Como diz o ditado, somos o que comemos e o que a nossa pele... revela! Um novo estudo realizado na Holanda revelou que as mulheres que aparentam ser mais jovens tendem a ter a pressão sanguínea baixa, o que significa que têm um risco mais reduzido de contrair doenças cardiovasculares. De um modo geral, essas mulheres são menos propensas a sofrer um ataque cardíaco ou um enfarte. É a prova de que a saúde também se reflete na nossa beleza exterior.

E é também a certeza de que um estilo de vida correto não só é mais saudável, como essencial para continuar bonita e prolongar a juventude. O aviso pode soar a lenga-lenga mas as sucesivas investigações que têm vindo a ser desenvolvidas ao longo das últimas décadas não deixam margem para dúvidas.

Aparência mais jovem é sinónimo de saúde

O estudo, realizado por cientistas da Leiden University Medical Center e da Unilever, empresa líder em produção de bens de grande consumo, também determinou a forte relação que existe entre a idade aparente de uma pessoa e as doenças cardiovasculares. Para chegarem a esta conclusão, as mulheres foram divididas em grupos de acordo com o seu risco de doença cardiovascular e o estudo concluiu que, as que tinham um risco menor aparentavam ser, no mínimo, dois anos mais novas do que as que estavam em outros grupos, com base em fotografias do seu rosto.

David Gunn, cientista sénior da Unilever, revela o que mais o surpreendeu. «Identificámos que a pressão sanguínea nos conduzia à relação que existia entre a doença cardiovascular e a aparência. É a primeira vez que a relação entre a pressão sanguínea baixa e a aparência jovem é comprovada. Esta descoberta permite-nos, assim, comunicar os benefícios de um estilo de vida saudável», afirma o investigador.

Manuel Carrageta, cardiologista e presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia, explica que «a tensão arterial alta é uma consequência direta do processo de envelhecimento, nomedamente do aparelho cardiovascular e, em particular, das artérias que transportam o oxigénio que alimenta a pele, frisando que «o processo de envelhecimento é um processo de conjunto, que ocorre em todos os órgãos. Se o coração não estiver saudável, isso irá refletir-se também na pele e na aparência».

O que esconde uma pele flácida?

Os cientistas descobriram ainda que a forma como a pressão sanguínea se manifesta no rosto de uma pessoa não é através de rugas, mas naquilo a que chamamos de pele flácida. E, segundo David Gunn, «em investigações futuras, vai ser possível localizar, em detalhe, no rosto, a pressão sanguínea de uma pessoa». Numa outra conclusão do mesmo estudo, constatou-se a relação que existe entre o envelhecimento da pele e a esperança média de vida.

Os homens que vêm de famílias com elevada esperança média de vida aparentam ser muito mais jovens do que o grupo de controlo da mesma idade. E tanto as mulheres como os homens de famílias que tenham uma esperança média de vida elevada têm menos rugas no antebraço do que o grupo de controlo da mesma idade.

Quanto ao envelhecimento da pele e à sua relação com a saúde cardiovascular, Manuel Carrageta esclarece que «a pele é alimentada pela circulação sanguínea e se o aparelho cardiovascular está envelhecido, o sangue não vai chegar nas melhores condições à pele».

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As pessoas mais bonitas vivem mais tempo?

Esta é a primeira descoberta que prova que a aparência jovem de uma pessoa está intimamente ligada à longevidade de uma família e a primeira vez que se sugere que a nossa esperança de vida pode estar associada ao ritmo de envelhecimento da nossa pele. David Gunn afima que «as primeiras conclusões deste estudo indicam que as famílias que envelhecem de forma saudável também são dotadas de um envelhecimento da pele mais lento e, no caso dos homens, de uma aparência mais jovem».

«A próxima fase, adianta o investigador «é compreender o que acontece no interior da pele destes indivíduos para conhecer mais sobre os seus segredos de envelhecimento», acrescenta ainda. Os investigadores esperam que os resultados deste estudo sejam mais um incentivo para se adotar um estilo de vida saudável e para a monitorização regular de importantes parâmetros de saúde, como a pressão sanguínea, uma vez que esses fatores têm, não só um impacto na saúde, como podem afetar a aparência física.

O especialista Manuel Carrageta alerta que, «embora a hereditariedade tenho peso no processo de envelhecimento, ele é pouco significativo. Entre 80 a 85 por cento do envelhecimento, [inclusivamente da pele], depende do estilo de vida». Entre os hábitos mais saudáveis que devemos seguir, o cardiologista destaca a dieta mediterrânica.

«Devemos privilegiar as fontes de ómega 3, vitaminas e antioxidantes, a prática diária de exercício físico (se tiver pouca disponibilidade, faça duas sessões de 15 minutos, por dia) e a proteção solar, que não deve ser esquecida mesmo nos meses mais frios», recomenda ainda o especialista.

Texto: Sofia Cardoso com Manuel Carrageta (médico cardiologista e presidente da Fundação Portuguesa de Cardiologia)