saia da sua zona de conforto pelo menos uma vez por semana. Ao invés de pensar na possibilidade do insucesso, pense na possibilidade do sucesso usando a técnica do pensamento positivo inverso.

Afaste-se o mais possível de pessoas perfecionistas e que estão sempre preocupadas em avaliar os outros. Não se acanhe! Aprenda, por fim, a dizer não as vezes que forem necessárias, sem se sentir culpado por fazê-lo ou sentir que vai deixar de ter o amor dos outros.

Veja na página seguinte: Ferramentas para lidar com pessoas (muito) perfecionistas

Assim faz um perfecionista

Muitas vezes, no nosso dia a dia, temos de lidar com pessoas que buscam a perfeição em tudo o que fazem. Veja o que as distingue:

-Impõe-se dar sempre 100% de si em tudo, caso contrário sente-se um falhado. Esforça-se em permanência para fazer melhor e em menos tempo.

- Segue métodos muito caprichosos, sendo frequente fixar-se na rigidez comportamental de que a sua forma de trabalho é a que está correta.

- Gasta imensa energia e tempo em pequenas tarefas para realizar um trabalho, dá muita importância ao pormenor e aos detalhes e confere cada passo do processo, chegando a voltar atrás para verificar várias vezes.

- Refaz o trabalho vezes sem conta até ficar, na sua conceção, perfeito.

- Acha que nunca dá o seu melhor, que o que dá é sempre aquém do que poderia dar e que na seguinte vez é que é.

- Assume a responsabilidade pelo que acontece, mesmo quando o resultado não dependia apenas de si.

- Vive insatisfeito com o resultado do seu trabalho. Acha que nunca consegue realizar algo suficientemente bom.

Texto: Nazaré Tocha com Teresa Marta (coach para a coragem e CEO da Academia da Coragem)