Para muitas pessoas, um rosto rosado ou corado é uma experiência normal no ser humano, ocorrendo na maioria dos casos durante um curto espaço de tempo, em especial quando experimentamos emoções fortes como embaraço, stress ou raiva. Contudo, para os 10% da população mundial que sofre de Rosácea, a vermelhidão facial é uma constante e não tem cura.

O que é a Rosácea?

A Rosácea é uma doença de pele crónica, vascular e inflamatória, que afeta cerca de 40 milhões de pessoas em todo o mundo.4 Esta patologia apresenta vários sintomas que oscilam entre períodos de alívio e irritação.

Sintomas primários da rosácea:

• Vermelhidão facial transitória entre diferentes zonas do rosto
• Vermelhidão facial persistente
• Pápulas e Pústulas (borbulhas) no rosto
• Pequenos vasos sanguíneos visíveis no rosto

Sintomas secundários da rosácea:

• Sensação de ardor e desconforto no rosto
• Aspeto seco da pele do rosto
• Espessamento da pele em algumas zonas da face como maçãs do rosto, nariz, queixo e testa
• Irritação ocular e sensibilidade à luz, olhos lacrimejantes
• Inchaço do rosto (causado por acumulação excessiva de fluxo sanguíneo)

Muitas pessoas que sofrem de rosácea negligenciam esta patologia, assumindo que a vermelhidão facial ocorre simplesmente porque têm propensão para corar facilmente ou porque têm uma maior sensibilidade ao sol. Contudo, a vermelhidão facial ou eritema é uma das principais formas de manifestação da rosácea, afetando essencialmente a zona central da face – maçãs do rosto, nariz, queixo e testa.

O tratamento desta patologia é muito importante para os doentes, uma vez que esta afeta significativamente a sua qualidade de vida, desencadeando reações de ansiedade, isolamento, insegurança, fraca autoestima e constrangimento social.

O que é a vermelhidão facial associada à rosácea?

A vermelhidão facial ou eritema é o principal sintoma de rosácea. Esta manifestação tem origem no aumento do fluxo sanguíneo na região da face, que por sua vez dilata os pequenos vasos sanguíneos do rosto que se tornam visíveis à flor da pele. No entanto, a vermelhidão facial é muitas vezes confundida com acne, eczema, alergia ou resultado de uma excessiva exposição solar.

Quais são os principais fatores influenciadores da vermelhidão facial associada à rosácea?

São vários os fatores que contribuem para a dilatação dos vasos sanguíneos do rosto, potenciando reações de vermelhidão facial associada à rosácea.

• Alimentação: Certos alimentos como refeições picantes ou demasiado quentes podem desencadear reações de rosácea.

• Bebidas: Muitas pessoas pensam que a vermelhidão facial está associada ao abuso do consumo de álcool, o que não é verdade. Não obstante, o álcool e as bebidas quentes podem originar reações de vermelhidão facial.

• Exposição solar: Um estudo efetuado no Reino Unido indica que 81% das pessoas que sofrem de rosácea apresentaram a exposição solar como sendo o principal fator despoletador dos seus sintomas de rosácea.

• Temperatura e clima: Climas extremos e grandes diferenças de temperatura, como por exemplo os banhos quentes, podem causar um aumento do fluxo sanguíneo no rosto, resultando em episódios de rosácea.

• Produtos Cosméticos: Certos produtos que contenham álcool ou perfume podem causar irritação na pele do rosto e agravar a rosácea.

• Exercício: O exercício físico intensivo conduz à maior produção de fluxo sanguíneo, levando ao sobreaquecimento do rosto e agravando a vermelhidão.

• Influências Emocionais: Algumas emoções como o embaraço, vergonha, stress ou raiva podem desencadear manifestações de vermelhidão facial.

• Condições Médicas: Outras condições médicas como a menopausa, tosse crónica, tensão alta e alguns medicamentos potenciam reações de rosácea.

Quem sofre mais com rosácea?

