Acontecem, por definição, quando ingerimos alimentos contaminados com certos microrganismos.

De acordo com Jorge Canena, gastrenterologista, a intoxicação  alimentar «provoca náuseas, vómitos, diarreia, mal-estar, febre e dor abdominal». Porém, isto não significa que todos estes sintomas apareçam sempre e em  simultâneo.

O grau de emergência varia consoante «o tipo de agente que provocou a intoxicação, a  quantidade de alimentos que foi ingerida e a resistência de cada um de nós ao  microrganismo», acrescenta. Mas, a nível geral, quanto mais alimentos contaminados ingerir, pior vai ser o seu estado.

Como atuar em situações de emergência

Face às queixas associadas a uma intoxicação alimentar, a pessoa tem de avaliar se deve ou não procurar ajuda médica. Jorge Canena ressalva que «uma  gastroentrite é considerada grave quando os sintomas são intensos, há desidratação e a pessoa não consegue comer nem beber nada».

Nesses casos deve procurar o médico de família ou deslocar-se até ao hospital. Se for  necessário ficar internado, em média, «o internamento dura entre 24 a 48 horas, quando se tratam de jovens e adultos saudáveis», acrescenta. Regra geral, uma semana depois a pessoa já está recuperada e, «com algum bom senso, pode voltar aos poucos à dieta antiga» explica.

Os culpados

Os principais tipos de agentes dividem-se em quatro grandes grupos: as bactérias, os parasitas, as toxinas e os vírus. As primeiras podem aparecer «em ovos e derivados, peixe e carne (congelados e descongelados) ou mariscos», ilustra Jorge Canena. Os parasitas encontram-se, muitas vezes, presentes em águas contaminadas.

Já as toxinas são «bactérias que não atuam por elas mas produzem as próprias toxinas, tal como acontece no caso dos enlatados  estragados (sardinhas ou atum) e produtos que ultrapassem o prazo de validade». Os vírus, que não crescem na água nem nos alimentos, «podem ser apanhados como a gripe e instalam-se no corpo, provocando as chamadas gastroenterites  virais», explica Bento Charrua, gastrenterologista.

Crianças e idosos

Existem pessoas mais suscetíveis a ter intoxicações alimentares do que outras. As crianças e os idosos fazem parte da franja da população que deve ter particular cuidado com o que ingere.

As especialistas em engenheria alimentar, Maria Margarida Saraiva e Cristina  Belo Correia apontam um grupo designado por YOPI’s (Young, Old, Pregnant and Immunocompromised Patients), que se refere às pessoas que estão mais propensas a terem intoxicações alimentares.

«O aumento da sensibilidade é influenciado, entre outros fatores, pela idade, estado imunitário, doença debilitante subjacente, stress, estado fisiológico, baixa acidez gástrica, estado nutricional e ação medicamentosa», dizem. Nestes casos, o internamento hospitalar «pode ser prolongado», adverte Jorge Canena.

Durante a intoxicação alimentar

Enquanto a intoxicação alimentar durar não deve optar por alimentos ricos em  gorduras, demasiado condimentados e, sobretudo, ingira porções pequenas, «já que a comida constitui um estímulo para ir à casa-de-banho e, por isso, não deve ser ingerida em grandes quantidades», explica este gastrenterologista.

Contudo, é fundamental continuar a comer porque as tais pequenas doses trazem  «aportes energéticos ao organismo». Da dieta devem fazer parte essencialmente carnes e peixes grelhados, batata cozida, arroz, pão ou tostas. «Em relação à fruta, opte pela banana, um bom produto antidiarreico (e fonte de potássio),  deixando de parte kiwis ou ameixas que apenas aceleram o trânsito intestinal, tal como os legumes e verduras, que deve mesmo evitar», aconselha. Entre os líquidos proibidos destacam-se o leite, o álcool e o café.

Regras de ouro

«Os microrganismos patogénicos e/ou as suas toxinas, podem não alterar o  aspeto e sabor dos alimentos», explicam Maria Margarida Saraiva e Cristina  Belo Correia.

Por isso, deve sempre lembrarse que os alimentos «muito manipulados e mantidos a temperaturas não seguras são os mais implicados em  surtos de toxinfecção alimentar. Há que cumprir não só os prazos de validade como os tempos e normas de  confeção e conservação», acrescentam.

O gastrenterologista Jorge Canena  refere outras formas de proteger o organismo, especialmente durante os meses de verão, nomeadamente «só beber água engarrafada, evitar gelo em locais desconhecidos e evitar as comidas de rua e nunca comprar produtos com aspeto duvidoso» e cuja origem desconheça.