Nas mais variadas interações sociais, por mais que façamos os possíveis e os impossíveis, acabamos por esbarrar em situações conflituosas e de tensão, que detestamos visto haver uma sensação de desarmonia e medo do desconhecido. Refiro-me àquelas situações conflituosas geradas por pessoas problemáticas.

Gostaria de colocar-lhe uma questão. Considera que é uma pessoa problemática nos seus relacionamentos interpessoais? Se a resposta é «Sim», parabéns pela honestidade e procure ajuda. Se a resposta é «Não sei», pergunte ao seu parceiro, família, colegas de trabalho, amigos o quão eles consideram que você é ou não problemático. Se a resposta é «Não» esta dica é para si.

De facto, existem pessoas, nos mais diversos contextos sociais, que geram conflitos sob as mais variadas razões e motivos. A maioria delas utiliza palavras e expressões que variam entre a agressividade, a humilhação, a manipulação, o sarcasmo, possuem baixa auto estima e são limitados à escuta (ouvir) e na empatia. Adoram a adrenalina, são impulsivas e possuem baixo níveis de auto critica e gestão dos sentimentos.

Como é que se pode comunicar com pessoas problemáticas?

Na comunicação, algumas pessoas com estas características problemáticas são evitadas, mas, como já referi, em alguns contextos são impossíveis de evitar. Isto é, não possuímos a liberdade de escolha, somos obrigados a conviver, a comunicar e a enfrentar o conflito. Perante as pessoas problemáticas, podemos aprender e desenvolver novas competências sociais. Representam oportunidades inusitadas, a fim de melhor a literacia emocional.

Veja na página seguinte: estratégias para lidar com pessoas problemáticas

Perante uma pessoa problemática:

- Evite e/ou recuse o diálogo com base na agressividade (raiva). Caso aconteça, proponha um intervalo e afirme «Eu assim não consigo falar.» Pode ser tentador, mas evite o «braço de ferro» a ver quem tem razão e entrar no jogo da argumentação fútil e desnecessária – querer levar a sua posição avante. A agressividade pode despoletar situações complexas dolorosas e gerar ressentimento.

Evite a palavra «Tu» e utilize com frequência a palavra «Eu» - «Eu penso…», «Eu sinto…», «Eu acho…», «Eu não…» em vez de «Tu não ouves…», «Tu és teimoso/a…», «Tu és impossível…» O foco do diálogo deve ser centrado em si (Eu), em vez de no outro. As pessoas problemáticas interpretam a palavra «Tu és…» como um motivo forte para reagirem e responderem agressivamente. Utilizando o «Tu», confronto direto, está a proporcionar-lhe uma oportunidade de se defender, visto sentir-se ameaçada. É um círculo vicioso.

- Mantenha a postura. Quanto menos reativo/a você é, mais apto/a está a conseguir desenvolver um raciocínio e uma perspetiva construtiva do diálogo – processo e conteúdo. Caso necessário, evite o contacto visual e/ou interromper o seu interlocutor e assim aproveita, enquanto ele/a fala, para reorganizar os seus pensamentos, sentimentos e objetivos.

- Perante um conflito na comunicação com uma pessoa problemática, faça esta pergunta a si mesma: «Vale a pena estar aqui a discutir? O tema é realmente importante?» Por exemplo, dois indivíduos de clubes diferentes, que se detestam, conseguem estar a discutir, durante váias horas, sobre quem é o melhor clube. Este tipo de diálogo agressivo entre eles pode ser interessante, mas o conteúdo revela-se vão e efémero. Algumas pessoas problemáticas não possuem auto crítica sobre o conteúdo do assunto em questão. Para eles, é mais uma boa oportunidade para discutir. Quanto a si, o tema em questão é importante? Vale a pena?

- Evite personalizar e apegar-se excessivamente ao assunto em questão. Opte por procurar soluções construtivas, em vez de se centrar nos «seus» problemas, na sua necessidade de argumentar, de defender-se, de resistir, de ficar com a última palavra. Pratique o desapego e evite justificar-se, desculpar-se e ou algumas situações utilizar mentiras. Confie no processo, por vezes, o tempo proporciona oportunidades que, por si só, se revelam esclarecedoras.

João Alexandre Rodrigues

Addiction Counselor

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