Os períodos de maior calor tendem a ser um dos inimigos das suas pernas.

«É impossivel corrigir fatores genéticos, por isso, a prevenção deve ser uma prioridade. Mexa-se, caminhe, faça exercício regular, beba muita água, hidrate a pele e não ingira bebidas alcoólicas, nem gaseificadas».

Estes são alguns dos conselhos que Paulo Correia, cirurgião vascular, deixa a quem sofre de pernas cansadas e varizes.

Na base destes problemas encontra-se a doença venosa crónica (DVC). Esta patologia traduz-se na má circulação dos vasos sanguíneos no percurso entre os membros inferiores e o coração. O sangue fica estagnado nas veias, afetando a zona capilar da pele e promovendo o aparecimento de derrames.

O que é a DVC

Com a contínua dilatação das veias, surgem as varizes. Segundo o especialista em doenças venosas Paulo Correia, «esta doença manifesta-se por dor, cansaço, peso e mal-estar nas pernas, bem como pelo aparecimento de varizes e derrames nas pernas e coxas. Este problema pode também surgir via genital, atingindo tanto o sexo masculino como feminino».

Alvos preferenciais

Esta patologia incide, maioritariamente, em adultos entre os 20 e os 50 anos, com particular ênfase no sexo feminino. «Um dos fatores de risco é a herança genética, pelo que pessoas com historial familiar de DVC devem estar atentas e consultar com regularidade o médico», afirma Paulo Correia. Além disso, existem profissões de risco propícias ao desenvolvimento das doenças venosas, nomeadamente aquelas que implicam longas permanências em pé.

As pessoas com uma vida muito sedentária são também um alvo comum, mas outros fatores podem agravar o problema, como «gravidez, obesidade, uso de contracetivos hormonais ou os tratamentos hormonais pós-menopausa», exemplifica.

Sinais de alarme

Se sentir as pernas cansadas e algum mal-estar, não hesite em falar com o seu médico assistente para que este possa averiguar rapidamente o que se passa. «A origem da doença tem de ser sempre descoberta, pois o êxito do tratamento vai depender dessa informação», explica o cirurgião.

O sinal de alarme pode, também, ser mais imediato. «Caso detete subitamente uma veia dilatada ou verifique que uma área já dilatada fica com rubor, dura ou dolorosa à apalpação é imperativo que contacte o seu médico», aconselha.

Como prevenir

A saúde das suas pernas também depende de si e de alguns gestos simples no seu dia a dia. É o caso da hidratação da pele, após o banho, ou dos cuidados especiais na limpeza da pele e unhas (muitas vezes, a presença de outras infeções nas unhas e entre os dedos pode provocar aparecimento ou o agravamento das varizes).

Não use roupa apertada, evite fontes de calor (aquecedores, banhos quentes) e tente equilibrar o peso. Faça uma alimentação diversificada – pobre em hidratos de carbono e gorduras saturadas, rica em legumes e fruta, e moderada em proteínas – e evite os produtos diet/light.

Tratamentos anti varizes

A abordagem terapêutica deve ser adequada ao grau de DVC, já que esta é uma doença evolutiva que afeta, em Portugal, cerca de dois milhões de mulheres com mais de 30 anos e em média cerca de um terço dos portugueses adultos.

«Os tratamentos variam entre alterações nos hábitos da pessoa, como o uso de meias elásticas, o exercício fisico regular, a adoção de medidas posturais corretas (elevar os membros inferiores em repouso), até tratamentos medicamentosos e outros mais complexos», refere Paulo Correia.

De acordo com o cirurgião são exemplos disso, a «escleroterapia (secagem das varizes), cirurgia, laser endovenoso, radiofrequência, embolização de outros territórios venosos (varizes pélvicas) ou esclerose com espuma eco-guiada». Os tratamentos mais dispendiosos são as cirurgias e a embolização, cujo custo pode variar entre três e oito mil euros. Os restantes tratamentos, para situações menos complexas, rondam os 100 e os 250 euros», afirma.

Cuidados a ter no verão

Nos dias mais quentes, reforce os cuidados para proteger as suas pernas:

  • Evite expor-se ao sol nas horas de maior calor (12h-16h)
  • Use sempre proteção solar (FPS 20 a 50+)
  • Aproveite a frescura e ação revigorante da água em caminhadas à beira-mar
  • Depois da praia, tome um banho de água doce, de preferência frio, e hidrate intensamente a pele
  • «Se já sofre de grandes alterações na sua pele (tipo feridas ou úlceras), não deve apanhar sol nas pernas, sendo aconselhável usar uma calça leve nos dias de maior calor», alerta o especialista

Soluções naturais

Existem formulações à base de castanha-da-índia e centelha asiática, bem como tisanas com ervas de efeito drenante, que contribuem para uma melhoria sintomática da doença venosa crónica.

Texto: Raquel Pires com Paulo Correia (cirurgião vascular)