É preciso estar atento. Num adulto com perda auditiva gradual, relacionada com a idade (presbiacusia), os primeiros sinais são ténues e fáceis de ignorar.

O caso mais vulgar corresponde a uma perda nas frequências mais agudas, algo que, na fala, corresponde aos sons das consoantes. Eis a razão pela qual, tantas vezes, a queixa é oiço, mas não percebo. Catarina Korn, audiologista na Audioclínica, esclarece as principais questões.

Existem outros sinais?

Por exemplo, a necessidade de aumentar o volume da televisão, pedir para que repitam o que é dito, parecer ignorar as pessoas e conversas ou acusá-las de não falar com dicção apropriada e, ainda, pensar que se ouviu, mas interpretar mal o que lhes foi dito.

Quando procurar ajuda especializada?

Em saúde, quanto mais cedo os problemas são descobertos melhor, até porque, neste caso, quanto mais cedo se inicia a reabilitação, mais fácil é a adaptação. A falta de audição pode ser difícil de detetar pelo próprio, pelo que os rastreios  periódicos são fundamentais.

Como é feito o diagnóstico?

Depois de feita uma observação visual do canal auditivo e membrana timpânica  prossegue-se a audiometria tonal (o paciente escuta sons que vão aumentando e diminuindo de intensidade até se obter o limiar auditivo, ou seja, a intensidade do som a que a pessoa apenas ouve 50% das vezes e considerado o nível mais baixo em que a pessoa ouve cada uma das várias frequências apresentadas).

O que acontece depois?

Este teste deve ser seguido por uma audiometria vocal, na qual é pedido aos pacientes que repitam uma lista de palavras. Este exame permite-nos avaliar a inteligibilidade verbal (ou discriminação das palavras) que pode não estar relacionada com o grau de surdez. Consoante os resultados indiquem uma perda sensorineural ou de condução, a avaliação continua com outros meios de  diagnóstico.

Como se trata?

Só há duas hipóteses. Uma delas é fazer um tratamento médico-cirurgico. Se não tratar esta patoligia pode compensar com o recurso a aparelhos auditivos.

Pode prevenir-se?

É sabido que os ruídos muito fortes prejudicam a audição, quer sejam súbitos, como explosões e tiros, ou industriais, como nas fábricas e construção ou ainda com o abuso de música a intensidades muito elevadas. Evitá-los ou utilizar proteção adequada permite prevenir a perda auditiva. Se as causas foremgenéticas, não há como contornar o problema, mas pode sempre minimizar-se as causas exteriores atrás referidas.

Texto: Cláudia Pinto com Catarina Korn (audiologista)