“A menopausa é uma fase da vida das mulheres, complexa e multifacetada, que é devida sobretudo à diminuição ou supressão da produção de estrogénios pelos ovários”, assim apresenta o Dr. Augusto Faustino, reumatologista do Instituto Português de Reumatologia, esta fase da vida da mulher que muitas dúvidas e, principalmente, tantos medos suscita.

Um desses temores diz respeito à osteoporose. Será que há uma ligação directa entre menopausa e osteoporose? Será que a primeira traz consigo, quase de forma obrigatória, a segunda? Como fazer frente a estas duras batalhas? Questões que, naturalmente, se multiplicam quando a idade avança e que merecem respostas assertivas e esclarecedoras.

Uma questão de fragilidade óssea

Antes de mais, Augusto Faustino faz um importante alerta: “Não confundir o todo (menopausa) com a parte (osteoporose/perda de massa óssea) e entender a resolução desta última como apenas uma parte, incompleta, da resolução dos problemas globais da menopausa.” Os sintomas reflectem-se em vários órgãos e sistemas, mas, na verdade, na menopausa, o “conjunto largo e abrangente de problemas” tem um denominador comum: a carência estrogénica. Uma fragilidade que afecta, especialmente, o aparelho locomotor nas suas várias facetas: a nível muscular, articular e ósseo. Alterações como maior tensão muscular; agravamento do catabolismo da cartilagem, com progressão das lesões de artrose; desequilíbrio entre a formação e a reabsorção óssea, e mesmo a perda de massa óssea, constituem o mapa sintomatológico que uma mulher pode descrever na menopausa.

Apesar das mudanças fisiológicas que a menopausa inflige, podem identificar-se alguns factores de risco que levam a que nem todas as mulheres tenham a mesma propensão para o problema. Elementos como “baixo índice de massa corporal (menor peso e altura), antecedentes de fractura osteoporótica (fractura de baixo impacto), fractura osteoporótica em familiares directos, toma crónica de medicamentos que aumentem a perda de massa óssea (como os corticosteróides em dose elevada e mantida), consumo de álcool ou tabagismo e existência de doenças crónicas ou metabólicas que se associem com a perda de massa óssea” são alguns dos exemplos referidos por Augusto Faustino.

Da desconfiança ao diagnóstico

A densitometria óssea é o exame solicitado quando um conjunto de indicadores levanta a suspeita de que podemos estar perante um caso de osteoporose. Augusto Faustino explica que “este método faz o diagnóstico da situação, define a sua magnitude e implicação em termos de terapêutica farmacológica e dá uma correlação com o risco de fragilidade óssea e possibilidade de ocorrência de fracturas”.

O especialista em reumatologia esclarece que “a densitometria óssea poderia ser o método de rastreio nesta fase etária, mas, devido aos custos de tal intervenção, não está indicada a menos que existam outros factores de risco clínicos, que aumentem o risco; só depois dos 65 anos, altura em que a idade já constitui por si só um factor de risco suficientemente potente e elevado, se justifica pedir uma densitometria a todas as mulheres”.

O segredo? A prevenção

“A terapêutica farmacológica (com medicamentos) só se justifica se existir osteopénia associada a outros dos factores clínicos de risco fracturário, ou se existir osteoporose instituída”, defende Augusto Faustino, enfatizando o que é mais importante: “Investir em medidas de prevenção da perda de massa óssea, válidas para todas as mulheres, independentemente do seu valor de massa óssea basal e da existência ou não de osteopénia ou osteoporose.”

Os fármacos existem e promovem a redução da reabsorção óssea, contrabalançando as carências de estrogénios, apenas a nível ósseo. No entanto, “a actividade física, o consumo de leite e alimentos ricos em cálcio, a evicção do álcool e tabaco e a toma de terapêutica hormonal de substituição, se não contra-indicada e de acordo com indicação e monitorização médica”, são os verdadeiros “tratamentos” a adoptar, deixando para situações-limite o recurso aos medicamentos.

Texto: Andreia Rasga

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