E o prémio vai para... a Genética. Prova da importância que esta área de investigação tem na Medicina, a edição do prémio Nobel decidiu galardoar, um destes anos, uma equipa de geneticistas (Mario Capecchi, Martin Evans e Oliver Smithies), que introduziu alterações genéticas específicas em ratos através de células estaminais.


Apesar do contexto aparentemente distante, uma investigação como esta poderá ter muito impacto na saúde humana. Isto porque permite, dizem os especialistas, compreender o papel que determinados genes têm numa doença e o modo de acção de uma terapia genética. Um pouco por todo o mundo, surgem novos avanços na Medicina. Eis um retrato de inovações que, mais cedo ou mais tarde, poderão fazer parte do nosso dia-a-dia.

Cancro

O cancro do colo do útero é o segundo mais comum na mulher e, a par com a vacina já disponível, cientistas tentam aperfeiçoar os métodos de rastreio. Patologistas do VU University Medical Centre (Amsterdão) estão a desenvolver um teste de ADN que detecta a predisposição para se vir a sofrer da doença.

De acordo com The Lancet, o teste ADN para o papilomavírus humano detecta lesões no colo do útero mais cedo do que outra técnica citológica. Além de facilitar o rastreio, o teste permitirá uma detecção 50 por cento superior de lesões potencialmente pré-cancerosas.

Pânico

A perturbação do pânico é uma patologia do foro mental, onde a Genética também tem dado frutos. Especialistas do University of Iowa College of Medicine estão a conceber um teste que mede a expressão genética nos linfócitos do sangue para detectar a patologia.

A informação obtida por esta análise poderá ser relevante no diagnóstico, actualmente feito pela identificação de sintomas (de uma lista de 13 definidos pela American Psychiatric Association) e permitir uma conclusão mais objectiva, defendem os autores do estudo.

Gravidez

Pesquisas recentes têm apresentado a análise do ADN como a alternativa não-invasiva ao teste da amniocentese, usado actualmente na identificação de patologias como a síndrome de Down.

Noutra investigação, ainda no domínio da saúde fetal, o objecto de estudo foi o sangue da mulher que, segundo os especialistas do New England Medical Center, contém biomarcadores que poderão possibilitar o diagnóstico pré-natal de patologias genéticas.


Veja na página seguinte: Os últimos avanços para tratar a diabetes

Diabetes

Inspire, expire e saberá o nível de açúcar no sangue. Tão simples quanto isto!

Este é o método não-invasivo que cientistas da Universidade da Califórnia pretendem criar para a medição dos níveis de glicemia em diabéticos, em vez da picada na pele.

A ideia surgiu durante estudo em que, recorrendo a um teste de poluição atmosférica, especialistas verificaram que crianças com diabetes tipo 1 exalavam uma concentração dez vezes superior de nitrato de metilo quando estão em hiperglicemia. Outras variáveis estão em análise para definir o perfil gasoso da diabetes e criar um aparelho que avalie os níveis com (ainda) maior exactidão.


Sabia que...

É possível prever o risco de enfarte ou acidente vascular cerebral em apenas 12 minutos. O teste sanguíneo, recomendado pela Sociedade Europeia de Cardiologia, já está disponível nos hospitais nacionais e destina-se ao diagnóstico e prognóstico de doentes com insuficiência cardíaca.

Texto: Manuela Vasconcelos