Calcula-se que 25 a 30% das mulheres entre os 20 e os 40 anos desenvolvam infecções urinárias em alguma altura da sua vida. A parte pior é que muitas delas podem desenvolver episódios recidivantes.

As infecções urinárias resultam da invasão e multiplicação de bactérias na urina e respectiva inflamação da bexiga e/ou nos rins. Podem ser complicadas ou não-complicadas.

Nas complicadas, existem factores de agravamento (imunodepressão, diabetes, abuso de analgésicos e múltiplas doenças urológicas) que colocam em risco os rins e a sua função ou a própria vida. Também as infecções provocadas por micróbios que provocam cálculos renais são consideradas complicadas.

As não-complicadas podem causar sintomas desagradáveis e eventualmente severos, mas não são graves em termos de risco renal ou de vida.

Podem também ser agudas, crónicas ou recorrentes, neste caso com duas hipóteses: por recaída (o mesmo micróbio que provocou a primeira infecção ficou apenas adormecido com a terapêutica instituída e volta a acordar pouco tempo depois) ou por reinfecção (um micróbio independente da primeira infecção, já curada, invade o aparelho urinário pouco tempo depois).

Quais são as causas?

A infecção urinária é causada por bactérias que se encontram ao nível do recto, ânus, vulva e vagina e que penetram ascendentemente (através da uretra) no aparelho urinário. Escherichia coli, proteus mirabilis, pseudomonas, enterococus e klebsiella são as bactérias mais frequentes no desenvolvimento deste tipo de infecção.

Apesar da uretra e da bexiga estarem munidas de mecanismos de defesa, existem hábitos e doenças que os prejudicam ou estimulam a agressividade das bactérias.

Entre eles destacam-se a fraca ingestão de líquidos, o esvaziamento vesical incompleto e pouco frequente, doenças que provoquem obstrução urinária e certos tratamentos agressivos com invasão do aparelho urinário ou alteração da flora microbiana periuretral.

Quais os sintomas?

Os sintomas de infecção urinária variam de pessoa para pessoa e conforme o tipo de infecção que a afecta.

Se a bexiga for o órgão atingido, a infecção denuncia-se através do desconforto ou peso no baixo ventre, dor e ardor ao urinar, micção mais frequente e em pequenas quantidades, por vezes com dificuldade e urina turva (pode cheirar mal). Raramente há febre.

Se o rim for o órgão atingido, a pessoa tende a sentir dor na região lombar que pode simular cólica e febre elevada.

Na mulher grávida, as infecções urinárias são mais frequentes e muitas vezes, na sua fase inicial, não apresentam sintomas. Podem ter consequências graves para a mãe ou para o feto.

No homem, desconforto na região do baixo ventre, dificuldade e ardor ao urinar e aumento da frequência das micções, com urina turva. Muitas vezes há febre elevada, arrepios e dores no corpo.

Em bebés ou crianças, verificam-se sintomas vagos como falta de apetite, atraso no desenvolvimento, febre baixa e irritabilidade anormal.

Quem corre maior risco?

Geralmente, são as mulheres que mais sofrem de infecções urinárias, sobretudo devido ao comprimento da uretra. A feminina mede cerca de 3 a 4 cm e a masculina 10 a 15 cm, pelo que está, naturalmente, mais protegida.

Para além disso, há uma maior incidência em jovens adultas sexualmente activas já que, durante as relações sexuais, com a massagem da uretra, as bactérias são empurradas para a bexiga.

Após a menopausa, também se verifica uma maior incidência por causa do menor nível de estrogénios e consequente diminuição da mucosa vulvar, vaginal e ureteral, barreiras naturais à invasão de bactérias.

Existem dois tipos de tratamento para as infecções urinárias:

Tratamento antimicrobiano (antibiótico):
É escolhido em função da bactéria em causa e do historial clínico do doente.

Tratamento urológico: Faz a drenagem e a remoção de factores predisponentes, de manutenção e de agravamento.

Como prevenir as infecções urinárias?

Eis alguns passos que pode seguir para evitar este tipo de infecção:

  • Aumente a ingestão de líquidos e de alimentos que contenham água (fruta e vegetais).
  • Urine regularmente ao longo do dia, pois facilita a eliminação das bactérias que possam existir na bexiga e perto do meato urinário.
  • Faça a sua higiene da frente para trás, de forma a evitar que as bactérias sejam deslocadas do ânus para a zona do tracto urinário.
  • Aconselha-se a micção após as relações sexuais, porque facilitará a eliminação de bactérias que possam ter migrado para a bexiga.
  • Alimente-se correctamente. As pessoas cuja mucosa da bexiga é sensível devem evitar o consumo de café, citrinos, bebidas alcoólicas e comidas muito condimentadas.

Texto: Madalena Alçada Baptista
Revisão científica: Dr. Tomé Lopes (vice-presidente da Associação Portuguesa de Urologia)