Em estudo encontram-se ainda novas formas de aplicação desta medicação em alternativa aos colírios (gotas), por intermédio de compostos de libertação prolongada inseridos na via lacrimal ou injetados no próprio olho e que libertam o fármaco de forma constante minimizando os frequentes problemas associados à dificuldade de aplicação diária da medicação.

É expectável que nos próximos 2-3 anos os vários ensaios clínicos em curso se traduzam em novas moléculas para complementar o arsenal terapêutico disponível para os nossos doentes, atrasando ou evitando as intervenções cirúrgicas.

Na vertente cirúrgica, as cirurgias minimamente invasivas (MIGS do acrónimo em inglês), muitas vezes realizadas em combinação com a cirurgia de catarata, têm vindo a conquistar adeptos ao complementar a oferta no tratamento do glaucoma, ocupando o espaço entre o tratamento com colírios ou laser e a cirurgia filtrante clássica, mais invasiva e sujeita a maiores complicações.

Nas cirurgias filtrantes, de eficácia já estabelecida há décadas, tem sido dedicado esforço na procura de formas de reduzir as complicações pós-operatórias e aumentar a eficácia a longo prazo dos procedimentos. O recurso a novas técnicas de sutura, cirurgias não-penetrantes, o uso de implantes e laser como complemento à cirurgia têm contribuído para esse objetivo.

Por último, o uso de próteses (tubos ou válvulas) para reduzir a pressão ocular afirmou-se definitivamente na última década como uma alternativa em glaucomas de controlo mais difícil e de pior prognóstico com outras modalidades de tratamento.

O futuro do tratamento do glaucoma promete portanto maior diversidade e versatilidade de opções terapêuticas aos nossos doente e não poderia vir em melhor altura, já que se espera um aumento da incidência desta doença, prevendo-se que atinja 80 milhões de pessoas em todo o mundo até 2020.

Por José Moura Pereira, Médico Oftalmologista no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra e coordenador do Grupo Português do Glaucoma, e Mário Cruz, Médico Oftalmologista no Centro Hospitalar Tondela-Viseu