Guardar ou não guardar? Se faz parte do grupo cada vez maior de futuras mães que se questionam sobre o que fazer às células estaminais do cordão umbilical, saiba que já existe uma alternativa aos bancos privados.

A finalidade? «Criar um repositório nacional de células estaminais para transplante e investigação científica na área do Transplante e da Medicina Regenerativa», explica Helena Alves, Directora do Centro de Histocompatibilidade do Norte, em entrevista à saber viver. Fomos descobrir como funciona.

Público vs privado

Criado em Julho de 2009, o banco público de células estaminais – Lusocord – tem criopreservadas 4 300 unidades de sangue do cordão umbilical, disponíveis para investigação ou para utilização por qualquer pessoa em caso de doença. Esta é uma das grandes diferenças face aos bancos privados que «armazenam várias unidades para uma hipotética utilização futura no próprio ou num familiar compatível que venha a necessitar», explica Helena Alves acrescentando que «um banco público armazena unidades para tratar vários doentes».

Neste banco, tal como acontece nas dádivas de sangue, quem faz a doação não tem direitos especiais sobre a amostra. No entanto, todos os doentes que necessitem podem recorrer ao banco público português a partir de qualquer parte do mundo, do mesmo modo que os doentes portugueses podem beneficiar das unidades criopreservadas em qualquer banco público do estrangeiro.

As células estaminais

O sangue do cordão umbilical contém células estaminais idênticas às células da medula óssea, que podem ser usadas para transplantes. Actualmente estão a ser utilizadas no tratamento de doenças malignas do sangue como leucemias, doenças do sistema imunitário e em algumas patologias genéticas, sobretudo do sangue e outras doenças raras. Estão em estudo outras formas de aplicação e calcula-se que a probabilidade de um dador beneficiar da amostra recolhida aquando do seu nascimento seja inferior a 0,1 por cento.

Em certos casos, nomeadamente em patologias do foro genético, especialistas acreditam que, em vez das próprias células, devem ser usadas células de outro dador. Daí que quanto mais dádivas forem feitas, maior será a probabilidade de todos os doentes beneficiarem do banco e conseguirem um transplante compatível.

Ser dadora

Qualquer mãe pode ser dadora de sangue do cordão umbilical desde que cumpra alguns requisitos: não ter historial clínico de neoplasias, não ter realizado tatuagens ou piercings recentemente, bem como não ter tido comportamentos sexuais de risco ou consumido drogas.

Depois basta contactar o Lusocord pelas 35 semanas de gravidez, preencher um inquérito com informações sobre o estado de saúde e os antecedentes familiares, sobre a gravidez em curso, os resultados de análises e dar o consentimento por escrito.

«Se tiver condições para ser dadora receberá em casa o kit completo para levar para a maternidade, onde lhe será colhida uma amostra de sangue para análises, o sangue do cordão umbilical e preenchidos os formulários referentes à colheita» informa Helena Alves.

Como funciona

Doar as células do cordão umbilical a um banco público não envolve qualquer tipo de custos. «Se por questões de transporte, nomeadamente a partir dos Açores ou da Madeira, os pais tiverem de pagar o despacho do kit, será feito o reembolso. Para tal, basta pedirem uma factura em nome do Centro de Histocompatibilidade do garante.

Na altura do parto, o pai deverá contactar a transportadora  ou o Lusocord para o envio do kit. «Após a sua chegada procede-se à separação, controlo analítico e congelação das unidades que preenchem critérios de qualidade e segurança biológica», explica. A utilização actual das amostras situa-se entre um a três por cento por ano.

Serviço global
O Lusocord é o único banco público português de células estaminais. Apesar de funcionar no Centro de Histocompatibilidade do Norte, abrange todo o país.

Contactos
Lusocord
Tel. 225 573 470
lusocord@chnorte.min-saude.pt
www.chnorte.min-saude.pt/lusocord.php

Texto: Sónia Ramalho com Helena Alves (directora do Centro de Histocompatibilidade do Norte)

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