Nesta década da vida, o humor estabilizará, a aparência da pele melhorará e o sono voltará a ser reparador. Por outro lado, os ossos merecem atenção especial e o risco de doença crónica aumenta. Mas o seu corpo agradecer-lhe-á se continuar a cuidar dele.

«Até ao início do século passado, as mulheres morriam pouco tempo depois de entrar na menopausa. Hoje, após a menopausa, a mulher tem mais 30 anos de vida, ou seja tantos anos quanto os que já tem de vida adulta, com a vantagem de ter mais experiência, maturidade e estabilidade financeira e os filhos já serem crescidos. Esta crise pode servir para reinventar-se e redescobrir-se: recuperar projectos há muito adiados, redescobrir outros talentos e prazeres ou investir na carreira profissional», conclui Maria João Fagundes, psicóloga.

Efeito «ninho vazio»

Isto acontece quando a mulher investe na família e em detrimento de outras dimensões da sua vida, como a pessoal, a social e a profissional, como explica a psicóloga Maria João Fagundes: «De repente, os filhos saem de casa e a mulher que se sentiu sempre indispensável, vê-se desvalorizada, sem ninguém para cuidar. Se, para além disso, não houve um investimento na relação a dois, o parceiro parece-lhe um estranho com quem não tem nada para conversar, quando afinal esta é a pessoa com quem ela escolheu viver e que vai estar a seu lado nos próximos 20 ou 30 anos. Para que o casal não seja apenas um duo que coabita, é preciso voltar a investir na relação.»

Dieta modeladora

Com o fim da menopausa muitas mulheres procuram uma nova dieta para perder o peso acumulado na década anterior. «É um facto que muitas mulheres ganham peso devido não só ao aumento dos níveis de gordura corporal, como à acumulação de líquidos», refere Alexandre Fernandes, nutricionista.

Uma dieta rica em fruta e legumes, pobre em gorduras saturadas e sal, bem como a ingestão diária de 1,5 litros de água são boas estratégias. No entanto, «o ideal é ser prescrito um plano alimentar estruturado, hipocalórico e personalizado, por isso, aconselho uma consulta de nutrição e avaliação da composição corporal feita por um especialista», diz.

Ossos fortes

A massa óssea atinge o seu pico aos 25 anos. «Esta mantém-se mais ou menos inalterada até por volta dos 50 anos, altura em que há um decréscimo fisiológico, que pode ser mais ou menos acentuado», diz Augusto Faustino, reumatologista.

Como prevenção, o especialista recomenda: «Uma ingestão de lacticínios que conduza a uma absorção diária de cerca de 1500 miligramas de cálcio. Duas porções bastam desde que não tenha uma dieta muito restritiva e não seja vegetariana. Para uma pessoa que também coma manteiga, queijo, dois copos de leite ou um copo de leite e um iogurte bastam.»

Falhas de memória

A diminuição de estrogénios pode influenciar o desempenho cognitivo, afectando sobretudo a memória. «É natural que algumas mulheres receiem ser postas de lado no emprego, numa altura em que se sentem mais cansadas e com algumas dificuldades de memória», refere Maria João Fagundes, psicóloga.

No entanto, convém perceber que as suas competências não diminuem – hoje têm mais experiência e maior capacidade de análise. «O grande inimigo do desempenho é o desânimo. Não se isole, nem deixe de se desafiar. Aprender uma língua estrangeira e fazer coisas diferentes estimula cognitivamente», alerta a psicóloga.

«Usar uma agenda, escrever os recados ou fazer listas são boas estratégias para superar as falhas de memória comuns nesta idade», recomenda ainda a especialista.

Dica de beleza

Habitualmente, a partir desta fase, como consequência normal do envelhecimento, o cabelo perde volume, torna-se mais fino e reduz progressivamente a quantidade.

Para travar a situação «tome periodicamente suplementos alimentares para a queda de cabelo, os quais devem conter isoflavonas de soja», refere Manuela Paçô, dermatologista.

Rotinas imprescindíveis

«Após a menopausa, a mulher entra em pós-menopausa para o resto da vida. Tem de fazer ecografias da mama e pélvicas pelo menos de dois em dois anos, bem como os exames médicos de rotina uma vez por ano.

Em algumas mulheres, muitos sintomas perduram para o resto da vida e os cuidados com a pele, o cabelo, a vagina e a saúde em geral têm de ser mantidos.

Os estímulos culturais e sociais são importantes para a manutenção da boa saúde mental», refere Isabel do Carmo, endocrinologista.

Cancro da mama

A menopausa tardia, para além dos 55 anos, está associada a maior risco de cancro da mama. No entanto, independentemente da idade de início da menopausa é fundamental manter o auto-exame da mama, as consultas médicas e a mamografia anual. «Com o final da menstruação, escolha um dia certo do mês para fazer o auto-exame e mantenha a periodicidade mensal», recomenda Ana Paula Avillez, médica imagiologista.

Rastreio do cólon

Nesta fase, deve realizar a sua primeira colonoscopia para a detecção precoce do cancro do colo-rectal. Se os resultados forem normais, repita o exame de cinco em cinco anos.

Para saber mais sobre os exames recomendados nesta faixa etária clique aqui

Texto: Vanda Oliveira com Alexandre Fernandes (nutricionista), Ana Paula Avillez (médica imagiologista), Augusto Faustino (reumatologista), Hugo Vieira Pereira (fisiologista do exercício), Isabel do Carmo (endocrinologista), Manuela Paçô (dermatologista) e Maria João Fagundes (psicóloga)