“Sinto-me numa montanha russa emocional!”
“Ando tão irritada, só me apetece deitar tudo para trás das costas e desaparecer!”
“Choro por tudo e por nada!”
“Mas o que é que se passa? Estás à espera do período?”

São muitas as mulheres cujos dias prévios à menstruação são um inferno. E a menstruação em si, um inferno maior. Por isso, dizer a uma mulher que sofre de disfunções menstruais que tem de “abraçar” a sua menstruação pode soar, no mínimo, disparatado.

Como é que alguém que sofre de tensão pré-menstrual, dores menstruais, hemorragias fortes ou enxaquecas pode olhar para a menstruação como uma coisa que se quer “abraçar”?

À falta de melhor orientação, estas mulheres afastam-se do seu corpo, a cada mês*, a cada ciclo, como nos afastamos instintivamente de alguém que nos quer mal. Porque é isso que estas mulheres sentem: que o seu corpo é falho, incapaz, que não funciona, que não é igual aos outros, que as deixa mal.

E é exatamente esta relação que tem de ser trabalhada. Trazer os dois (mente e corpo) de volta à unidade. Na verdade, o processo pode ser muito parecido com um fazer as pazes com uma amiga: tentar desfazer o mal-entendido que originou a zanga e melhorar a comunicação.

E sendo assim, pergunte-se: “o que é que o meu corpo me está a tentar dizer?” e, em simultâneo, “o que posso fazer para o ajudar”?

Talvez ele lhe esteja a dizer para cuidar mais de si, para dizer “não” mais vezes (não quero; não me apetece; não vou), para escolher melhor os seus alimentos, as pessoas à sua volta, para gerir de outra forma o seu tempo.

É claro que tem uma vida, um trabalho, filhos (eventualmente) e não pode desligar-se desses afazeres mas pode, sim, tentar encontrar um tempo e um espaço só para si.

Seja gentil consigo. Ofereça-se a tal ida ao cinema sozinha, ou uma massagem, ou tire o dia para passear, deixe os miúdos uma tarde nos avós, faça aquela coisa que se anda a prometer há tanto tempo... E goze da sua companhia sem culpa.

Os seus níveis de progesterona estão em alta nesta fase e esta, entre muitas outras coisas, é a hormona da introspeção – e da intuição – e, por isso mesmo, vira-nos para dentro (o que explica o nosso grau de irritação com o excesso de solicitações externas).

E a parte melhor deste processo é descobrir, a cada mês*, que este “tratar de nós” quer dizer coisas diferentes para cada mulher e que quanto mais nos dermos daquilo que precisamos, melhor nos vamos sentir.

Talvez a sua 1ª tentativa de transformar a sua TPM num tempo para meditar não seja bestial. Não desista! A prática leva à perfeição e, afinal, fazer as pazes com o seu corpo é um investimento para a vida.

Esta pequena alteração na forma como vai olhar o seu mês menstrual, contribuirá para aquilo que chamamos de “atitude menstrual positiva” – e estudos recentes já demonstraram o quão essencial esta se torna na atenuação de sintomas das disfunções menstruais.

Se a menstruação ainda não é uma parte boa da sua vida saiba que, apesar do processo poder ser longo, será sempre no sentido de si própria e esta é apenas uma parte do caminho.

Se não sabe por onde começar, comece por aqui.

NOTA:

*mês: referimo-nos a mês menstrual e não de calendário.

Patricia Lemos

Patrícia Lemos
Hipnoterapeuta e Educadora Menstrual
www.patricia-lemos.com