Ao longo da evolução da humanidade e do desenvolvimento do ser humano, aprendemos a depender, acima de tudo, da visão e das sensações. Daquilo que é visível, táctil e no efeito imediato que produz para sobreviver. Também é ao longo do desenvolvimento que definimos as características da nossa personalidade.

A personalidade é uma unidade estável e individualizada de conjuntos de condutas, isso significa que é dinâmica e com custos significativos óbvios quando estamos expostos à mudança; detestamos a mudança imprevisível e dolorosa. Mesmo assim, e apesar de tudo, conseguimos sobreviver. A dica desta semana contempla um fenómeno fantástico no desenvolvimento pessoal – «dentro para fora». Tal como acontece com a altura, crescemos de baixo para cima, nesse sentido, o desenvolvimento pessoal ocorre de «dentro para fora». Sim, sem dúvida, somos seres espirituais fantásticos, únicos, multifacetados e multitalentosos, apesar das imperfeições e das idiossincrasias individuais.

Em pleno século XXI, apesar de muito se falar e escrever sobre o desenvolvimento pessoal, ainda não conseguimos explorar, investir e partilhar aquilo que é a nossa verdadeira essência e a essência das conexões com as outras pessoas. A essência dos vínculos com pessoas, do amor e de pertença, da resiliência, do optimismo, dos sentimentos e da espiritualidade (não religioso, sem dogmas ou divindades).

Considera que vivemos com base nas aparências, no estatuto, nos prémios e nas recompensas extrínsecas, na competição desenfreada, no ego consumista e hedonista com vista ao sucesso financeiro e económico?

Considera que existem regras, costumes e tradições da nossa sociedade, que promovem o desenvolvimento pessoal de «fora para dentro» em vez de «dentro para fora»?

Recordo a crise social e económica actual. Há uns anos atrás, nunca pensaríamos que viesse a acontecer tal tragédia, apesar de já ser notícia noutros países. Confiamos cegamente num sistema, pessoas e instituições, que revelam imensos erros crassos e graves. Este sistema revelou-se um falhanço total, nós começamos a queixar-nos, porque, frustrados, admitimos que não crescemos de «fora para dentro».

Você associa o sucesso ao poder financeiro? Se a resposta é sim, quantos euros é que você precisa para ser feliz? É-lhe difícil calcular com exatidão? Ou associa o sucesso à felicidade, aquelas coisas simples que sempre estiveram ao nosso alcance, desde crianças, mas com a visão mercantil, onde tudo e todos têm um preço, vão perdendo significado? É mais fácil calcular com exactidão o significado da felicidade e das coisas simples ou calcular o montante em euros que precisa para ser feliz?

Agora que falhamos, graças à crise, acreditamos que podemos mudar. Aprendemos que o sucesso depende da felicidade - «dentro para fora.» Com a crise, aprendemos que o verdadeiro sucesso reside nos vínculos com as pessoas e nas competências individuais – literacia emocional e espiritual. Graças à crise possuímos a oportunidade de criar uma sociedade mais complexa baseada na interacção e na cooperação, é um processo que é feito de «dentro para fora». Depois da crise, acredito, nunca mais seremos os mesmos. Adquirimos conhecimento e sabemos o que não queremos. O ego pode conduzir-nos às nuvens, mas quando fica dorido, pode arrastar-nos para a escuridão.

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Viver de «dentro para fora» é:

- «Pensar fora da caixa» - inovar, criar e ir mais além.

- Escutar, colaborar e partilhar.

- Investir no amor-próprio e identificar as imperfeições – auto aceitação.

- «Não faças aos outros aquilo que não gostarias que fizessem a ti».

- Ser autêntico e honesto.

- Amor e espiritualidade – consciência de si e do outro.

- Associar o sucesso à felicidade, à prosperidade e aos valores imateriais.

- Promover rotinas que melhorem a saúde física e psicológica, alimentação, sono, hobbies, atividade física, voluntariado.

Votos de uma semana iluminada de dentro para fora.

João Alexandre Rodrigues

Addiction Counselor

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