«O corpo humano está geneticamente preparado para viver até aos 120 anos», a afirmação é de Francisco Llano Corona, especialista em medicina anti-aging, e corroborada por muitos outros especialistas.

No entanto, não estamos a atingir essa idade com frequência, nem com a qualidade de vida pretendida. Uma das áreas que pretende mudar este quadro é a genética. «Num futuro próximo seremos capazes de controlar a comunicação entre os genes e alterar os que têm defeitos», conclui.

Medicina personalizada

Enquanto isso não é possível é necessário atuar preventivamente, o que nos conduz a uma das áreas mais fascinantes da genética na atualidade, a medicina preditiva. Os testes genéticos são a principal ferramenta desta medicina.

«Já existem vários disponíveis em toda a Europa, que nos ajudam a saber qual o risco do paciente desenvolver certas doenças como hipertensão, doença cardiovascular, diabetes, obesidade, osteoporose e até envelhecimento prematuro ou reações adversas a fármacos», refere o especialista em medicina anti-aging.

Plano de prevenção

O envelhecimento, ou melhor, a senescência (envelhecimento celular), como explica Francisco Llano Corona, começa por volta dos 25 anos. Portanto, para um verdadeiro plano preventivo é nesta fase que devemos recorrer aos testes genéticos. «Se um tipo de gene predispõe uma pessoa para uma doença específica, não é uma sentença, mas sim uma oportunidade para podermos realmente atuar», explica.

A par da medicina preditiva surge assim a medicina regenerativa em que «aplicamos uma ou mais terapias para prevenir os danos celulares e manter o equilíbrio do organismo para que as células, os tecidos e os órgãos possam ter o melhor ambiente para se regenerar», refere.

O papel da alimentação

Também a nível genético a alimentação tem um papel importante, daí o aparecimento de disciplinas como a nutrigenética e a nutrigenómica, que estudam a interação entre os alimentos e os genes e que defendem que o regime alimentar deve ser personalizado, de acordo com o código genético.

«Devemos ver a alimentação como um veículo de mensagens moleculares. Tais moléculas podem afetar os nossos genes, ligando ou desligando alguns deles, modificando várias funções celulares.

Se fazemos três refeições por dia significa que interagimos três vezes por dia com os nossos genes», defende Francisco Marotta, gastrenterologista e especialista em nutrigenómica.

Dieta funcional

A evidência científica mais consistente relacionada com a nutrição e a longevidade tem a ver com a restrição calórica. «Uma redução do consumo calórico reduz o metabolismo logo, a produção de radicais livres. Descobrimos também que existem substâncias naturais que imitam essa restrição calórica, entre elas o resveratrol, um antioxidante presente no vinho», refere este especialista que olha para os antioxidantes com algumas reservas.

«O segredo nem sempre está em adicionar algo mas sim no equilíbrio e, neste caso, penso que provavelmente seja mais importante estabelecer um equilíbrio oxidante/antioxidante no organismo. Exemplo disso, é o efeito de um nutracêutico específico (uma preparação de papaia fermentada), que embora não contenha antioxidantes ajuda a modular o equilíbrio intracelular oxidante/antioxidante».

Testes genéticos

Vários laboratórios europeus realizam testes para avaliar a predisposição genética para determinadas doenças.

Alguns dos testes mais usados incluem:

- Perfil genético para osteoporose

- Perfil nutrigenético

- Perfil genético dermatológico

- Perfil farmacogenético

- Perfil genético cardiovascular

- Perfil genético do envelhecimento

Fonte: Francisco Llano Corona, especialista em Medicina Anti-Aging

Texto: Vanda Oliveira com Francisco Llano Corona (especialista em medicina anti-aging e em medicina estética) e Francesco Marotta (gastrenterologista e especialista em nutrigenómica)