Os antihipertensores da classe dos modificadores do eixo renina angiotensina, os antidislipidémicos e os modificadores da secreção gástrica são os medicamentos genéricos que lideram a lista dos mais receitados pelos médicos, em Portugal.

De acordo com os últimos dados do Observatório do Medicamento e Produtos de Saúde do Infarmed, referentes a janeiro de 2012, estes três grupos terapêuticos representam 37 por cento das vendas.

Entre os genéricos, a substância ativa mais vendida continua a ser a sinvastatina, um antidislipidémico indicado para o colesterol, para a qual existem atualmente 154 diferentes apresentações no mercado, menos 20 que em 2011. Ainda assim, esta continua a ser a substância com maior número de medicamentos genéricos disponíveis no mercado.

Segundo o relatório do Infarmed, os medicamentos genéricos representavam, em 2010, cerca de 17,31 por cento da quota de mercado dos fármacos em Portugal, cobrindo já um grande número de doenças crónicas, associadas a terapêuticas de custo elevado. No início de 2012, a quota de genéricos no seu mercado concorrencial situa-se nos 42,5 por cento.

«Existem, por exemplo, medicamentos genéricos para tratamentos da dislipidemia (redução dos níveis de colesterol e lípidos no sangue), para patologias do sistema nervoso central, para a depressão e também para doenças cardiovasculares», garante Paulo Lilaia, presidente da APOGEN, Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos.

Quando questionado sobre as áreas onde são mais escassos, Paulo Lilaia refere que «apesar estarem praticamente em todos os campos terapêuticos, continuam a faltar para o sistema nervoso central e para a área cardiovascular, nas quais é expectável que ainda surjam mais genéricos».

Análise do mercado

O segmento de medicamentos genéricos registou, em janeiro de 2012, uma redução de 15,2 por cento em valor e um crescimento de 15,4 por cento em volume face a janeiro de 2011. «Esta evolução do mercado decorre da elevada concorrência oa nível de preços que resulta numa tendência de redução dos mesmos. Com base nos dados observados, conclui-se que o preço médio global dos medicamentos genéricos tem vindo a descer de forma sustentada desde o segundo semestre de 2010», refere o relatório do Observatório do Medicamento e Produtos de Saúde do Infarmed.

«Em janeiro de 2012 foi atingido o valor mínimo dos últimos cinco anos, registando um decréscimo de 58,2 por cento comparativamente a igual mês de 2007. Em média, um medicamento genérico custam em janeiro de 2012 menos 3,7 euros do que em janeiro de 2011. Este comportamento do mercado traduz-se num crescimento da quota de mercado em volume de 21 por cento em janeiro de 2011 para 24,5 por cento no mesmo período de 2012», refere ainda o relatório.

O panorama português não apresenta diferenças significativas em relação ao europeu, «embora se possam verificar divergências pontuais no tipo de medicamentos mais consumidos entre o norte e o sul da Europa», refere Paulo Lilaia. Certo é que os genéricos já permitiram aos países da União Europeia poupar cerca de 30 mil milhões de euros, segundo a Associação Europeia de Medicamentos Genéricos.