A Pancreatite é uma das principais doenças do pâncreas e resulta da sua inflamação, causada pela ativação das enzimas pancreáticas dentro da glândula e não no duodeno, como deveria ser o processo normal. As enzimas ativadas desgastam assim a própria glândula, provocando dor e outros sintomas.
A Pancreatite pode ser classificada como aguda ou crónica:
Pancreatite Aguda – pode ser única ou recorrente e o doente apresenta uma dor abdominal intensa, podendo existir edema do pâncreas e sangramento interno. A causa mais comum é o bloqueio do ducto pancreático, que resulta num refluxo da excreção pancreática e lesão permanente em poucas horas. Assim, surge um aumento da presença de enzinas pancreáticas no sangue que podem provocar lesão ou insuficiência de alguns órgãos, colocando o doente em risco de vida.
Pancreatite Crónica – provoca a lesão progressiva dos tecidos pancreáticos e pode ocorrer após crises repetidas de pancreatite aguda. Os doentes com pancreatite crónica, apresentam geralmente uma dor abdominal persistente.
A Pancreatite pode estar associada a diversas causas como a ingestão excessiva de álcool, obstrução da excreção pancreática, níveis elevados de triglicerídeos ou de cálcio, infeções virais como as hepatites A e B, Fibrose Quística, Cancro do Pâncreas e a doenças hereditárias em que pode haver ativação precoce de enzimas digestivas.
A Medicina Laboratorial desempenha um importante papel no diagnóstico e monitorização da Pancreatite, realizando-se essencialmente os seguintes exames laboratoriais:
Amilase - é a enzima pancreática responsável pela digestão de carbohidratos. A medição do seu nível no sangue é o exame mais usado para diagnosticar e monitorar a Pancreatite Aguda.
Lipase - é a enzima pancreática que digere as gorduras produzidas pela bílis. A dosagem de Lipase no sangue é mais específica que a de Amilase para o diagnóstico de Pancreatite Aguda. Em pacientes com pancreatite, os níveis de Lipase sobem várias vezes acima do normal e permanecem elevados por mais tempo que os níveis de Amilase. Na Pancreatite Crónica há diminuição dos níveis de Lipase, bem como os de Amilase com o progresso da destruição tecidual.
Tripsina - é a enzima pancreática que digere as proteínas e a sua medição nas fezes é usada para o diagnóstico de Insuficiência Pancreática e pode ser parte dos exames para diagnóstico da Pancreatite Crónica.
Para investigar outras complicações causadas pela Pancreatite, o médico pode solicitar outros exames complementares, também na área das análises clínicas, como o Hemograma, Bilirrubina, Glicose, Cálcio, Magnésio e Proteína C reativa.
Por Germano de Sousa