Quando colocamos expetativas em algo ou alguém, existem três coisas que podem acontecer. Uma agradável surpresa quando a realidade supera aquilo que esperava, a constatação daquilo que já sabia que ia acontecer ou, na pior das hipóteses, a desilusão. Esta provoca alguns dissabores, mas pode também conduzir a um maior conhecimento acerca dos outros e de nós mesmos.

Em muitas situações, age sobre nós, tornando-nos mais fortes e resistentes às deceções que possam surgir no futuro. Prepare-se para se desiludir e seguir em frente. Até porque, de acordo com quatro estudos da Wharton School of the University of Pennsylvania, nos EUA, citados por vários órgãos de comunicação de social nas primeiras semanas de novembro de 2017, não tem de ser má.

Tal como a raiva que muitas vezes gera, a desilusão pode vir a revelar-se uma ferramenta útil no mundo competitivo em que atualmente vivemos. Quando confrontadas com situações que as surpreendem pela negativa, a reação tende a não ser a melhor. «As pessoas escolhem ficar irritadas intuitivamente», afirma o investigador Maurice Schweitzer. Um sentimento que as pode impelir a agir proativamente.

O que a provoca

Podemos desiludir-nos com tudo o que existe na nossa vida, o que inclui acontecimentos, situações e pessoas. No entanto, as deceções que têm mais impacto emocional e nos causam mais dores de crescimento são as que sentimos relativamente aos outros, porque levam à quebra de confiança na pessoa e na própria vida, que são os pilares fundamentais para nos sentirmos seguros.

Ocorrem quando alimentamos a expetativa de que o outro funcione exatamente como nós planeámos, algo que ele não pode, não quer ou não sabe dar-nos. A autodesilusão é também muito dura de sentir. Leva-nos a achar que não fomos suficientemente capazes, que, afinal, não conseguimos alcançar algo ou dar a volta a uma situação. Faz com que deixemos de gostar de nós e cria um sentimento de insuficiência pessoal.

Não se iluda

Toda a desilusão sentida por questões que nós não podemos controlar, que não dependem diretamente de nós, não deveria dececionar-nos. É o caso dos desapontamentos que sentimos quando os outros não respondem a uma situação da forma como nós desejamos. Não nos podemos esquecer que o outro está a viver o seu próprio sistema de referências.

Ao fazê-lo, está também a avaliar cada situação de acordo com a sua experiência e a sua autoconsciência. Não ser pedida em casamento no dia que imaginámos ou não receber o pedido de desculpas que aguardamos, por exemplo, são algumas das situações que não podemos controlar. E, para muitas pessoas, essa incapacidade de conseguir dominar tudo o que as rodeia é difícil de aceitar.

Esquecemos-nos em permanência que criamos a vida à medida do que imaginamos e quando essa vida inclui os outros, tendemos a esquecer que eles estão a fazer o mesmo que nós. Um equilíbrio nem sempre fácil de conseguir e de obter, como também defendem muitos psicólogos e muitos investigadores que participaram em estudos internacionais sobre o tema.

Veja na página seguinte: As mudanças de comportamento que tem de operar

Ajuste as suas expetativas

A relação entre expetativas e desilusão é total, uma vez que nos desapontamos na medida das expetativas que criámos. E, por isso, há quem passe a vida a tentar não esperar nada para não experimentar a desilusão ou para não voltar a senti-la. No entanto, viver sem expetativas é evitar viver a vida, com tudo o que isso significa. É estar agarrado ao conhecido e ao que sempre foi feito.

É viver com medo que, caso as coisas fujam do nosso controlo, não consigamos superar quem nos desapontou. Embora a conduta do outro possa dececionar-nos, tal não nos deveria preocupar tanto quanto o facto de não sabermos gerir as nossas expetativas e de colocarmos no outro o ónus da nossa desesperança e desilusão. Tal não significaque tem de baixar os seus padrões.

Significa apenas que precisa de ter uma abordagem mais realista em relação ao que pode ou não conseguir com as suas circunstâncias e conhecimentos atuais e perceber que, quanto mais as suas esperanças dependerem de si e da sua capacidade de seguir em frente, aconteça o que acontecer, menos desilusões irá experimentar. Este é o modo de pensar que tem de começar a introduzir na sua mente.

O lado bom da desilusão

Se, mesmo assim, a desilusão surgir, encare-a como uma oportunidade para aumentar o autoconhecimento e o conhecimento acerca dos outros. Uma oportunidade para desenvolver a capacidade de superação e de adaptação a circunstâncias menos positivas. Um oportunidade de aumentar a conexão à sua força interior e intuição. A desilusão é, também, uma oportunidade para fortalecer a inteligência emocional.

Melhorar o autocontrolo e a capacidade de manter a calma e a serenidade mesmo quando as coisas não correm como esperado é um dos desafios com que este sentimento nos obriga a lidar, assim como nos obriga a aprender a lidar com a frustração, a tristeza e a superar a perda. No final, vai também perceber que após um mau momento há coisas novas e boas que podem acontecer.

Texto: Vanda Oliveira com Teresa Marta (mental coach e fundadora da Academia da Coragem)

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