É uma tarefa instintiva, mas, ao mesmo tempo, um processo de aprendizagem.

Amamentar, como frisa a enfermeira Sandra Lucas, especialista em saúde infantil e pediátrica, «é algo que se aprende e que implica uma adaptação mútua da mãe e do bebé».

O sucesso e a manutenção do aleitamento materno depende, muitas vezes, de cuidados específicos que podem ajudar a contornar eventuais problemas e dificuldades. Neste guia, esclarecemos as principais dúvidas que a inquietam quando chega a hora de amamentar.

A melhor posição

«O posicionamento da mãe e do bebé são determinantes no sucesso e na manutenção do aleitamento materno», alertou Sandra Lucas no decurso de uma conferência sobre cuidados pediátricos realizada pelo projecto formativo Cuidar +.

Existem várias posições adequadas para amamentar o seu bebé, nomeadamente deitada, sentada... «A melhor posição para amamentar é aquela em que a mãe e o bebé estão confortáveis», defende Sandra Lucas. E é este o conselho que deve seguir. Mas, atenção: há cuidados importantes quanto ao posicionamento que deve ter em conta:

Posicionamento da mãe

- Mantenha as costas direitas.

- Se estiver sentada, deve ter os pés bem apoiados.

- Use almofadas para elevar o bebé.

Posicionamento do bebé

- O bebé deve estar em contacto com a mãe (barriga com barriga).

- A cabeça, os ombros e o corpo do bebé devem estar bem alinhados.

- O nariz do bebé deve estar de frente para a barriga.

E como pode perceber se o seu bebé está efectivamente a sugar o leite? Depois de ler as dicas que se seguem, vai ser mais fácil.

Sinais de boa pega:

- A boca do bebé deve estar bem aberta com grande parte da aréola dentro da boca.

- O queixo deve estar junto à mama e o lábio inferior virado para fora.

- As bochechas devem apresentar-se arredondadas.

- A mãe deve conseguir ouvir o leite a ser deglutido pelo bebé.

- No início da mamada, o bebé suga com movimentos curtos e rápidos, passando posteriormente a movimentos mais lentos.

Por vezes, o bebé não se adapta bem à mama e pode não estar a
alimentar-se correctamente. É essencial que consiga perceber quando o
bebé não está a sugar o leite devidamente. Esteja atenta aos sinais:

Sinais de uma má pega:

- A boca do bebé verifica-se pouco aberta e a aréola não se encontra dentro da boca.

- O queixo do bebé não chega a tocar na mama.

- O lábio inferior não se encontra revirado.

As consequências

Uma má pega traz consequências para o bebé e para a mãe. Quando o bebé
não se adapta bem à amamentação, podem surgir fissuras nos mamilos,
devido à má pega ou ingurgitamento mamário, situação frequente quando o
bebé não faz uma mamada completa e o leite não é totalmente esvaziado. Além disso, uma má pega deixa geralmente o bebé insatisfeito, situação
que o faz chorar mais e, o mais importante, não proporciona uma refeição
completa ao recém-nascido. O bebé não ingere as quantidades de leite
necessárias, o que poderá traduzir-se na estagnação do seu crescimento.

«Todos estes factores geram uma grande ansiedade no seio da família, os
pais não sabem o que fazer e, por vezes, a mãe acaba por abandonar a
amamentação», reconhece a enfermeira Sandra Lucas. Mas, nem tudo está
perdido. Há métodos eficazes para extrair e conservar o leite materno. Esta é
também uma boa alternativa para alimentar o bebé, na ausência da mãe.
Pois, como frisa a enfermeira, «a vida continua e a mãe tem que
regressar à sua rotina habitual».

Quando extrair o leite?

1. Quando o bebé não consegue esvaziar a mama.

2. Quando a mãe está ausente.

3. Quando o bebé está hospitalizado.

O leite materno pode ser extraído manualmente ou através de bombas
próprias que pode encontrar em farmácias ou lojas especializadas.


5 regras que deve saber

1. O leite materno deve ser recolhido e conservado num recipiente
próprio para alimentos (de vidro ou de plástico). Existem vários
dispositivos no mercado próprios para o efeito: sacos de plástico
selados e vários tipos de biberões.

2. Deve rotular o dispositivo onde conserva o leite com o dia e a hora em que é feita a recolha.

3. Use o leite de acordo com a ordem em que foi retirado (primeiro, use o leite mais antigo).

4. Quando for necessário transportar o leite, deve usar uma mala térmica para o efeito.

5. O tempo de conservação varia consoante o método que utilizar (frigorífico, congelador ou arca).

A conservação do leite

Método: Temperatura ambiente 25ºC

Tempo de conservação: 6 a 8 horas

Método: Frigorífico (0 e 4º C)

Tempo de conservação: 1 semana

Método: Frigorífico e congelador (1 porta)

Tempo de conservação: 2 semanas

Método: Frigorífico e congelador (combinado)

Tempo de conservação: 3 a 6 meses

Método: Arca frigorífica (-19ºC)

Tempo de conservação: 6 a 12 meses

Para descongelar ou aquecer o leite materno pode também optar por
diferentes métodos. Pode descongelar o leite gradualmente no frigorífico
ou usar água corrente morna, de forma a favorecer o descongelamento.
Depois de descongelado, o leite deve ser usado em 24 horas. Para aquecer
o leite, pode fazê-lo com água quente corrente ou em banho-maria. Atenção, nunca use o microondas nem deixe ferver o leite, para não alterar a sua constituição nutricional.

O papel do pai

Nesta fase, o apoio familiar é essencial. O pai assume um papel
importante no apoio emocional da mãe durante este novo processo de
aprendizagem que é a amamentação.

Como pode então o pai apoiar a mãe?
São cuidados simples que podem fazer a diferença.

De acordo com a enfermeira Sandra Lucas, o pai também deve estar presente na hora de amamentar para:

- Encorajar a mãe, elogiando-a.

- Ajudar no posicionamento da mãe.

- Acariciar o bebé.

- Colocar o bebé para arrotar.

- Trocar a fralda do bebé.

No dia-a-dia, há outras tarefas em que o pai também pode ajudar,
nomeadamente na realização de tarefas domésticas ou na gestão das
visitas.

Para saber mais sobre as formações dadas pela Cuidar +, clique aqui.

Texto: Sofia Cardoso com Sandra Lucas (enfermeira especialista em saúde infantil e pediátrica)