Chama-se Eletroforese das Proteínas séricas e constitui um método laboratorial para separar em frações as proteínas presentes no plasma humano, com base nas suas respetivas cargas elétricas com o intuito de diagnosticar anormalidades proteicas presentes no sangue.

Para além de inúmeras proteínas ainda não identificadas ou em via de identificação, o plasma humano contém mais de 500 proteínas identificáveis. As proteínas são elementos básicos importantes de todas as células e tecidos e são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento do organismo de forma saudável. Constituem a parte estrutural da maioria dos órgãos e formam as enzimas e hormonas que regulam o funcionamento do organismo.

A análise das concentrações de proteínas e suas proporções fornecem informações clinicamente úteis, tendo esta análise um papel fulcral no diagnóstico de patologias graves e crónicas.

A Eletroforese das Proteínas séricas realiza-se através da recolha de sangue periférico (a partir de uma veia do antebraço) no caso dos adultos e crianças. Nos recém-nascidos o teste é realizado através do calcanhar. Esta análise clínica é solicitada pelo médico quando se pretende avaliar o estado nutricional do paciente e despistar a existência de algumas patologias. Após a colheita o sangue coagula e soro obtido é submetido a uma carga eléctrica que num suporte adequado separa e faz migrar para sítios comuns proteínas com a mesma carga eléctrica

Como funciona?

A Eletroforese das Proteínas sérica separa as proteínas em 5 zonas bem diferenciadas: albumina, alfa-1-globulina, alfa-2-globulina, beta globulina e gamaglobulinas. A Albumina é a proteína mais abundante no plasma, respondendo a cerca de 60% da concentração total de proteínas e desempenha um papel chave em diversas funções do organismo, nomeadamente no transporte de diferentes substâncias e na manutenção da pressão oncótica, isto é, pressão gerada pelas proteínas no plasma sanguíneo.

A alfa-1-antitripsina responde a cerca de 90% das proteínas que circulam na faixa das Alfa-1 Globulinas. As Alfa-2 Globulinas incluem a haptoglobina, a alfa-2-macroglobulina e a ceruloplasmina. As Beta globulinas são compostas pelas lipoproteínas (LDL), transferrina, C3 e outros componentes do complemento, beta-2-microglobulina e antitrombina III. As Gamaglobulinas são compostas maioritariamente pela IgG e pelas imunoglobulinas, A,M,D,E e proteína C reativa.

A análise das proteínas totais indica o estado nutricional e pode ser utilizada para despistar e diagnosticar doenças renais, doenças hepáticas e outras tipologias de patologias. Quando os níveis de proteína total são irregulares, devem realizar-se testes complementares para identificar qual das frações de proteínas está alterada, para que se consiga traçar um diagnóstico claro.

No que respeita aos resultados da análise clínica, níveis baixos de proteínas totais alertam para um alteração hepática, renal ou mesmo para uma doença em que as proteínas não estão a ser assimiladas corretamente, como por exemplo, a Doença Celíaca. Níveis elevados de proteínas no sangue podem significar inflamações crónicas, infeciosas e doenças de medula óssea.

Uma baixa relação de Albumina/Globulina pode indicar uma superprodução de globulinas, como no caso das doenças auto-imunes, ou um défice de produção de albumina, como nos casos de cirrose. Uma elevada relação Albumina/Globulina aponta para um défice de produção de imunoglobinas, como nos casos de problemas genéticos e algumas tipologias de leucemias.

Por Germano de Sousa

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