Estudos recentes de vários países europeus sobre os níveis de conhecimentos da população em relação aos cuidados a ter com o Sol e a sensibilização sobre a importância do diagnóstico precoce dos cancros da pele evidenciam que os portugueses são dos europeus com mais elevado nível do conhecimento.

Para tal muito têm contribuído as ações de informação e sensibilização da população em geral e a formação pós-graduada de profissionais de educação e saúde que a Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo (APCC) e a Sociedade Portuguesa de Dermatologia têm desenvolvido nos últimos 30 anos.

Conscientes da necessidade de uma abordagem multidisciplinar e de uma estratégia a médio e longo prazo, a APCC procurou, nos últimos anos, sensibilizar a Comissão de Saúde da Assembleia da República para os números crescentes dos cancros da pele e para a necessidade de reforço de medidas de combate aos mesmos.

Recentemente foi aprovado na Assembleia República, por unanimidade de todos os Grupos Parlamentares, e publicado em Diário da República, a 4 de maio de 2015, um conjunto de recomendações sobre Prevenção Primária e Secundária dos Cancros da Pele, que importa que sejam implementadas pelas estruturas governamentais o mais rápido possível.

8 medidas

Estas medidas visam a promoção de ações e campanhas de informação em toda a população sobre a problemática dos cancros da pele, desde os cuidados a ter com a exposição solar até ao seu diagnóstico e tratamento precoce pela promoção do auto-exame e de rastreio periódico sobretudo das populações de maior risco.

Destaque para a recomendação da incorporação nos conteúdos programáticos dos vários níveis de ensino da temática do sol, a pele e os cancros de pele, do reforço da informação pública da importância dos níveis de ultravioleta (UV) para além da temperatura (informação acessível diariamente no site da Instituto Português do Mar e Atmosfera), da necessidade da realização de rastreios de cancros da pele, sobretudo nas populações de maior risco e da inclusão dos rastreios nas prioridades do Plano Oncológico Nacional.

Importância ainda do aumento da acessibilidade a consultas de dermatologia e aos diferentes tratamentos. Reforço da pós-graduação em Oncologia Cutânea, sobretudo dos médicos de Medicina Geral e Familiar e da obrigatoriedade da notificação ao Ministério da Saúde e aos diferentes Registos Oncológicos Regionais por parte de todos os laboratórios de Anatomia Patológica, públicos e privados, de todos os casos de cancros da pele, em particular de todos os casos de carcinomas basocelulares e espinocelulares, para além dos casos de melanoma.

Realce ainda para a importância do reforço da fiscalização da atividade dos solários, na sequência da legislação já existente e reforçada este ano.

Exposição solar prologada

A maioria dos cancros da pele estão relacionados com a exposição solar exagerada ou inadequada ao longo da vida, seja por motivos profissionais ou de lazer.

É necessário o uso de chapéu, de preferência de abas largas, para cobrir o couro cabeludo, face, orelhas e pescoço e de vestuário com tecido e design adequado de modo a proteger o decote, ombros, braços e antebraços, bem como as pernas. Deve-se ainda usar protetor solar em áreas da pele que não podem ser protegidas de outro modo quando a exposição é intencional evitando as horas de maior risco de exposição, sobretudo entre as 11 e as 17 horas.

Reconheça os sinais

Saiba quais os comportamentos mais adequados ao sol, saiba como efetuar o auto-exame da pele e reconhecer os sinais sem risco de cancro, os sinais com maior risco de evoluírem para cancro cutâneo, bem como as diversas facetas dos cancros de pele nos sites da APCC (www.apcancrocutaneo.pt) e do Euromelanoma (www.euromelanoma.org/portugal).

Por Osvaldo Correia, Médico Dermatologista e Secretário-Geral APCC