A vermelhidão facial associada a rosácea afeta cerca de duas a três vezes mais mulheres do que homens. Contudo, os homens apresentam sintomas de rosácea mais severos do que as mulheres. Isto deve-se essencialmente ao facto dos homens procurarem menos ajuda médica do que as mulheres, consultando os médicos quando a doença já está em estágios muito avançados.

A rosácea manifesta-se predominantemente em adultos entre os 30 e os 50 anos de idade e em indivíduos de pele clara, nos quais o risco de sofrer de rosácea é bastante superior aos indivíduos com a pele mais morena.

Como pode ser diagnosticada a rosácea?

A vermelhidão facial associada à rosácea é muitas vezes negligenciada pelos doentes por falta de conhecimento e informação qualificada, não sendo associada a uma condição médica.

Atualmente não estão disponíveis quaisquer testes de diagnóstico desta patologia. Contudo, um médico dermatologista é perfeitamente capaz de diagnosticar a rosácea a um paciente através de uma análise ao seu histórico médico, indicando qual o tratamento mais adequado para cada doente.

O diagnóstico e tratamento atempados da rosácea são bastante importantes para controlar os sintomas da doença, prevenir a progressão da mesma e, por conseguinte, aliviar o impacto psicossocial que a rosácea tem nos pacientes.

Qual o impacto da vermelhidão facial nos doentes que sofrem de rosácea?

As primeiras impressões são poderosas e afetam a vida das pessoas em vários aspetos, desde entrevistas de trabalho, a primeiros encontros amorosos e interações sociais.

Décadas de estudo confirmam que as primeiras impressões influenciam as nossas opiniões sobre os outros, especialmente a sua aparência física.

O Estudo “Face Values” foi dirigido por um grupo de médicos dermatologistas e psicólogos com os seguintes objetivos de análise:

Fardo Emocional:

Por se manifestar predominantemente na região central da face, afetando diretamente o aspeto físico do doente, a rosácea é considerada uma condição médica preocupante com influências psicológicas e sociais graves. As pessoas diagnosticadas com rosácea são frequentemente alvo de distúrbios emocionais e estigmas sociais, experienciando situações de depressão, ansiedade, isolamento e fraca autoestima.

Estudo Global sobre Rosácea “Face Values”

Um estudo recente realizado em 6.831 adultos, com idades entre os 25 e os 64 anos, provenientes de 8 países, mostrou que pessoas com vermelhidão facial associada a rosácea estão em desvantagem no que diz respeito às primeiras impressões.

De acordo com o estudo, imagens de rostos com rosácea receberam uma avaliação menos positiva em termos de personalidade, quando comparadas com imagens de rostos sem vermelhidão, despertando impressões de menor inteligência, menor confiança, menor segurança e menor sucesso.

Alguns relatórios de autoavaliação de pessoas com rosácea sublinham a preocupação dos doentes com esta condição e com o impacto negativo que esta patologia produz no seu dia-a-dia.

• Perceber como avaliamos as pessoas com base nas primeiras impressões, enquanto avaliação inconsciente.
• Confirmar se a presença de vermelhidão facial associada a rosácea tem impacto nas primeiras impressões que as pessoas retiram da interação com os doentes.
• Avaliar a forma como os doentes de rosácea se sentem nesta condição e como a vermelhidão facial influencia a sua qualidade de vida e o dia-a-dia em termos emocionais e psicológicos.

Quais as conclusões do Estudo “Face Values”?

Os resultados do Estudo “Face Values” demonstraram que as pessoas que sofrem de rosácea não só estão em desvantagem no que respeita às primeiras impressões dos outros sobre si, como também eles próprios avaliam outras pessoas que sofrem da mesma condição de uma forma menos positiva.

Segundo o estudo, 12% da população mundial é afetada por esta patologia, mas apenas 1 em 10 indivíduos recebeu um diagnóstico formal, sublinhando também que 8 em cada 10% das pessoas com rosácea (78%) considera esta uma condição imprevisível e difícil de controlar.

