As pessoas que ressonam regularmente podem desenvolver distúrbios cognitivos e até vir a sofrer de doença de Alzheimer muito mais cedo que seria normal, refere um estudo norte-americano publicado no segundo trimestre de 2015, intitulado «Cohorte ADNI (Alzheimer's Disease Neuroimaging Initiative)». Muitos nem se apercebem que o fazem durante o sono, o que dificulta a perceção do problema. Mas qual será, então, a melhor solução para deixar de ressonar e prevenir esta e outras doenças? «Depende do que está na sua origem», começa por responder Joana Melo Pires, médica otorrinolaringologista na Clínica ORL Dr. Eurico de Almeida, no Porto.

«Em primeiro lugar, é necessário fazer uma avaliação clínica do doente e da realização de um estudo de uma noite de sono (polissonografia), para averiguar o grau de severidade da roncopatia e da apneia. Feita a análise, o tratamento pode consistir no emagrecimento, em doentes com excesso de peso, ou, em situações graves, na utilização de uma máquina que introduz ar a uma pressão positiva Continuous Positive Airway Pressure)», também conhecida como CPAP, «que pode ser utilizada de forma vitalícia com o objetivo de corrigir a paragem respiratória durante o sono», esclarece a especialista.

«Os pacientes com alterações anatómicas que desencadeiam ou agravam este tipo de patologia (roncopatia simples ou com apneia de grau ligeiro e esporadicamente moderado) devem ser submetidos a intervenção cirúrgica», recomenda mesmo Joana Melo Pires. Segundo o estudo «Cohorte ADNI (Alzheimer's Disease Neuroimaging Initiative)», as pessoas que ressonam podem sofrer de distúrbios cognitivos «12 anos antes» do que os indivíduos que não o fazem. Uma investigação do Henry Ford Hospital de Détroit, nos EUA, de 2013, associa o ressonar a paredes internas das artérias carótidas mais grossas do que o habitual.

Segundo este estudo, que examinou dados de 913 pacientes entre os 18 e os 50 anos, nenhum dos quais sofria de apneia do sono, os adultos que ressonam correm mais riscos de poder vir a sofrer de problemas cardíacos. Em meados de 2013, uma pesquisa britânica publicada no British Medical Journal veio defender que as pessoas que cantam ressonam menos. Depois de observarem 93 pessoas, os cientistas concluíram que essa ação fortalece os músculos da garganta. Estes especialistas elaboraram mesmo um plano de exercícios de 20 minutos diários, a executar durante três meses, para os pacientes envolvidos na iniciativa.