Como o tiquetaque de um relógio, o ciclo menstrual marca o ritmo biológico do organismo feminino.

É natural, previsível, mas a sua chegada nem sempre é pacífica.

Para cerca de 85 a 90 por cento das mulheres em idade fértil, os dias que antecedem a menstruação trazem sensações de irritabilidade e desconforto.

Se é mulher, é provável que saiba bem de que estamos a falar. E se, nessa altura do mês, costuma sentir alterações no seu corpo ou no seu estado de espírito, é natural que não anseie por esses dias. Acreditamos que aproveitar a vida significa saber viver bem, todos os dias, sem excepção. Com a ajuda de Maria Teresa Osório, apresentamos-lhe uma selecção de pequenas mudanças no seu estilo de vida que poderão ajudá-la a sentir-se muito melhor.

Poucas são as mulheres que podem orgulhar-se de nunca ter sentido qualquer variação de humor ou mal-estar físico nos cinco a dez dias que antecedem o início da menstruação. De facto, a alteração dos níveis hormonais na fase final do ciclo menstrual pode provocar um conjunto de sintomas físicos e psicológicos, conhecidos como síndrome pré-menstrual.

Entre eles destacam-se as dores de cabeça, a tensão mamária, os ataques súbitos de choro ou de ansiedade e o aumento de peso. Podem ocorrer, isolados ou associados, com maior ou menor intensidade e a culpa é das hormonas.

Alta tensão

Embora seja uma reacção natural do corpo humano, o mal-estar desta altura do mês pode ser indício de que algo não está bem. Assim, se os sintomas forem exagerados e tenderem a agravar-se de mês para mês ou se interferirem na sua vida pessoal e profissional, deverá procurar aconselhamento médico para que possa ser feito o despiste das razões na origem do problema.

É importante falar com o seu ginecologista ou médico de família se verificar que, pelo menos durante três ou quatro meses seguidos, o mal-estar persiste. Isto porque alguns sintomas da síndrome pré-menstrual são comuns a outras
patologias, como endometriose, distúrbios depressivos, doença disfórica pré-menstrual ou até menopausa.

O papel do médico

De acordo com Maria Teresa Osório, o médico «começará por fazer uma observação clínica para verificar se existe uma alteração ou patologia que justifique o mal-estar sentido e para afastar outras hipóteses, além da síndrome prémenstrual, que possam explicar os sintomas». Se se verificar que não há «nenhuma alteração morfológica ou hormonal, poderá iniciar-se um tratamento continuado, variável de caso para caso», realça a ginecologista.

«Se a paciente se queixar de dores, poderão ser-lhe receitados inibidores da prostaglandina. Se as queixas forem sobretudo do foro psíquico, deverá ser feita uma associação com outra terapêutica», alerta a ginecologista Maria Teresa Osório.


Veja na página seguinte: Os tratamentos que (não) pode fazer

A ginecologista Maria Teresa Osório acrescenta ainda que, «por vezes, quando se conclui que não há qualquer problema orgânico, basta que a mulher sinta que tem alguém que se interessa por ela, para que haja uma melhoria dos sintomas».

Isto porque a componente emocional, que é um factor fundamental, também entra em jogo.

Estima-se que certas vitaminas e minerais (magnésio, cálcio, vitamina B6) possam atenuar a sensação de cansaço, irritabilidade ou a retenção de líquidos. Contudo, antes de iniciar a toma de qualquer suplementação vitamínica, peça conselho ao seu médico.

Estratégias de ataque

Não existe um tratamento único para a síndrome pré-menstrual. Dado os sintomas e a intensidade variarem de pessoa para pessoa e até não serem iguais todos os meses, o que solucionará o problema de uma mulher, pode não surtir efeito noutra.

Contudo, há uma regra universal a seguir: um estilo de vida saudável. Quando
se fala de síndrome pré-menstrual, a ideia de mente sã em corpo são não podia ser mais acertada. Este equilíbrio é fundamental para que as flutuações hormonais não levem a melhor.

Há pequenos cuidados que pode ter no dia-a-dia que a irão ajudar a minimizar os efeitos associados à fase final do ciclo menstrual. Uma das estratégias passa por dormir oito horas por noite, evitar o stress e praticar exercício físico,
sobretudo de baixo impacto.

Andar de bicicleta, caminhar, nadar ou modalidades de relaxamento (yoga) são boas opções. A alimentação é outra aliada do seu bem-estar, ao reduzir alguns
sintomas associados à síndrome pré-menstrual e ao contribuir também positivamente na defesa contra outras patologias.

Faça uma tabela e anote os sintomas

Registe, numa tabela mensal, os sintomas de cada dia e classifique-os numa escala de zero a dez (sendo zero equivalente à ausência de sintomas). Assim perceberá como a síndrome pré-menstrual a afecta e poderá informar melhor o seu médico.


Dieta anti-stress

- Siga uma alimentação variada e equilibrada, rica em hidratos de carbono
complexos (cereais e massas integrais, leguminosas), em fruta e vegetais.

- Coma alimentos ricos em Ómega 3 (peixe como o salmão e nozes).

- Consuma alimentos ricos em cálcio e vitamina D (espinafres, avelãs, sardinha, queijo e iogurte).


Veja na página seguinte: Mais alimentos que deve forçosamente ingerir

Procure ingerir alimentos ricos em zinco (marisco, queijo), magnésio (ervilhas, feijões, vegetais verdes), vitamina B6 (rebentos de soja, abacate, frango, flocos de aveia e cereais integrais, bacalhau e banana) e vitamina B1 (carne de porco, sementes de girassol).

Reduza a ingestão de gorduras, sal e açúcar. Todos eles são prejudiciais à sua saúde.

Faça cerca de seis refeições diárias e coma pouco de cada vez.

Esqueça a fast food, evite álcool e a cafeína e prefira os frutos secos ao chocolate, alertam ainda os especialistas.


Sinais de alarme

Os principais sintomas da síndrome pré-menstrual a que deve estar atenta:

    - Aumento de peso devido a retenção de líquidos
    - Inchaço das mãos e dos tornozelos
    - Distensão abdominal
    - Tensão mamária
    - Stress ou ansiedade
    - Tendência para depressão
    - Crises de choro
    - Mudanças de humor e irritabilidade
    - Alterações no apetite
    - Insónias
    - Dores musculares
    - Cansaço
    - Problemas de pele
    - Dificuldades de concentração


Texto: Paula Alberty com Maria Teresa Osório (ginecologista)