Quem já experienciou um ataque de pânico normalmente relata que de um momento para o outro, o coração disparou, as mãos começaram a suar intensamente, foram sentidos tremores, sensação de desmaio, confusão mental e as descrições parecem as de quem está a ter um ataque cardíaco.

Como acontecem os ataques de pânico

A verdade é que todos temos uma resposta física ao stress. Podemos sentir-nos ansiosos quando surge um problema no nosso local de trabalho, quando temos um exame na escola ou uma decisão importante a tomar. Porém, para alguém que tem ataques de pânico, estas pressões externas despoletam reações físicas intensas. A adrenalina dispara e o corpo e a mente têm uma resposta de “luta ou fuga” face ao perigo percebido. No entanto, os ataques de pânico são duplamente assustadores, uma vez que não existe um perigo real que os provoque, podendo assim acontecer a qualquer momento e em qualquer situação. Esta sensação de “medo de ter medo”, tem impacto nas rotinas e pode diminuir seriamente a sua qualidade de vida (ex: recusar-se a sair de casa ou a ir a algum local onde já teve um episódio de pânico).

Os ataques de pânico podem ocorrer apenas uma vez, no entanto, muitas pessoas relatam repetidos episódios. Estes muitas vezes são acionados por situações específicas como atravessar uma ponte, falar em público ou ficar sozinho/a inesperadamente – especialmente se essa situação já provocou anteriormente um ataque de pânico. As situações indutoras de pânico são normalmente aquelas em que nos sentimos em perigo e somos incapazes de sair delas.

É comum o aparecimento de ataques de pânico em etapas de mudança na vida das pessoas como mudar de escola, entrar no mercado de trabalho, mudar de país, casar ou ter filhos. Situações geradoras de muita ansiedade como a morte de uma pessoa próxima, o aparecimento de uma doença grave, divórcio ou perda de emprego podem ativar um ataque de pânico.

O facto de não se sentir confortável em ir a um determinado local com receio de ter novamente o ataque de pânico vai, em si mesmo, ativar o corpo e fazer com que sinta ansiedade. Este mecanismo faz com que os ataques de pânico se mantenham por muito tempo.

O que fazer quando sentir um ataque de pânico

Um ataque de pânico é uma espécie de “falso alarme” enviado pelo cérebro informando-nos que estamos em perigo, e que pode ser controlado das seguintes formas:

- Respire com o abdómen o mais lentamente que conseguirNormalmente quando está a experienciar um ataque de pânico, a sua respiração está bastante acelerada, o que significa que o seu corpo não está a equilibrar os níveis de oxigénio e dióxido de carbono que necessita. Esta respiração acelerada a que chamamos hiperventilação, vai fazer com que sinta tonturas, o que causa ainda mais motivo de preocupação e aumenta a ansiedade.

­- Observe o ambiente à sua volta e desvie o foco do pânico – Para parar a resposta de “luta ou fuga” do seu organismo, em que a amígdala tem um papel muito importante, pode ativar as zonas do cérebro responsáveis pelo raciocínio lógico. Assim sendo, conte objetos pequenos e em grande número (ex: pedras do passeio, folhas de um ramo de árvore), decomponha mentalmente objetos complexos (ex: observe por quantas peças é constituído um carro e todas as características que estas têm) ou faça contas mentalmente começando pelas mais simples (ex: 1+1=2; 2+2=4; 4+4=16; 16+16=?).

- Atenda ao facto de que os ataques de pânico não duram para sempreEm média os ataques de pânico duram alguns minutos no seu pico máximo e depois a ansiedade vai acalmando, o que significa que os pensamentos de que algo terrível vai acontecer acabam também por acalmar.

- Aceite a ansiedade como parte integrante de se estar vivo – Todas as pessoas sentem ansiedade em diversos momentos da nossa vida e ela ajuda muitas vezes a dar energia ao nosso dia-a-dia e a estarmos mais atentos nesses momentos. Se lhe dermos demasiada importância, a ansiedade vai crescendo e aumentando de intensidade. Se a aceitarmos como parte integrante de quem somos, ela não nos incomodará porque apenas estará lá a cumprir a sua função.

- PratiqueÉ importante que todas estas recomendações sejam colocadas em prática o maior número de vezes que conseguir. Pode utilizá-las assim que começar a sentir alguma ansiedade e reparar nos resultados. Lembre-se que a prática leva à perfeição! E neste caso, a prática leva a que se sinta bem e confiante para lidar com a sua ansiedade.

- Procure um profissional de saúde mental – Se nenhuma destas estratégias funcionar a longo prazo, a psicoterapia pode ajudá-lo. Com ela poderá perceber o que originou e/ou está a manter os ataques de pânico. Ser-lhe-ão também fornecidas estratégias para prevenir e atuar diretamente nos ataques de pânico

Ana Sousa

Psicóloga Clínica

Psinove – Inovamos a Psicologia

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