Segundo os dados da Liga Portuguesa Contra o Cancro, o número de casos de cancro cutâneo tem vindo a aumentar todos os anos.

Este corresponde a cerca de um terço da totalidade dos casos de cancro, afectando uma em cada sete pessoas ao longo da vida. Adicionalmente à exposição solar excessiva, outros factores estão associados ao aparecimento desta patologia.

Antes de mais, recomendamos que esteja alerta aos sinais do seu corpo, já que o diagnóstico precoce é fundamental. Mas, para que fique totalmente esclarecida, leia as respostas de José Almeida Gonçalves, dermatologista, às dúvidas mais frequentes sobre a aspecto e os perigos do cancro da pele.

O que pode estar na origem do
cancro da pele?

A exposição solar excessiva é um dos principais factores. Apesar de contribuir para a produção da vitamina D e melhorar a estrutura óssea, o sol em demasia provoca lesões irreversíveis que podem ter consequências no futuro. Mas existem também outros factores.

Em certas zonas do país onde que a água para beber tem arsénio, isto pode provocar o aparecimento de tumores da pele. O alcatrão e derivados também têm uma acção cancerígena. Depois há características que agravam o risco. As pessoas de pele muito clara e olhos azuis têm menos resistência ao cancro do quem tem pele morena.

Quais as melhores
formas de prevenção?

A protecção solar e o uso de chapéu (principalmente os calvos) durante quase todo o ano. Não o deve usar apenas na praia, mas sempre que esteja mais exposta ao sol, mesmo quando anda na rua, especialmente se tem pele e olhos claros.

Qualquer sinal que mude de aspecto, de consistência ou de sensibilidade deve ser analisado. Faça um
auto-exame da pele de três em três meses para saber se os sinais estão todos bem, especialmente por causa do melanoma.

Outra forma de prevenção está relacionada com as lesões pré-cancerosas, aquelas que se não forem tratadas podem eventualmente evoluir para cancro. É o caso da queratose solar, uma pequena espessura da pele que às vezes nem se vê bem, mas que se sente com o dedo como se fosse lixa. A pessoa ao sentir isso deve tratar imediatamente. Não acontece sempre, mas pode evoluir para um cancro espinocelular que já é de média gravidade.

Que tipos de cancro
da pele são mais frequentes?

Existem os chamados cancros epidermóides, que surgem na epiderme e estão relacionados com a exposição solar. Aparecem em áreas onde se apanha mais sol (c cara, dorso das mãos e área calva no caso dos homens) e são menos comuns no corpo, excepto nas pessoas que se expõem ao sol nas horas mais perigosas (entre o meio-dia e as 17 horas) e recebem doses excessivas dos raios ultravioletas.

Deste grupo de tumores saliento dois tipos. O basalioma é relativamente pouco perigoso e de evolução lenta, enquanto o espinocelular é mais grave e de evolução mais rápida. Há ainda o melanoma, que se forma a partir das células que dão pigmento à pele (melanina) e que pode aparecer em qualquer local. Tem também uma relação directa com o sol, mas mais relacionada com uma exposição intermitente e intempestiva, ou seja, quando o sol provoca uma queimadura solar e desencadeia algo na pele que vai actuar nas células de melanina, transformando-as em neoplasia.

Veja na página seguinte: O que caracteriza o aspecto dos tumores na pele

O que caracteriza o aspecto dos tumores na pele?

O basalioma começa a anunciar-se com uma mancha cor de rosa que se vai tornando mais encarnada. Discretamente, aparecem pequenos altinhos e traços capilares sinuosos, mas o limite é sempre muito nítido e vai aumentando lentamente.

O espinocelular é mais rápido, começa logo com um tumor, que cresce mais depressa, podendo atingir um centímetro num ano, e que se eleva acima da pele, frequentemente com uma cobertura áspera, fazendo uma ferida no meio. No caso do melanoma existem vários indicadores aos quais deve estar atenta.

Quais são os tratamentos mais frequentes?

Para o basalioma e o espinocelular pode ser feita cirurgia ou criocirurgia (pelo frio) e, no caso do basalioma pode até ser tratado por raio-x. O melanoma tem que ser operado e verificar-se se os gânglios da região foram atingidos e fazer um seguimento muito cuidado, porque é bastante perigoso.

Que cuidados deve ter
quem já tenha sofrido
de cancro da pele?

Tem que se expor menos ao sol, ir à praia só depois das 17 horas, usar sempre protectores solares e roupa mais espessa e opaca para tapar a luz.

Em que idades aparece
mais frequentemente
o cancro da pele?

Os epidermóides aparecem normalmente a partir dos 50 anos, especialmente na faixa entre os 60 e os 70 anos. Já o melanoma pode aparecer em qualquer idade e, por isso, é muito perigoso.

Para detectar os sinais anormais use a técnica ABCD:

Assimetria
Bordo irregular
Cor não uniforme
Diâmetro acima dos seis milimetros

Sinais de alarme do melanoma

1. Aparecimento recente de um sinal de cor negra
que até então não existia

2. Modificação de um sinal já existente em termos de:

- Tamanho (crescimento recente)
- Forma (contorno irregular)
- Cor (negra, castanha, rosada)
- Aparecimento de comichão, vermelhidão,
ferida ou hemorragia

Texto: Mariana Correia de Barros com José Almeida Gonçalves (dermatologista)