Prevenir e tratar a doença com recurso a plantas medicinais é o objetivo da naturopatia. Esta é, a par da fitoterapia, acupuntura, homeopatia, osteopatia e quiroprática, uma das medicinas naturais reconhecidas pelo estado português, desde 2003.

O conjunto destas medicinas não convencionais é designado pela Organização Mundial de Saúde como medicina complementar e/ou alternativa.

Esta caracteriza-se por não utilizar produtos de síntese química no tratamento das patologias, mas apenas substâncias naturais. Entre neste mundo e descubra todos os benefícios que a natureza lhe oferece. Desde 2006, todos os meses, João Beles, naturopata, tem dado a conhecer aos leitores da Prevenir algumas das principais plantas medicinais utilizadas pela naturopatia.

A compilação desses textos, em conjunto com a pesquisa de novos estudos científicos que comprovam as aplicações terapêuticas dessas plantas, resultou no livro recentemente editado «Naturopatia – A Natureza Cura a Natureza», publicado pelas Edições Mahatma. Um guia de A a Z de plantas medicinais recheado de receitas caseiras com bases científicas, como as que selecionámos para si.

Problemas gastrointestinais

Açafrão-da-índia, aipo, alcachofra, alecrim, coentros, espargos, hortelã-pimenta, linhaça, lúcia-lima e papaia são algumas plantas indicadas para o tratamento de problemas gastrointestinais. Numa investigação realizada em pacientes com síndrome de cólon irritável, publicado na revista Digestive and Liver Disease, concluiu-se que a
hortelã-pimenta deve ser o tratamento de primeira linha para aliviar os sintomas gerais e melhorar a qualidade de vida destes pacientes. Acompanhe as refeições mais pesadas com uma salada temperada com coentros ou alecrim.

Doenças reumáticas

Abacate, açafrão-da-índia, aipo, harpalo, ulmária, ananás, alcaçuz, papaia e salgueiro-branco são plantas medicinais reconhecidas pelo seu poder analgésico e anti-inflamatório, importante no tratamento destas patologias. Num estudo publicado na revista Rheumatology, a utilização de 1600 mg de salgueiro-branco, ao longo de quatro semanas, em pacientes com lombalgia, provou ser tão eficaz quanto o fármaco rofecoxib.

Excesso de peso

Aipo, alfarroba, borragem, cacau, café, canela, chá verde, feijão,
figueira-da-índia, garcínia e laranja amarga são conhecidas na medicina
natural pelas suas propriedades adelgaçantes.

Num estudo do International Journal of Medical Sciences, 60 pessoas
com excesso de peso perderam três quilos e três centímetros após
ingerirem diariamente, durante um mês, 445 mg de extrato de feijão
branco antes de cada refeição rica em hidratos de carbono. Substitua o açúcar no café por canela em pó. Esta confere um sabor exótico, não contém calorias e ajuda a reduzir o apetite.

Cancro

Açafrão-da-índia, calêndula, chá verde, ginseng, tomate e alho são
amplamente utilizados como coadjuvantes em vários tipos de cancro,
durante ou após os tratamentos convencionais. Um estudo publicado pelo Journal of Clinical oncology concluiu que o
aparecimento de dermatite aguda, dor e a interrupção dos tratamentos de
radioterapia em mulheres com cancro da mama foi menor no grupo que fez a
aplicação tópica de calêndula do que nos pacientes que recorreram ao
protetor dermatológico habitualmente utilizado. Aos primeiros sinais de gripe ou de garganta inflamada tome (de
quatro em quatro horas) uma colher e meia (de sobremesa) de
açafrão-da-índia misturada com uma colher de mel.

Gripes e constipações

Açafrão-da-índia, alcaçuz, equinácea, orégãos e sabugueiro são
algumas das plantas indicadas no tratamento de gripes e constipações. Numa meta-análise de 14 estudos publicada no The Lancet Infectious Diseases, a equinácea diminuiu o risco de desenvolver uma gripe, em 58
por cento dos casos e o tempo de duração da gripe, em 1,4 dias.

Texto: Vanda Oliveira com João Beles (naturopata)