O cancro de mama, revelam os números, é uma doença que atinge sobretudo mulheres. Mas glândulas mamárias estão presentes tanto em pessoas do sexo feminino, como em indivíduos do sexo masculino, embora em menor quantidade nestes últimos. Tal leva-nos a concluir, à partida, que também essas glândulas são propícias a desenvolver cancro de mama.
Em cada 100 casos de cancro de mama, um é diagnosticado num homem. Estudos comparados mostram que a média da idade de dgianóstico da doença no sexo masculino varia entre os 50 e os 70 anos. Em 2013, cerca de 2.240 homens foram diagnosticados com a doença em todo o mundo, revela a associação Breastcancer.org.
Na maioria dos casos a deteção é feita num estádio já avançado, com metástases em outras partes do corpo, o que pode dificultar o tratamento.  
Vergonha entre causas do diagnóstico tardio
O principal motivo para um diangóstico tardio, apontam especialistas, é o preconceito e a falta de conscientização sobre a importância de exames de rotina. O que para o homem passa desapercebido por ser um caroço indolor na auréola, ou seja, na região em torno do mamilo, pode ser o início de um tumor. 
Os estudos mais recentes tentam apresentar fatores de risco cada vez mais direcionados que ajudem a perceber o que poderá estar por detrás da origem de determinados tipos de cancro. Recentemente, a Sociedade Americana do Cancro (ACS) estuda os efeitos do exercício físico, dos ganhos e perdas de peso e das dietas neste tipo de tumores. Sabe-se, também, que os fatores de risco no caso do cancro da mama são diferentes entre homens e mulheres, precisamente porque a estrutura da mama em cada um dos sexos é diferente.
Estudos com base nas mutações dos genes BRCA1 e BRCA2 em homens revelam maior probabilidade de desenvolver cancro na próstata, estômago, pâncreas e melanoma, do que na mama. No caso das mulheres, uma mutação nestes genes confere maior probabilidade em desenvolver cancro da mama e/ou do ovário.
Outras investigações tentam perceber até que ponto as variações nos genes podem tornar alguém mais propenso a um cancro. E há numéros: cada variação num gene confere 10% de maiores probabilidades de desenvolver algum tipo de tumor maligno.

Fatores de risco
Idade: quando mais velho, mais hipóteses há de se desenvolver a doença. 
Altos níveis de estrogénio: os homens podem ter altos níveis de estrogénio devido à toma de hormonas, excesso de peso, exposição a estrogénios no meio ambiente, contacto com pesticidas DDT que provocam os efeitos do estrogénio no corpo humano, consumo de álcool que impede o fígado de regular os níveis desta hormona no sangue, ou doença do fígado.

Sindrome klinefelter: Síndrome descrita no homem jovem, que inclui insuficiência testicular por degenerescência e esclerose dos tubos seminíferos com ginecomastia, eunucoidismo discreto, azoospermia e aumento das gonadotrofinas urinárias. Esta doença é responsável pelo aumento da produção de estrogénio, em vez de androgénio.
História familiar: A história familiar pode aumentar o risco de cancro da mama, especialmente se outros homens da família tiveram a doença. Os homens que herdam genes BRCA1 ou BRCA2 anormais têm um risco maior de cancro. O risco de desenvolver cancro de mama aos 70 anos é de aproximadamente 1% com o gene BRCA1 e 6% com o gene BRCA2. Em geral, isso é cerca de 80 vezes maior do que o risco de vida de homens sem anormalidades nos genes do BRCA1 e BRCA2. 
Exposição a radiações: Ter recebeido radioterapia no peito antes dos 30 anos e, particularmente, durante a adolescência, pode aumentar o risco de desenvolver cancro de mama.
Por Nuno de Noronha