A utilização de estratégias contracetivos remonta às civilizações mais antigas, nomeadamente os egípcios e gregos. Na Europa os preservativos começaram a ser utilizados no século dezasseis, inicialmente para prevenir a sífilis e posteriormente para prevenção de gravidez.

O desenvolvimento da pílula contracetiva iniciou-se nos Estados Unidos na década de 20 do século XX, pela fundação American Birth Control League que financiou os estudos para o desenvolvimento da primeira pílula contracetiva. Esta fundação foi liderada por duas feministas que consideraram que nenhuma mulher pode ser livre se não controlar o seu corpo, nenhuma mulher pode ser livre enquanto não poder escolher conscientemente se quer ou não ser mãe.

A primeira pílula foi aprovada nos Estados Unidos em 1957, inicialmente para controlo de alterações da menstruação e posteriormente para contraceção. Atualmente os métodos hormonais são utilizados por milhões de mulheres em todo o mundo.

90% das mulheres utilizam um método contracetivo

A mulher do século XXI tem disponíveis vários métodos contracetivos, adaptadas às várias preferências e necessidades durante a idade fértil. Segundo o último inquérito referente às práticas contracetivas das mulheres portuguesas de 2015, as principais conclusões das sociedades envolvidas, Sociedade Portuguesa de Ginecologia e Sociedade Portuguesa da Contraceção, são que mais de 90% das mulheres utilizam um método contracetivo.

A pílula é o método principal, representando 60%, seguido do preservativo masculino, cerca de 14% e dos dispositivos intrauterinos, cerca de 12%. As fontes de informação sobre contraceção são predominantemente para as mulheres mais jovens a internet e os amigos e para as mulheres mais velhas os profissionais de saúde. Cerca de 70% das adolescentes teve acesso a educação sexual na escola.

Quem aconselha o método de contraceção é maioritariamente o médico e 50% adquire o contracetivo no Serviço Nacional de Saúde. No entanto 22% das utilizadoras mencionou esquecimentos frequentes e a maioria aborda esta situação com o farmacêutico.

Relativamente à área da contraceção de emergência, 88% das mulheres sexualmente ativas conhece a pílula de emergência e 17% afirma já ter utilizado.

As infeções sexualmente transmissíveis também são uma preocupação para 80% das mulheres, uma vez que pensam concomitantemente nesta prevenção e na contraceção. Considerando a comparação com o último inquérito de 2005, nos últimos 10 anos verificou-se uma tendência para o maior uso de métodos não dependentes da utilizadora. De fato, em 81% das mulheres, a sua qualidade de vida melhorou com o uso de contraceção.

Na Europa, a pílula contracetiva é o método mais popular, com utilização superior em França, cerca de 50%, e menor na Rússia e países Bálticos, que também são os países onde se reportou maior utilização de métodos tradicionais menos eficazes. Os dados Europeus indicam que a ausência de método contracetivo consistente é inferior a 30%. A utilização de métodos de longa duração como o implante contracetivo, injetáveis, dispositivo intrauterino hormonal e de cobre, é mencionada em cerca de 10% das mulheres Europeias, sobretudo após os 30 anos.

As opções contracetivas incluem influência de diversos fatores na escolha mais ajustada e livremente assumida pela mulher e pelo casal, como a idade, o estado de saúde, a cultura e crenças religiosas, os objetivos em termos de planeamento familiar, o mecanismo de ação dos vários métodos, a eficácia contracetiva e os efeitos secundários. Apesar da pílula ser o método contracetivo mais utilizado não é, no entanto, adequada a todas as mulheres, nomeadamente as que têm frequentes e repetidos esquecimentos relacionados com a toma diária, motivado pelo dia-a-dia muito ativo e agitado. Neste sentido, verifica-se no contexto atual uma tendência para métodos menos dependentes da utilizadora.

A investigação tem procurado novas soluções para a promoção e desenvolvimento de novas possibilidades. Apostar na inovação na área da contraceção é essencial, ainda para mais tendo em conta o facto de as mulheres portuguesas terem uma grande adesão aos métodos contracetivos, especialmente a pílula.

Neste contexto destaca-se a utilização de métodos hormonais com mecanismo de ação equivalente à pílula diária mas com outra forma de administração, como o anel vaginal e o selo transdérmico, que não dependem da toma diária e portanto com melhor adesão e menor falha contracetiva.

Novo mini adesivo contracetivo

Recentemente surgiu uma inovação em contraceção transdérmica, um selo de fácil aplicação, pequeno e esteticamente mais atrativo, que pretende ser uma solução privilegiada para as mulheres que não estão satisfeitas com a contraceção atual, quer seja pelo esquecimento ou por outro motivo como o controlo do seu método. O novo mini adesivo contracetivo é um método de contraceção constituído por um fino adesivo que se aplica sobre a pele e liberta baixos níveis hormonais e constantes para a corrente sanguínea que impedem a ovulação.

Para além da eficácia contracetiva, os métodos hormonais destacam-se pelos benefícios não contracetivos como a regularização da menstruação, da dor menstrual, redução do fluxo, regulação hormonal que controla o acne e a pilosidade e que se consideram uma mais-valia para a mulher moderna com uma vida social e profissional ativa.

Os estudos epidemiológicos têm também apontado o papel destes métodos na prevenção de alguns cancros, nomeadamente o cancro do ovário, o cancro do endométrio e o cancro colorretal.

Por  especialista de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Universitário de Coimbra