Contudo, aqueles a quem a rosácea fora diagnosticada por um especialista apresentaram os sintomas da doença bastante mais controlados do que os que nunca consultaram um médico, o que conclui que, através do diagnóstico e do tratamento adequado, os doentes de rosácea podem controlar a sua condição, influenciando positivamente as primeiras impressões que os outros têm sobre si.

Relações Sociais:

• Com base nas suas primeiras impressões, as pessoas veem menor probabilidade de ser amigas de pessoas com rosácea, do que de pessoas sem (58% vs. 71%).

• 67% das pessoas com rosácea sente-se negativamente afetada nas suas relações sociais: 36% sente-se desconfortável quando conhece novas pessoas; 23% sente-se envergonhado pelo que a sua família e amigos pensam de si; 32% sente-se observado pelos outros ou foram alvos de piadas e comentários desagradáveis.

Relações Emocionais:

• 77% das pessoas com rosácea sentem emocionalmente afetadas: 37% tem fraca autoestima e autoconfiança; 46% sente-se envergonhado perante o que os outros pensam; 22% sente-se triste e deprimido; 69% estaria disposto a abdicar daquilo que mais gosta para se ver livre da rosácea (44% chocolate, 20% televisão,18% exercício)

• Com base nas suas primeiras impressões, as pessoas veem menor probabilidade das pessoas com rosácea terem uma relação amorosa, do que as pessoas sem rosácea (77% vs. 87%)

• 53% das pessoas com rosácea sente-se afetada nas suas relações amorosas: 19% sente menor confiança na relação; 29% sente-se desconfortável ao namorar; 21% sente-se envergonhado perante o parceiro

Para além disto, o estudo “Facial Values” confirmou também que as pessoas que sofrem de rosácea são vistas pelos outros, nas suas primeiras impressões, como sendo menos saudáveis, menos bem sucedidas, menos confiantes e menos sociais. Neste sentido, as suas relações são afetadas negativamente em termos sociais, emocionais e profissionais:

Relações Profissionais:

• Com base nas suas primeiras impressões: As pessoas veem menor probabilidade de contratar pessoas com rosácea, do que pessoas sem (70% vs. 85%); As pessoas veem menor probabilidade das pessoas com rosácea assumirem cargos de gestão, do que as pessoas sem (43% vs. 61%)

• 63% das pessoas com rosácea sente-se afetada nas suas relações profissionais: #2% afirma sentir falta de confiança durante apresentações em público; 29% sente-se envergonhado perante o que os colegas pensam de si; 27% tem falta de confiança nas entrevistas de trabalho

Existem tratamentos para a rosácea?

Embora a maioria dos cosméticos consiga encobrir os sintomas da vermelhidão facial, não são considerados tratamentos eficazes de longa duração, não tratando verdadeiramente a causa subjacente à vermelhidão facial.

Os doentes de rosácea podem gerir os sintomas da doença ao identificar e evitar determinados fatores influenciadores que agravam os episódios de rosácea. Para tal, os doentes devem consultar o seu médico dermatologista para avaliar o seu tipo de pele e recomendar o tratamento adequado. Normalmente é aconselhado aos doentes lavar o rosto com um produto suave e não abrasivo, isento de álcool e perfume, retirá-lo depois com água tépida, e limpar a face com uma toalha de algodão. Além disso é também
aconselhado a proteção do rosto à exposição solar através do uso de protetor.

Recentemente houve alguns progressos científicos que permitiram desenvolver novos medicamentos que tratam eficazmente o problema da rosácea, estando disponíveis através de consulta a um médico dermatologista.

Por norma, o tratamento inicial envolve evitar os fatores externos potenciadores dos sintomas da rosácea e a adoção de uma rotina de cuidados faciais, de forma a controlar esta condição de imediato. A isto seguem-se, quando apropriado e receitado pelo médico, tratamentos a laser ou luz pulsada ou o uso de medicamentos que ajudam a reduzir os vasos sanguíneos visíveis no rosto e a extensão da vermelhidão.

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