Quando o seu carro faz um barulho estranho você não hesita em levá-lo logo à oficina. Mas quando lhe pedem para descrever o tal barulho ou em que altura reparou nele não consegue articular nada de especial. Se isto torna a situação um quebra-cabeças para o seu mecânico, imagine que a cena se desenrolava no consultório do seu médico.

A falta de informação é, de facto, uma armadilha para a relação paciente – médico e um factor relevante para o sucesso dos tratamentos.

A pensar exactamente nisto, Mehmet Oz, famoso cardiologista, e Michael Roizen, especialista na área do anti-envelhecimento, escreveram «You, the Smart Patient». Inspirados neste bestseller, fomos à procura de estratégias que a vão ajudar, a ajudar o seu médico...a ajudá-la a si.

Escolha certa

Um paciente inteligente é alguém empenhado em receber o melhor tratamento possível e cuja a primeira medida é escolher um bom aliado – o médico.

Uma selecção que deve ser feita com precisão, pedindo ajuda ao médico de família – o seu principal ponto de apoio – e tendo em conta aspectos do curriculum do especialista, para além da sua prática clínica, como actividades que este desenvolve na área do ensino.

Como lembra Manuel Carrageta, cardiologista, o médico «é o gestor de saúde do paciente. É ele que o vai ajudar a navegar no mundo da Medicina».

Herança genética

Se quer fazer parte do grupo dos pacientes inteligentes, investigue o historial médico da sua família. Segundo Manuel Carrageta, trata-se de «uma importante fonte de informação para o médico e uma forma barata e rápida de saber qual é o património genético do indivíduo».

É relevante também que, depois do seu problema ter sido diagnosticado, se informe sobre ele junto do médico ou até mesmo recorrendo a ferramentas de pesquisa como a Internet.

Questione a duração prevista da patologia, os tipos de tratamento e se existe algum grau de incapacidade associado. Se for confrontado com uma decisão importante, como uma operação, pode e deve pedir uma segunda opinião.

Bom senso

Inteligente é também o paciente que se preocupa com a sua saúde, mesmo quando não está doente. Manuel Carrageta aconselha que uma vez por ano se visite o médico para uma consulta de rotina. Doenças como a hipertensão são assintomáticas e um simples check-up pode fazer a diferença.

Muitas vezes espera-se demasiado tempo para visitar o médico e só quando a doença se encontra numa fase aguda é que se procura ajuda, frequentemente nas urgências dos hospitais, quando na verdade este adiamento pode mesmo colocar a sua vida em risco.

Clinicamente correcto
Conselhos para uma comunicação eficaz entre si e o seu médico

1. Diga pormenorizadamente tudo o que sente ao seu médico.
2. Leve uma lista dos medicamentos que está  a tomar.
3. Mencione qualquer sintoma que tenha surgido associado  à medicação que está a fazer.
4. Não saia da consulta com dúvidas. Coloque questões  ao médico.
5. Não esconda do seu médico tópicos relacionados com  a sua vida sexual.
6. Seja sincero sobre o consumo de substâncias como álcool ou tabaco.

Texto: Paula Nascimento com Manuel Carrageta (presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia)