A obesidade tornou-se num dos maiores problemas de saúde dos nossos tempos. A Organização Mundial de Saúde estimou que, em 2005, aproximadamente 1,6 biliões de adultos tinham excesso de peso e 400 milhões eram obesos (e, pelo menos, 20 milhões de crianças com idades inferiores a 5 anos tinham excesso de peso).

A mesma organização estima que, em 2015, aproximadamente 2,3 biliões de adultos terão excesso de peso e 700 milhões serão obesos.

Apesar da obesidade ter sido classificada há 200 anos, só recentemente foi reconhecida como uma condição que necessita de cuidados clínicos. A obesidade tornou-se numa prioridade pelas evidências científicas que a associam à diabetes tipo 2, hipertensão, dislipidémia, doença cardiovascular e depressão, para além de outras doenças.

Infelizmente, apesar da busca frenética por uma abordagem farmacêutica, são poucas as opções existentes actualmente. Nos últimos anos, várias drogas que foram concebidas para o tratamento da obesidade têm sido retiradas do mercado devido aos seus efeitos secundários inaceitáveis. Talvez o mais importante aspecto a ser tido em consideração no tratamento farmacológico da obesidade seja definir objectivos realistas. Usualmente, dada a dificuldade em alterar os hábitos  alimentares e de actividade física, é quase impossível atingir as expectativas dos pacientes.

Inúmeros estudos demonstraram que os pacientes obesos querem perder o equivalente a 25-35% do seu peso inicial e esperam fazê-lo no prazo de um ano. Contudo, um objectivo de tratamento realista é usualmente a perda de 5-10% do peso inicial durante um período de 6 a 12 meses, seguido de um período  prolongado de manutenção do peso.

Todos os estudos demonstram que quando o tratamento farmacológico é
acompanhado de alterações no estilo de vida, a perda de peso é mais
acentuada e mais duradoura, apesar de existir um ganho de peso sempre
que é suprimida a medicação, o que resulta na conclusão de que o estilo
de vida terá sempre de ser trabalhado, independentemente da estratégia
encontrada para a gestão do peso.

Actualmente, encontram-se em
estudo algumas substâncias que têm demonstrado mais-valias na perda de
peso mas a sua eficácia a médio e a longo prazo ainda não foi testada,
razão pela qual teremos que nos concentrar nas alterações do estilo de
vida.

Para isso, devemos adoptar estratégias seguras, sensatas e sustentáveis. Acredito
que o excesso de peso e a obesidade se devem a vários factores e que só
uma intervenção multifactorial promoverá uma boa gestão do peso.

Texto: Teresa Branco (fisiologista da gestão e controlo de peso)