Também designada por doença do beijo, a mononucleose infeciosa é causada pelo vírus Epstein-Barr.

Esta transmite-se pela troca de saliva através do beijo, copos, talheres, por exemplo.

Mal-estar generalizado, febre alta, dor abdominal, gângilos muito inflamados, amigdalite são os principais sintomas que podem denunciar esta patologia.

Para tratar a mononucleose infeciosa recorre-se a paracetamol, ácido acetilsalicílico e glucocorticóides. Para prevenir o contágio, evite o contato com pessoas infetadas. A versão clássica desta patologia também é apelidada de febre glandular. Apesar de apresentar uma taxa de mortalidade diminuta, é provocada por um gamavírus DNA (linfocriptovírus) que pertence ao grupo da herpes. No que respeita ao seu tratamento, são geralmente isolados através da reação de polimerase em cadeia (PCR), dois tipos de vírus da EBV (1 e 2 ou A e B).

O processo de infeção ocorre normalmente por via do contato com a saliva de um indivíduo já infetado. Após esse, o vírus penetra pela orofaringe no tecido linfoide do anel de Waldeyer, ocorrendo uma viremia, um acometimento do sistema linforreticular que perturba o normal funcionamento do fígado, do baço, da medula óssea e dos pulmões.

A sua manifestação pode dar-se de imediato ou só ao fim de alguns dias. Febre, fadiga, mialgias, dores de garganta, cefaleias e sensação permanente de mau-estar são alguns dos sinais que, consoante o grau da infeção, podem alastrar-se durante vários dias, podendo estender-se, nalguns casos, a um período até dois meses. No caso das crianças, esse prazo tende a ser menor.

Nessas situações, a inflamação no anel linfático de Waldeyer e na faringe pode dar origem a um simples eritema até um exudato de coloração branco-acinzentada. Na grande maioria dos casos, encontra-se aumento dos linfonodos  da região cervical, juntamente com uma linfadenopatia generalizada. Em 50% a 75% dos casos, ocorre uma esplenomegalia.

Em 15% a 25% das situações, pode registar-se uma hepatomegalia. Em 95% dos casos, segundo estudos e investigações internacionais, a função hepática é afetada. O aparecimento de um edema palpebral, conhecido como sinal de Hoagland, está presente num terço dos casos. Já o de um exantema ocorre em 3% a 8% das manifestações da doença, prejudicando o normal funcionamento do tronco e da face, bem como das extremidades em ocasiões mais raras.

Em crianças com menos de cinco anos, o quadro clínico pode ser atípico, incluindo situações de diarréia, de pneumonia, de otite média, de bronquite, de epilepsia, de infeção do trato urinário, entre outros sintomas que se apresentam associados com uma hepatomegalia, uma esplenomegalia, uma amidalite, uma faringite e uma linfadenopatia.

O exame de diagnóstico é realizado através da analise do quadro clínico, juntamente como exames laboratoriais confirmatórios.

Como a sintomatologia não é específica, pode facilmente ser confundida com outras doenças. O exame laboratorial é geralmente feito através da deteção do anticorpo contra o vírus EBV.

Esta doença não tem cura, mas o tratamento é feito com recurso a repouso durante um período médio de três semanas. Quando há uma afetação hepática grave, deve-se tratar como se fosse uma hepatite viral aguda. Em certas situações pode ser feito o uso de corticoides.

Quando houver a rutura do baço, deve ser realizada uma cirurgia pra removê-lo. Não é, todavia, recomendado o uso de antibióticos quando não há a manifestação inequívoca de uma infeção bacteriana secundária. Essa avaliação depende da análise do médico especialista que está a acompanhar o caso.

Texto: Fernanda Soares
Revisão científica: Manuel Carmo Gomes (professor associado na Faculdade de Ciências de Lisboa e membro da Comissão Técnica de Vacinação da Direção Geral de Saúde)