Considerando a inexistência de sintomas no estádio inicial da neoplasia e que as atuais ferramentas diagnósticas não invasivas (PSA e toque retal) apresentam uma série de insuficiências e dúvidas a que a biópsia prostática, quando negativa, muitas vezes não responde, era fundamental procurar outros testes que permitissem melhorar a exatidão diagnóstica.

A determinação do gene 3 do cancro da próstata (PCA3) é a resposta a essa procura pois, mediante uma técnica de biologia molecular, executada numa amostra de urina, é possível utilizar esta nova ferramenta na ajuda a melhorar o diagnóstico do cancro da próstata.

Problemas no diagnóstico do cancro da próstata

Toque retal: Tem um valor preditivo positivo (VPP) muito baixo, na ordem dos 10 -19 % para a população de risco. A sua reprodutibilidade é baixa e a variabilidade entre diferentes examinadores é alta.

PSA: O PSA não é específico do cancro da próstata. Para além deste, outras patologias não malignas tais como a hipertrofia benigna da próstata (HBP) ou a prostatite têm níveis elevados de PSA e valores normais deste antigénio não excluem neoplasia. Assim para o cancro da próstata, o VPP de um PSA com um valor entre 5 e 10 ng/mL é baixo, atingindo cerca de 20-30%.

Biópsia da próstata: Atualmente, a biópsia é o golden standard do diagnóstico do cancro da próstata. 75% dos homens com valores de PSA entre 2,5-10 ng/ml e/ ou toque retal suspeito, têm um resultado negativo na primeira biópsia. Destes, cerca de 10-35% apresentam uma segunda biópsia positiva e em cerca de 80%, a segunda biópsia mantém-se negativa.

Por outro lado uma biópsia negativa pode conduzir a um falso sentimento de segurança, mas só 1% de todo o tecido prostático é examinado no estudo histológico. Os falsos negativos podem atingir cerca de 10-25%, pelo que podem vir a ser executadas biópsias seriadas, com as consequentes possíveis complicações: hematúria, hematospermia, hemorragia retal.

Acresce ainda que nos doentes que fazem anticoagulantes, a interrupção destes para diminuir o risco de hemorragia, pode conduzir a um risco maior de carácter cardiovascular.

Tendo em conta todos estes fatores, parece óbvia a necessidade de um novo teste que tenha umVPP maior e consequentemente, sirva para identificar melhor os doentes em que se justifique uma biópsia reduzindo deste modo o número de biópsias iniciais e o número de biópsias repetidas realizadas.

Neste sentido o PCA3 vem aumentar o rigor do diagnóstico evitando biópsias provavelmente desnecessárias. Veremos como no próximo artigo.

Por Germano de Sousa