As férias escolares chegaram ao fim. Os dias sem horários e com menos regras vão ser substituídos por um regresso às aulas que, acima de tudo, deve ser saudável. Sucesso escolar garantido? É possível! Saiba como.

O Verão passou num ápice, os pais voltaram ao trabalho e os filhos têm de programar o regresso às aulas. Se para os adultos é penoso voltar à “vida real” e abandonar os dias de descanso, praia, mergulhos de mar, sol, liberdade de horários e voltar à rotina que o trabalho impõe, para os mais novos, o regresso à realidade também custa.

Se o seu desejo é que o seu filho tenha muito sucesso nesta fase, saiba que existem cuidados essenciais “que não devem limitar-se à revisão do material escolar e dos uniformes”, diz-nos o Dr. Armando Fernandes, pediatra do desenvolvimento. Está na hora de redobrar a atenção com a saúde das crianças, principalmente quando a ida para a escola acontece cada vez mais cedo. Para além de um bom equilíbrio emocional, há que ter em conta a saúde das crianças. “No Inverno, ambientes fechados como as salas de aula são propícios para a propagação de doenças infecto-contagiosas. Por isso, as crianças entre os cinco e os seis anos devem ser vacinadas.

Também, devem ser avaliadas clinicamente (peso, estatura, pressão arterial, dentes, coração, postura, desenvolvimento psicomotor, linguagem, etc.) e submetidas a rastreios visuais e auditivos”, adianta Armando Fernandes. Por isso, é essencial que todos os pais marquem uma consulta de pediatria para os seus filhos para que sejam avaliadas as condições gerais de saúde.

Por exemplo, entre os três e os seis anos de idade, “surgem frequentemente os erros de refração (miopia, astigmatismo) pelo que a avaliação oftalmológica se centra fundamentalmente na determinação da acuidade visual e na identificação do estrabismo. Sempre que se suspeita de défice visual e/ou estrabismo, a criança deve ser encaminhada para oftalmologia”, salienta o pediatra.

A entrada na escola pela primeira vez

Para as crianças que vão pela primeira vez para a escola, os cuidados ainda devem ser mais especiais. “Uma criança não deve ser levada para a escola sem que antes se explique o que é a escola, quais as atividades que as crianças fazem, entre outros aspetos. As explicações demasiado detalhadas podem gerar medo e insegurança, especialmente se estes forem sentimentos que os pais estão a vivenciar. As explicações devem ter sempre uma componente positiva (“vais conhecer outros meninos”, “vais ter com quem brincar”, “há muitos brinquedos giros”, etc.)”, adverte Armando Fernandes.

A criança deve fazer uma visita prévia à escola, para se começar a ambientar ao espaço e conhecer os educadores/professores. “Se ela gostar de pintura, leve-o ao espaço dos trabalhos manuais. Procure os brinquedos e mostre-lhe aqueles que sabe que o seu filho vai gostar.” No fim de semana, combine com amigos, primos ou vizinhos, alguns lanches. Nas festas de aniversário, não recuse os convites.

“É muito importante que os pais organizem os seus horários para que possam ir buscar a criança à hora combinada. O final do dia pode trazer ansiedade, especialmente se a criança percebe que os pais dos seus colegas já os foram buscar. Imprevistos acontecem, mas se tiver que chegar mais tarde avise antecipadamente. O medo do abandono é normal e é muito importante para a criança sentir segurança e ter a certeza que os pais a vão buscar no final do dia”, assinala o pediatra Armando Fernandes.

Vacinas em dia e alimentação saudável

Entre os cinco e os seis anos de idade, as crianças devem fazer, no centro de saúde da sua área de referência, os reforços das seguintes vacinas: VIP – 4.ª dose (poliomielite), DTPa – 5.ª dose (difteria, tétano, tosse convulsa) e VASPR – 2.ª dose (sarampo, parotidite, rubéola).

Um dos aspetos mais importantes para que o dia passado na escola seja enérgico é um pequeno-almoço saudável e rico em vitaminas e fibras. “Só assim, a criança conseguirá ter energia para enfrentar as responsabilidades escolares depois de uma noite inteira sem se alimentar. O pequeno-almoço torna-se a refeição mais importante do dia, pelo que se lhe deve dar especial atenção”, explica Armando Fernandes.
Para uma boa refeição, nada melhor do que leite com cereais ou uma sanduíche, um sumo ou iogurte natural e uma peça de fruta.

Mochilas sobrecarregadas

Hoje em dia, as crianças desenvolvem problemas de coluna ou de postura precocemente. Muito por culpa da quantidade de material exigido e do peso que transportam consigo nas suas mochilas. Este é um dos principais aspetos a ter em conta neste regresso escolar. Mais do que adquirir a mochila com o herói da banda desenhada preferido do seu filho, há que ter em cuidado com o que é colocado dentro da mesma. Armando Fernandes diz-nos que, para evitar os problemas relativos à sobrecarga e as dores nas costas, “as mochilas devem ser transportadas nos dois ombros, de forma a repartir o peso, e não devem pesar mais do que 10 por cento do peso corporal da criança”.

Como alternativa, as malas com rodinhas podem ser úteis, “desde que apresentem uma pega regulável em altura, de modo a que a criança não tenha de torcer o corpo para puxá-la”. É também importante que os pais estimulem as crianças a empurrar estas malas (em vez de puxá-las), nos locais onde isso seja possível.

Rotinas para um sono tranquilo e retemperador 

Por volta dos seis anos de idade, as crianças devem dormir em média 11 horas por dia. Aos 12 anos, o tempo médio é de 9 horas por dia. Como rotinas de sono, Armando Fernandes, sugere:

- Determine a que hora que quer que o seu filho vá para a cama (que deverá ser a mesma durante toda a semana) e crie um ritual para marcar o momento. Por exemplo, tomar banho, vestir o pijama ou outra roupa, jantar, escovar os dentes, etc.

- Nessas ocasiões, procure tornar o ambiente calmo, escuro e confortável (nem excessivamente quente nem excessivamente frio) e evite deixar a criança agitada por estímulos, como brincadeiras ou cócegas.

- Assegure uma cama confortável que seja utilizada apenas para dormir e não para outras atividades (por exemplo, para ler, ver televisão ou ouvir música).

- Nunca suspenda o ritual nocurno para punir um mau comportamento do seu filho. Mesmo que o tenha posto de castigo, não o deixe adormecer com a noção de que está zangado com ele.

- Evite atividades que podem despertar próximo da hora de deitar (por exemplo, estudo intenso, jogos de computador, escrever mensagens no telemóvel ou discutir).

- Evite as luzes intensas à noite mas assegure a exposição à luz intensa ao acordar de manhã.

- Seja flexível com o sono durante os fins de semana, desde que não ultrapasse mais de 2 a 3 horas para além da hora habitual de acordar (o relógio circadiano fica perturbado).

- Não permita que a criança fique a pé durante toda a noite (por exemplo, para estudar).

- Defina a hora de acordar.

Previna a pediculose

É um dos problemas que pode surgir na escola e que facilmente passa de criança para criança.
As melhores estratégias preventivas para a pediculose (piolhos) da cabeça são:

- Falar e alertar para a presença de piolhos na criança.

- Lavar e, sobretudo, pentear frequentemente a cabeça da criança. O pente de dentes apertados permite "partir" as pernas dos piolhos, fazendo com que estes percam o equilíbrio e caiam do cabelo, impedindo-os de se multiplicarem.

- Todos os afectados devem ser prontamente tratados para evitar a disseminação.

Texto: Cláudia Pinto

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