Não basta ir para a cama cedo e dormir o mínimo de horas recomendado (entre sete a oito) para conseguir o descanso de que necessita.

Produzida pela glandula pineal do cerebro, a melatonina «é o indicador do organismo de que e hora de dormir, tendo duas funcoes essenciais. Uma hipnotica (para fazer dormir) e uma outra cronobiótica (para regular os ciclos de sono)», explica a neurologista Teresa Paiva.

Esta hormona «começa a ser segregada por volta das 20 horas e atinge o seu máximo por volta das quatro da manhã», refere Teresa Paiva. Assim que nasce o dia, «deixamos de a produzir», uma vez que a melatonina é bloqueada pela luz. Segundo a especialista, «há pessoas que não a produzem, o que favorece um sono desregulado, assim como existem casos em que o ritmo de sono está invertido, o que pode ser justificado por um atraso na produção de melatonina».

Como efeito, podem surgir situações de irritabilidade e fadiga, que afetam o bem-estar diário e até interferem no nosso relacionamento com os outros. Um exame (DLMO) permite estudar a curva de produção desta hormona nas primeiras horas da manhã. O tratamento dos atrasos de fase (do sono) é feito com fototerapia com luz ultrabrilhante. Se tem os sonos alterados há, pelo menos, três meses isso afeta o seu dia, deve ir ao médico.

Ajude o organismo

Gestos a que deve recorrer para potenciar o seu descanso:

- Defina uma hora para dormir e cumpra-a, mesmo ao fim de semana.

- A luz brilhante contraria a ação da melatonina: desligue a televisão pelo menos uma hora antes de se deitar.

- Faça refeições a horas, evite alimentos pesados e álcool ao jantar.

- Prepare uma ambiente ameno e sossegado.

- Não tome suplementos de melatonina sem acompanhamento médico.

Texto: Nelma Viana, Rita Miguel e Vanda Oliveira com João Jácome de Castro (médico endocrinologista e secretrário-geral da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia), Luís Romariz (médico especialista em medicina antiaging), Ricardo Gusmão (psiquiatra), Mário Sousa (médico ginecologista), Teresa Branco (fisiologista na gestão do peso) e Teresa Paiva (neurologista)