Há uma grande variedade de pílulas no mercado e, nos últimos anos, a quantidade de estrogénio nos contracetivos hormonais combinados tem vindo a ser reduzida, "o que melhora a segurança e a tolerância à pílula", garante Isabel Martins, médica de ginecologia e obstetrícia e especialista em planeamento familiar. No documento "Consenso sobre Contracepção", publicado em 2011, lê-se que "a maioria das mulheres que utilizam contraceção é saudável".

"Pelo que todos os métodos de contraceção podem ser usados sem restrições", sublinhava ainda o documento, datado do início desta década. Aliás, para Isabel Martins, especialista em planeamento familiar, "a contraceção hormonal combinada, além da prevenção da gravidez não desejada, tem vários benefícios não contracetivos". Naturalmente que, para reduzirem o risco de gravidez indesejada, estes anticoncecionais impedem a ovulação.

Melhoram a acne, diminuem o risco de neoplasias do endométrio, do ovário e cancro colonretal, reduzem as dores relacionadas com a menstruação (dismenorreia), regularizam o ciclo e reduzem o fluxo de sangue, garantem especialistas. Segundo Isabel Martins, "o desejo da mulher" é o fator determinante no aconselhamento de certo método contracetivo. Isto é, aquilo que a mulher pretende obter do anticoncecional.

Mas isso não significa que possamos escolher uma pílula sozinhas e muito menos fazer depois uma autogestão da mesma. Antes, devemos procurar um médico que recomende o método contracetivo mais adequado. Um aconselhamento personalizado feito com base em critérios de elegibilidade como a idade da mulher, os seus hábitos de vida (nomeadamente tabágicos), o estado de saúde e patologias já diagnosticadas.

Riscos e efeitos secundários

O historial ginecológico e obstétrico da mulher também deve ser avaliado e tido em conta. O objetivo é despistar potenciais contraindicações, pois, como adverte o documento "Consenso sobre Contracepção", existem certas "condições médicas em que o uso de alguns contracetivos é susceptível de aumentar os riscos para a saúde".  Doenças como a obesidade, a diabetes e a hipertensão arterial são alguns dos fatores preocupantes.

Muitos estão associados ao risco de formação de coágulos nas veias. Uma mulher que sofra destas condições deve consultar o seu médico para saber se pode tomar algum anticoncecional. De acordo com um relatório da Sociedade Portuguesa da Contracepção e da Sociedade Portuguesa de Ginecologia, por ano, em todo o mundo, cerca de 12 a 20 mulheres utilizadoras de pílulas de baixa dosagem, em cada 100.000, sofrem um tromboembolismo venoso.

Esta é uma consequência grave, mas rara, do uso de contracetivos hormonais combinados. E, embora a incidência deste efeito faça soar alarmes na sociedade, a classe médica não recomenda a suspensão do uso da pílula, como têm vindo a alertar inúmeros especialistas, nacionais e internacionais, nas suas consultas, nas suas intervenções em conferências, congressos e seminários médicos e também em livro e em programas de televisão.

Mais métodos contracetivos

Caso já não queira ter mais filhos ou não queira ter filhos, pode também optar por estes anticoncecionais:

- DIU de cobre

Este dispositivo intra-uterino "mantém a regularidade do ciclo característico daquela mulher, mas aumenta o fluxo menstrual", esclarece Isabel Martins.

- DIU medicado

Tem como base a hormona progesterona, "o que pode ser visto como uma vantagem, pois a mulher pode ficar em amenorreia durante esse período", refere a especialista. É recomendado como terapêutico para mulheres que sofram de hemorragias vaginais abundantes e história de anemia.

- Implante

"Existe um mau controlo do ciclo", refere Isabel Martins. Tanto pode ocorrer amenorreia, como continuarem as hemorragias, ou ainda a mulher ter spotting diário.

O método contracetivo mais indicado para si

Antes de começar a tomar qualquer tipo de anticoncecional, deve falar com o seu médico ou ginecologista. Cada mulher tem um organismo diferente, pelo que não se deve guiar pela pílula que as suas amigas tomam. Veja as três sugestões de Isabel Martins, médica de ginecologia e obstetrícia e especialista em planeamento familiar.

1. Se apenas deseja regular o período, os métodos contracetivos combinados "são ideais e tem três vias de administração, oral (pílula), vaginal (anel vaginal) e transdérmica (adesivo)", esclarece a ginecologista. Enquanto a primeira requer que a utilizadora tome todos os dias o comprimido, o anel vaginal é aplicado mensalmente e o adesivo semanalmente.

2. Se não quer engravidar nos próximos anos, porque já tem filhos ou porque ser mãe não está nos seus planos, "tanto o implante como o DIU são boas opções e a fertilidade retoma ao normal após a remoção do método", assegura Isabel Martins. A eficácia destes métodos "não depende da utilizadora", sublinha, no entanto, a médica.

3. Durante a amamentação, a especialista recomenda "as pílulas só com progestativos", também indicadas para mulheres com mais de 35 anos ou fumadoras (mais 15 cigarros por dia).

A pílula tem um parceiro de longa data

O preservativo foi considerado o método contracetivo primário até 1960, quando a pílula (contraceção hormonal) foi inventada. Ainda assim, é a melhor forma de prevenir as doenças sexualmente transmissíveis. Se não é tradicionalmente adepta deste meio de contraceção, descubra os três conselhos que vão fazer com que passe a gostar mais dos preservativos.

Texto: Filipa Basílio da Silva