A Insuficiência Cardíaca Congestiva é definida como uma síndrome na qual os doentes apresentam sinais e sintomas típicos resultantes de uma anomalia na função ou estrutura cardíaca. 
Em Portugal a Insuficiência Cardíaca atinge mais de 260 mil doentes, constituindo o mais frequente diagnóstico de internamento em pessoas com mais de 60 anos. 
Estima-se que estes números tendam a agravar-se devido ao envelhecimento da população, ao aumento da sobrevivência dos doentes vítimas de enfarte do miocárdio e também como consequência do aumento da prevalência da obesidade e da diabetes entre a população. A prevalência da Insuficiência Cardíaca pode aumentar entre 50-70% até 2030, sendo a taxa de reinternamento aos 3 meses de 20-30%.
A hospitalização dos doentes com Insuficiência Cardíaca é frequente, recorrente e extremamente dispendiosa para o Sistema Nacional de Saúde (com uma média de internamento de 11,8 dias e uma taxa de 1.195,98€/dia). 
Muitos doentes e prestadores de cuidados estão insuficientemente esclarecidos acerca da doença. As medidas gerais de tratamento, como o caso da dieta, do exercício, da reabilitação física e do autocontrolo, não são cumpridas e a adesão terapêutica pode ser muito reduzida, em parte por aspetos económicos, mas também por fatores como o isolamento, a depressão, a idade avançada e co-morbilidades associadas.

Distúrbios associados
Estima-se que aproximadamente 50% dos doentes com Insuficiência Cardíaca sofrem de distúrbios respiratórios durante o Sono, Respiração Periódica e/ou Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS). A síndrome da apneia do sono é, atualmente, um dos maiores problemas de saúde pública, sendo que a maioria dos doentes que sofrem de Insuficiência Cardíaca têm síndrome de apneia obstrutiva do sono (SAOS). 
O uso de ventilação com pressão positiva contínua (CPAP) é considerado o tratamento não invasivo de primeira linha para alguns distúrbios respiratórios, como por exemplo a apneia obstrutiva do sono, presente em 40% dos doentes com Insuficiência Cardíaca.

Apesar de existirem algumas terapias com efeitos positivos no distúrbio respiratório do sono, apenas a ventilação não invasiva Servo Adaptativa demonstrou melhorar significativamente a função cardíaca dos doentes, eliminar apneias centrais do sono e respiração periódica, bem como, contribuir para uma melhor qualidade de vida.
Este tratamento é realizado através de uma máscara oro-nasal e de um servoventilador que através da aplicação de uma variação de pressão positiva, denominada pressão de suporte, permite a correção dos distúrbios respiratórios característicos dos doentes com insuficiência cardíaca. 
O ventilador é regulado às necessidades do doente, adaptando-se, a cada caso, a frequência e a pressão de ar mais indicada. Assim sendo, a servoventilação consiste na entrega automática de uma pressão de ar sempre que seja detetada uma queda da respiração do paciente em relação a um determinado valor de fluxo, durante o sono. 
O servoventilador é responsável por detetar a ocorrência de distúrbios respiratórios e desencadear uma resposta capaz de estabilizar a respiração do doente e diminuir a sobrecarga cardíaca. 
O facto de o tratamento ser apenas realizado durante os períodos de sono, faz com que o doente não seja dependente do aparelho 24h por dia. Trata-se, pois, de um equipamento que permite ao doente ser autónomo e que melhora significativamente a sonolência excessiva diurna, a qualidade de vida, a função cognitiva e a pressão arterial. A adesão do doente a esta terapia a longo prazo varia entre 70 e 80%.
Por João Mendes, Técnico de Cardiopneumologia