Para muitas pessoas, o peso ideal pode ser conseguido com algum cuidado na alimentação e com exercício físico. Para estas, uma mudança moderada nos hábitos diários faz verdadeiros milagres, levando-as a conseguirem atingir os seus objectivos.

No entanto, para outras pessoas, acima do peso, as mudanças não causam os resultados esperados, deixando-as frustradas. A diferença pode estar nos factores de risco genéticos que resultam numa tendência para se ganhar peso desde a nascença.

O facto de uma pessoa saber que tem genes da obesidade vai fazer com que tome medidas preventivas o quanto antes, com a ajuda dos profissionais competentes. Daí a importância de se fazer um teste genético nesta área.

Comer representa a maior interacção dos humanos com o meio ambiente. Todos os alimentos que ingerimos e todos os nutrientes que são absorvidos pelo nosso trato gastrointestinal poderão representar riscos ou benefícios.

O nosso estado nutricional condiciona-nos no combate à doença ou, inversamente, poderá tornar-nos mais susceptíveis a ela. Os nutricionistas continuam à procura da dieta que trará à população um estado de saúde perfeito.

É do conhecimento geral que a deficiência de certos nutrientes pode promover o risco de doença, no entanto, o equilíbrio nutricional pode variar de indivíduo para indivíduo, ou seja, o que poderá provocar doenças a uma pessoa poderá dar saúde a outra.

São vários os factores que podem intervir na saúde do indivíduo, tais como o metabolismo do mesmo, o ambiente que o rodeia, o estilo de vida e a sua própria genética.

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Conhecimento genético
Existe uma tendência generalizada nas sociedades modernas para o autoconhecimento genético, proporcionada pelos esforços bem sucedidos, desde 2001, de descodificação total do genoma humano, que envolveu um enorme esforço da comunidade científica mundial.

Hoje em dia, os consumidores beneficiam assim de um novo serviço proporcionado pelos laboratórios de genética, que revelam os riscos de que cada um de nós é portador desde a infância, inscritos no nosso próprio ADN (ex.: o maior ou menor risco para desenvolver doença de Parkinson, intolerância à lactose, artrite reumatóide, diversos tipos de cancro, obesidade, etc.).

Muitas das variações genéticas do ADN que contribuem para esses riscos foram já descobertas por estudos de associação levados a cabo pela comunidade científica, mas muitas outras variantes (e talvez mais importantes) estão ainda por descobrir, adivinhando-se uma era repleta de nova e importante informação.

A opinião generalizada dos médicos é que se trata de uma excitante e nova fonte de informação, que poderá contribuir para a sua missão de proporcionar melhores cuidados de saúde aos pacientes. No entanto, ainda existe uma quantidade de trabalho adicional a levar a cabo pela comunidade clínica e científica para que isso ocorra.

Os testes genéticos deverão assim ter utilidade para fins de diagnóstico e prevenção, para que os utilizadores deste serviço possam, juntamente com o seu médico e/ou nutricionista, utilizar a nova informação como um contributo à definição de um estilo de vida saudável.

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Variação dos genes
Durante os últimos anos, estudos de grande escala têm identificado vários genes com variações comuns associadas à obesidade. Hoje, é possível, com a análise de 5 genes e entre eles de 8 variações, tirar conclusões sobre a sua intervenção no nosso organismo, sendo também possível programar a inibição ou activação dos mesmos de modo a ir ao encontro das nossas necessidades.

Os genes em análise são: ADBR, FTO, MC4R, APOA e PPARY. Todos eles indicam a pré-disposição para o excesso de peso, obesidade, tendência para a diabetes mellitus 2, doenças cardíacas, adiposidade localizada, etc.

Contrariar a hereditariedade
E se soubesse que o seu futuro passa pela obesidade porque os seus genes assim o ditam? Diríamos que colocava imediatamente mãos à obra para contrariar essa tendência.

Ter um pai, um avô e um irmão diabéticos insulinodependentes é quase certamente que, sendo esta uma doença também hereditária, a pessoa também o será, no entanto, podemos sempre aumentar a nossa qualidade de vida, bem como tentar contrariar este factor de hereditariedade. E há quem consiga, promovendo atitudes que vão contra esta doença.

Assim, já que não podemos mudar os genes, podemos sim mudar os nossos hábitos de vida, pois os genes podem ser “neutralizados”/estimulados através de suplementos/alimentação e exercício físico. É claro que cada caso é um caso e não há um plano tipo para a pré-disposição genética.

Por isso, estrutura-se um plano alimentar segundo a resposta dos genes em análise. Se estes genes necessitarem de ser suprimidos será planificada uma determinada estratégia e se necessitarem de ser estimulados será de outra forma.

Resumindo, esta pessoa terá de ter os cuidados que qualquer pessoa deverá ter (alimentação cuidada e exercício físico), no entanto, tem de ser mais perseverante, pois qualquer distracção poderá fazer aumentar o seu peso, comprometendo a estética e a saúde.

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Testes genéticos – ferramenta preventiva
O autoconhecimento genético proporcionado pelos exames de ADN, que já se fazem em algumas clínicas em Portugal, indicam-nos a predisposição genética para a obesidade, funcionando desta forma como ferramenta adicional preventiva.

A leitura dos genes, bem como a alteração de hábitos de vida, deverá ser sempre feita juntamente com o nutricionista, para que o objectivo de uma vida mais saudável seja mais fácil de alcançar. Por que haveríamos de deixar passar a possibilidade de corrigir essa tendência?

Se coxeássemos, tentaríamos corrigir essa condição colocando uma palmilha própria com a indicação de um fisioterapeuta, logo, contrariar a tendência genética sabendo que a temos é fácil com a ajuda dos profissionais indicados. A genética pode assim ajudar a controlar a tendência para o excesso de peso.

Edição:Stela Martins

Texto:Magda Roma, nutricionista, responsável pelo Departamento de Investigação e Diagnóstico, Clínicas Persona

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