A mastectomia é uma técnica cirúrgica em que é removida a mama.

Geralmente, a indicação para tal procedimento relaciona-se com o tratamento do cancro da mama.

No entanto, nalgumas situações de risco elevado pode ser uma opção, denominando-se mastectomia profilática.

Determinadas mulheres apresentam um maior risco de contrair a doença devido a certos fatores genéticos (alterações dos genes BRCA1 e 2), denominando-se este tipo de cancro carcinoma familiar (5% a 10% de todos os cancros da mama). Salienta-se, contudo, que a grande maioria das mulheres com mães ou irmãs com cancro da mama, sendo de risco elevado, não têm alterações nesses genes.

Neste tipo especial de cancro da mama colocam-se várias opções de profilaxia, desde a vigilância apertada imagiológica com mamografias digitais e ecografias, complementadas quando necessário com ressonância magnética mamária, às terapêuticas hormonais específicas (Tamoxifeno) e também à realização de mastectomias profiláticas com reconstrução imediata. Não existe, no entanto, consenso internacional sobre o assunto.

A decisão de realizar uma mastectomia profilática deverá caber à doente, dado que ao médico cabe apenas enumerar as diferentes opções com as suas vantagens e desvantagens. Saliente-se que a realização de uma mastectomia não reduz nunca o risco de cancro a 0% dado que, ao realizar uma mastectomia, não é possível retirar todas as células mamárias.

Ao ser retirada uma percentagem apreciável de tecido mamário o risco diminui, mas nunca deve evitar que essa mulher seja vigiada rigorosamente. Quanto às outras mulheres, que não se incluem neste grupo de cancro familiar e que são a grande maioria, a vigilância tanto imagiológica como por um médico senologista (especialista desta área) deve ser mandatória.

Está provado que nos grupos de mulheres que contraíram cancro da mama e este foi diagnosticado em rastreios, a sobrevida foi francamente superior à das mulheres que só foram observadas quando o tumor já era palpável.

Em Portugal realizam-se mastectomias profiláticas em mulheres de alto risco. Nestes casos, convém, contudo, frisar que a vigilância deve manter-se apertada pois, apesar da diminuição do risco, continua a existir a possibilidade de se desenvolver um cancro mamário nas células restantes no leito de mastectomia.

Revisão: José Manuel Moisão (médico especialista em senologia no British Hospital Lisbon XXI)