A forma como lidamos com o mundo e as pessoas à nossa volta foi mudando com o evoluir dos temos. Temos hoje acesso fácil à informação (e excesso dela, por vezes) e obriga-nos a uma maior necessidade de distinguir o essencial do acessório. Rapidamente damos por nós em automatismos tecnológicos que fomos adquirindo porque nos facilitam a vida e nos dão sensações de bem-estar. As redes sociais permitem hoje a criação de um mundo virtual que tem, arrisco-me a afirmar, tantos benefícios como perigos.

Por um lado, as pessoas passam a conseguir comunicar (conversar, partilhar conteúdos, estreitar relações) de forma mais fácil com um número grande de pessoas, inclusive com aquelas com quem tinham perdido o contacto há vários anos. Por outro lado, e pela forma como as próprias redes sociais estão concebidas, as pessoas começam a sentir-se em falta quando não se ligam durante algum tempo, como se não estivessem a cumprir com algo que “alguém” (os amigos que tem nessas redes sociais) esperam delas. Cada vez mais este comportamento se está a tornar aditivo ou viciante e a ter custos grandes (nem sempre conscientes) na vida das pessoas.

Um dos estudos da Retro Gadgetology (http://retrevo.com/content/gadgetology) mostra-nos que 56% das pessoas que utilizam redes sociais (neste caso Facebook e Twitter) sentem necessidade de as verificar pelo menos uma vez por dia, e destas, 12% utilizam-nas a cada duas horas. Estes dados mostram-nos que cada vez mais as redes sociais fazem parte da vida das pessoas e, por outro lado, cada vez mais a vida das pessoas ganha mais significado se passar pelo facebook. Já parou para pensar em quantas vezes, quando algo de importante acontece na sua vida o partilha nas redes sociais? Quantas vezes, pela facilidade no contacto, enviamos uma mensagem através delas em vez de fazermos um telefonema?

Vive-se hoje em dia com a sensação de que temos de estar sempre ligados, atentos a tudo o que acontece e torna-se cada vez mais difícil desligar este mecanismo. As pessoas que gostam das nossas publicações contribuem cada vez mais para a nossa valorização pessoal e autoestima, para a importância que temos no mundo e para definir quem somos.

Proponho-lhe um exercício: imagine uma semana da sua vida sem redes sociais. O que mudaria nas suas rotinas? O que ganhava ou perdia com isso? Que emoções começariam a aparecer? Mudava radicalmente a sua vida nessa semana?